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sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Rússia ameaça destruir satélites ocidentais usados na guerra




Em meio aos constantes ataques da Rússia contra infraestruturas críticas da Ucrânia, um alto funcionário de Moscou levantou a possibilidade de Moscou destruir satélites comerciais do Ocidente que estão sendo utilizados na guerra. Ao mesmo tempo, o presidente Vladimir Putin escalou ontem o tom contra os países ocidentais em um raro discurso público. Putin acusou as nações ocidentais, em especial os Estados Unidos, de quererem a dominação mundial e utilizar a Rússia como a ferramenta. Segundo ele, Moscou está apenas defendendo seu direito de existir.

Konstantin Vorontsov, vice-diretor do departamento de não-proliferação e controle de armas do Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse ao Primeiro Comitê das Nações Unidas que os Estados Unidos e seus aliados estariam utilizando o espaço para impor sua dominação, segundo reportou a agência Reuters. De acordo com o alto funcionário, satélites comerciais do Ocidente podem se tornar alvos legítimos da Rússia se estiverem envolvidos na guerra.

“A infraestrutura quase civil pode ser um alvo legítimo para um ataque de retaliação”, disse ele. “Estamos falando do envolvimento de componentes da infraestrutura espacial civil, inclusive comercial, pelos Estados Unidos e seus aliados em conflitos armados”.
Ele não citou nenhum satélite ou empresa específicos, mas recentemente o empresário Elon Musk ameaçou cortar seus satélites da Starlink, da Space X, da Ucrânia por dificuldade de financiamento. Musk chegou a enviar um carta ao Pentágono pedindo que o governo assumisse o serviço que é essencial para os soldados ucranianos se comunicarem na guerra. O empresário voltou atrás depois da repercussão negativa da fala.

Além do uso para comunicação, serviços de inteligência, analistas independentes e a imprensa utilizam imagens fornecidas por satélites para analisar a situação no campo de batalha, prever futuros movimentos russos e verificar possíveis crimes de guerra em locais ocupados.

A fala foi feita enquanto a Rússia amplia seus ataques a infraestruturas essenciais da Ucrânia, como energia, utilizando especialmente os chamados drones kamikaze do Irã. Os recentes ataques têm levado Kiev a programar apagões para poupar energia.

Enquanto o funcionário ampliava as ameaças contra a ajuda ocidental à Ucrânia, o presidente russo fez um discurso contundente contra os países do que ele classificou “auto intitulo Ocidente”. Putin acusou os EUA e demais aliados da Otan de escalarem o conflito com o objetivo de dominar os demais países.

“Fizeram pressão em nossas fronteiras, e para que? O objetivo era pressionar a Rússia e transformar a Rússia em ferramenta para atingir seus objetivos de dominação”, declarou Putin durante seu discurso anual no Valdai Discussion Club, instituto de pesquisa afiliado ao Kremlin, que reúne acadêmicos, diplomatas e políticos desde 2004. “Ninguém quer ser uma ferramenta. Sanções são impostas a elas [...] E no fim, se eles não tiverem sucesso, o objetivo principal é destruir. Mas isso não aconteceu com a Rússia e nunca vai acontecer”.

Várias vezes, o presidente acusou a Otan de querer impor uma única cultura, poder e dominação sobre os demais países, em um aceno para outras nações como China, Irã e regiões como África e América Latina. Em suas palavras, a Rússia está oferecendo uma alternativa de sociedade que não a ocidental. “A Rússia não está desafiando, mas simplesmente defendendo seu direito de existir. A Rússia não quer ser uma nova potência, simplesmente quer um mundo multipolar.”

“O Ocidente deu vários passos em direção à escalada e eles estão sempre tentando escalar. Não há nada de novo aí. Eles estão alimentando a guerra na Ucrânia, organizando políticos em torno de Taiwan, desestabilizando os mercados mundiais de alimentos e energia”, disse, colocando a Rússia como amiga de outras nações que apontou ser “as minorias” do mundo.

“Domínio do mundo é precisamente o que o Ocidente decidiu apostar neste jogo. Mas este jogo é perigoso, sujo e sangrento. Ele contesta a soberania dos povos e nações, sua identidade e singularidade e não tem qualquer consideração pelos interesses de outros países.”

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