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terça-feira, 19 de julho de 2022

Faltam medicamentos básicos na rede pública e em farmácias no RN

 


Medicamentos básicos, como novalgina, dipirona, amoxicilina e até mesmo soros, estão em falta na rede pública municipal e nas prateleiras das farmácias potiguares. É o que apontam Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do RN (Sincofarm) e Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RN (Cosems), que temem que o desabastecimento causem mais transtornos à população. No cenário nacional, a cada dez cidades, oito relatam falta de remédios, segundo mostra uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM).

De acordo com o diretor do Sincofarm, Leandro Alencar, o cenário de escassez vem persistindo desde janeiro deste ano. A alta procura em períodos de surtos alternados de gripe, covid e arboviroses é um dos motivos para o desabastecimento nas farmácias. Quem precisa de um antibiótico, antialérgico ou antigripal tem cada vez mais dificuldade de encontrar os medicamentos nas prateleiras. “Isso vem acontecendo o ano todo. Algumas remessas chegam em pequenas quantidades, porém existe uma falta muito grande”, comenta.

É assim com a Novalgina Infantil e com o descongestionante nasal Nasoar, diz a farmacêutica Horrana Belo. “Tem sido assim há alguns meses já, hoje eles estão em falta e a gente não tem perspectiva. Depende dos fornecedores. Chegaram algumas remessas de poucas unidades, mas acaba muito rápido. Dipirona xarope também não tem. O Allegra D, que é um antialérgico, e o Allexofedrin, que o pessoal procura demais, também estão em falta. Há um tempo chegou uma carga de Nasoar, mas voou, acabou muito rápido. A novalgina e dipirona xarope faz muito tempo que sequer vem”, relata.

Leandro Alencar diz ainda que o desabastecimento de remédios rotineiros, que dispensam prescrição médica, tem impacto significativo para a população geral. “O prejuízo é direto para esse consumidor, que costumava fazer determinado tratamento com algum desses remédios”, afirma. Nestes casos, uma alternativa pode ser buscar orientação farmacêutica ou médica para uma possível substituição dos ativos. “É o que a gente tem orientado aos clientes. Buscar um outro medicamento com eficácia semelhante ou até igual. No caso dos antibióticos, a orientação é voltar ao médico para consultar sobre a substituição”, complementa.

A farmacêutica Ana Lídia, que trabalha em uma rede de drogarias, diz que antes de recomendar a substituição faz uma busca no sistema da rede para verificar se há disponibilidade do medicamento procurado em outras lojas. “É um procedimento que fazemos. As substituições a gente só consegue fazer quando é um medicamento de referência, que a gente troca por um genérico. Se for um antibiótico, a gente entra em contato com o médico, informa o que tem na farmácia e aí ela tem que voltar lá para prescrição”, explica.

De acordo com a presidente do Cosems Maria Eliza Garcia, a escassez é motivada pela alta procura e a falta de matéria-prima no mercado. “Os dois principais são esses. Principalmente nesse período de arboviroses, a procura aumenta muito, a indicação também, a produção foi afetada por causa do preço de produção, onde Ministério da Saúde publicou uma portaria baixando os preços de custo e a gente espera que isso seja resolvido em breve”, destaca Garcia.

Na rede pública, a falta da dipirona monoidratada, um dos medicamentos mais utilizados para alívio de febre e dor, é a que mais preocupa, diz Maria Eliza Garcia, presidente do Cosems. “Como a dipirona é tabelada, os produtores não estavam querendo mais produzir porque estava dando prejuízo. Isso é um fato, a gente tem ciência, no Brasil todo. A questão hospitalar já está tendo problemas por causa da dipirona. Só estamos conseguindo comprar não mais com preço de licitação porque os valores aumentaram devido a procura. A situação é preocupante”, detalha.

Além da dipirona, os baixos estoques de soro fisiológico e glicosado também afetam exames e procedimentos médicos. O soro fisiológico é utilizado para limpeza de ferimentos, nebulizações e infusões na veia nos casos de diminuição de líquidos ou sal no organismo, já o glicosado é usado como fonte de água, calorias em casos de desidratação ou reposição calórica, por exemplo.

“Isso [a falta de soro e dipirona] é o que mais reflete no atendimento. O soro nos preocupa por causa da falta de matéria-prima dos frascos, que vem da China e estava tendo esse problema e ainda está. Realmente há deficiência no estoque de soro fisiológico e glicosado”, destaca a presidente do Cosems, que está fazendo um levantamento detalhado dos medicamentos em falta nas redes básicas de saúde dos municípios do Rio Grande do Norte.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE tentou averiguar os estoques das unidades básicas de saúde de Natal, mas as direções só se pronunciam por meio da Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS), que, por sua vez, não se manifestou após ser procurada. 

Secretarias de saúde enfrentam dificuldades

Em comunicado, o Ministério da Saúde disse que desde o fim de março de 2022 tem recebido demandas de secretarias de Saúde, associações de pacientes e conselhos de secretarias de Saúde (Conasems e Conass) sobre o risco de desabastecimento e/ou falta de alguns medicamentos. A pasta informou que tem mobilizado ações para identificar as causas do problema.

Um levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) identificou que no mês de maio, de maneira geral, as secretarias estaduais registraram processos licitatórios desertos ou fracassados para a compra de remédios de forma recorrente. A justificativa dada pelos fornecedores foi a alta nos custos de produção.

Em uma reunião da Saúde com membros da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) ficou definida a aprovação para suspender o preço máximo de aquisição de medicamentos classificados como de “risco de desabastecimento” por meio da Resolução CM-CMED nº 7.

A 1ª fase da liberação dos critérios de preços engloba cinco medicamentos tipos como de maior preocupação de desabastecimento: dipirona, sulfato de amicacina, aminofilina, cloridrato de dopamina, imunoglobina humana e sulfato de magnésio. Maria Eliza Garcia, do Conasems, acredita que a medida deverá ter efeito positivo nos próximos 40 dias no Estado. “A dipirona nesse momento de arbovirose, realmente é a principal, mas acreditamos que daqui a quarenta dias isso deva melhorar. Esperança a gente sempre tem”, acrescenta.

Oito a cada dez municípios registram falta de remédios

Levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) feito com 2.469 prefeituras mostra cenário do desabastecimento de medicamentos nas cidades. A pesquisa constatou que mais de 80% dos gestores relataram sofrer com a falta de remédios para atender a população.

A CNM sugeriu às prefeituras que alegaram problemas na insuficiência de medicamentos para elencar os tipos de remédios da lista básica de uma listagem preestabelecida na pesquisa. Nesse contexto, a falta de amoxicilina (antibiótico) foi apontada por 68% (1.350) dos Municípios que responderam a esse questionamento. A ausência de Dipirona na rede de atendimento municipal (anti-inflamatório, analgésico e antitérmico) foi apontada por 65,6%, ou 1.302 cidades.

A Dipirona injetável esteve na resposta de 50,6% e a Prednisolona, utilizada no tratamento de alergias, distúrbios endócrinos e osteomusculares e doenças dermatológicas, reumatológicas, oftalmológicas e respiratórias, foi destaque por 45,3%. A maioria dos gestores (44,7%) informou que a falta dos medicamentos se estende entre 30 e 90 dias, enquanto 19,7% relataram o problema ser crônico pelo fato de o desabastecimento se estender por mais de 90 dias.

TRIBUNA DO NORTE


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