Divulgação: Cocal
Produzido a partir do processo de biodigestão de matéria orgânica pela ação de bactérias, o biometano pode ser extraído de resíduos em geral, como o lixo urbano e resíduos agrícolas.
Contudo, seu potencial para produção em larga escala está no setor sucroenergético. Com o material orgânico disponível nas usinas, as estimativas da Abiogás apontam que o Brasil poderia produzir 57,6 milhões de m³ por dia de biometano.
As usinas têm grande oferta de material para a produção do biometano, resultante do processo da cana para produção de açúcar e etanol. Com a tecnologia disponível hoje, são utilizados dois resíduos principais: um líquido, chamado de vinhaça, e um sólido, a torta de filtro.
Se, no passado, as usinas investiram em cogeração de energia elétrica a partir do bagaço da cana, agora o movimento do futuro é o biometano. E isso tem uma razão de ser. O setor sucroenergético opera como uma cadeia de economia circular, ou seja, planta-se a cana, dela se extrai o açúcar e o álcool, os resíduos restantes são devolvidos para o solo como fertilizantes orgânicos e o processo recomeça.
Para produzir o biometano, basta introduzir mais um elo nessa cadeia: antes de virar fertilizante, o resíduo passa pelo processo de biodigestão para gerar biometano.
Toda usina, portanto, já tem matéria-prima para produzir esse biogás. É necessário apenas implementar o processo intermediário para coletá-lo antes de direcionar esse material como fertilizante orgânico.
Produção a todo vapor
Duas usinas do Ecossistema Copersucar já estão produzindo em escala o biometano. Uma delas é a Cocal, de Narandiba, oeste do Estado de São Paulo. A primeira planta da usina dedicada ao biometano entrou em atividade no final de 2021, neste município.
“O setor bioenergético tem um papel de protagonista na transição energética brasileira. Por isso, há cerca de dez anos, iniciamos um planejamento estratégico voltado para a economia circular com a produção do biogás. Esse nosso modelo engloba sustentabilidade, aproveitamento dos nossos resíduos e explora todo o potencial da nossa cana-de-açúcar”, diz André Gustavo Silva, diretor comercial e de novos produtos da Cocal.
Com investimento de R$150 milhões, essa planta tem uma capacidade de produção de até 25 mil metros cúbicos de biometano por dia durante a safra. A segunda planta da Cocal dedicada a essa produção está a caminho, desta vez em Paraguaçu Paulista (SP), com investimento de R$216 milhões e capacidade de produção de até 60 mil metros cúbicos de biometano por dia durante a safra.
“Nesta segunda planta utilizaremos novas fontes como matéria-prima na produção do biogás, além da vinhaça e torta de filtro. Estamos testando a palha e bagaço da cana-de-açúcar, e também vamos utilizar esterco animal e outros resíduos urbanos”, explica Silva.
Baixo carbono no campo
Todos esses números explicam o papel estratégico que o biometano representa para a descarbonização e a transição energética. Especialmente porque essa é uma fonte que tem uma ampla gama de aplicações, emitindo 90% a menos de intensidade de carbono do que o diesel em veículos.
No campo, por exemplo, pode substituir o óleo diesel hoje usado largamente em caminhões e equipamentos. Sem contar os biofertilizantes, subproduto dessa produção, que pode substituir fertilizantes químicos.
“Atualmente, cerca de 95% dos hectares de produção da Cocal já recebem ao menos um biofertilizante, suprimindo o uso dos fertilizantes químicos. Isso promove a redução de custos e das emissões de carbono”, diz Silva.
CNN
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