Israel realizou quatro eleições entre 2019 e 2021 até que, em junho de 2021, foi formada uma coalizão única na história de Israel, composta por partidos de direita, centro, esquerda e, pela primeira vez, um partido árabe, para encerrar os 12 anos de Benjamin Netanyahu como chefe de governo. O acordo de coalizão previa um rodízio entre os dois líderes à frente do Executivo e a possível substituição de Bennett por Lapid em caso de dissolução do Parlamento. “Naftali Bennett coloca os interesses do país à frente de seus interesses pessoais”, disse Lapid, que já deveria ser primeiro-ministro durante a visita do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em 13 de julho, sua primeira a Israel desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2021. “Ele é um líder corajoso e inovador e não tenho dúvidas de que terá seu lugar na liderança do Estado nos próximos anos”, acrescentou.
A coalizão Bennett-Lapid teve que enfrentar a questão da renovação da lei sobre os colonos, que permite que as leis israelenses sejam aplicadas aos mais de 475.000 colonos israelenses que vivem na Cisjordânia ocupada. O texto, em vigor desde o início da ocupação israelense da Cisjordânia, em 1967, é ratificado a cada cinco anos pelo Parlamento, mas a oposição, que apoia majoritariamente essa lei, conseguiu em 6 de junho reunir a maioria dos votos contra a renovação do texto, esperando mostrar as tensões internas da coalizão. A lei tinha que ser renovada antes de 30 de junho, ou os colonos israelenses na Cisjordânia perderiam sua proteção legal. No entanto, se a Câmara fosse dissolvida, a lei seria prorrogada automaticamente.
“Com a expiração dessa lei, Israel se arriscava a enfrentar problemas graves de segurança e um caos jurídico. Não podia aceitá-lo”, disse Bennett, líder do grupo de direita radical Yamina, para justificar a dissolução do Parlamento. Nas semanas anteriores a essa votação, a coligação já havia perdido a maioria, com a saída de uma deputada do partido Yamina. Desde a votação, outro membro do partido de direita, Nir Orbach, ameaça deixar de apoiar o governo.
Nesse contexto, a oposição liderada pelo ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção em uma série de casos, ameaçou apresentar um projeto de lei para dissolver o Parlamento no próximo dia 22. Mas a coalizão quis tomar a iniciativa e pediu a dissolução do Parlamento, que, se aprovada, levará a novas eleições em 25 de outubro, segundo a imprensa local. As pesquisas mais recentes continuam situando o Likud, partido de Netanyahu (direita), na liderança das intenções de voto, mas sem ultrapassar o limite da maioria (61 deputados dos 120 no Parlamento) juntamente com seus aliados dos partidos ultraortodoxos e da extrema direita.
JOVEM PAN
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