Foto: Hugo Barreto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) costuma criticar pessoas que “vivem de dividendos“. Na última terça-feira (16/7), o chefe do Executivo federal conversou com empresários no Palácio do Planalto e disse que é preciso “apostar na capacidade produtiva” em vez de buscar o rendimento proveniente de investimentos em renda variável.
A prestação de contas do presidente de 2022, que consta no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostra, no entanto, que Lula se preocupa em investir o dinheiro dele e obter rendimentos, embora de maneira diferente do lucro pago por empresas de capital aberto.
Só em VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), Lula tem R$ 5,5 milhões investidos. O VGBL é um plano de aposentadoria privada que tem alíquota de tributação do Imposto de Renda inicial de 35%. Após 10 anos, esse percentual cai para 10% – um dos menores do mercado.
Em aplicações em renda fixa, CDB, RDB e outros, Lula mantinha, no ano das eleições, R$ 185,7 mil aplicados, além de ter declarado imóveis e dinheiro na caderneta de poupança.
Ao dar a declaração aos empresários, com áudio divulgado por sua assessoria, Lula afirmou: “Esse país precisa parar de ter gente vivendo de dividendos e ter gente vivendo de trabalho, de geração de emprego, de geração de renda, porque é isso que faz a economia girar”.
Investimentos
Para uma pessoa “viver” de dividendos ou recebê-los, é preciso investir em empresas, ações ou Fundos de Investimento Imobiliários, conhecidos por FIIs. Esses papéis são de empresas.
Os dividendos pagos aos acionistas são a parcela do lucro líquido que uma empresa de capital aberto distribui. O grande questionamento é que os dividendos vêm livres de tributação, pois as empresas detentoras das ações já pagam seus impostos. Quem recebe esse lucro, porém, não paga.
A Petrobras, por exemplo, distribui a seus acionistas parte do lucro que obtém. O lucro é um resultado positivo da empresa, depois de descontados os custos.
Ou seja, enquanto alguns investem em empresas para obter parte do lucro, Lula optou por investir seu dinheiro, R$ 5,5 milhões, em uma aplicação que também lhe remunera, mas por meio de juros e do pagamento de um plano de previdência. No caso do CDB, ele recebe por juros também.
O medo de não ter aposentadoria
Num país no qual há um temor das pessoas em depender exclusivamente do INSS, uma das soluções encontradas pelos brasileiros que conseguem ter algum planejamento financeiro é investir em fundos e ações para receber dividendos como renda.
Segundo dados da B3, a bolsa do Brasil, o valor de custódia da renda variável no país aumentou de R$ 459 bilhões, em 2022, para R$ 551 bilhões, em 2023, uma alta de 20%.
Das pessoas físicas que seguem ativas no mercado financeiro, 43% (1,6 milhão), fizeram ao menos uma operação de renda variável por mês e foram responsáveis por 14% do volume de negociação na bolsa. A quantidade de investidores segue estável em 5 milhões.
Na soma dos ativos de renda variável e renda fixa, há um total de R$ 2,6 trilhões sob custódia na B3, aplicados por pessoas físicas. O número de investidores excluindo duplicidades é de 19,1 milhões.
Metrópoles
Nenhum comentário:
Postar um comentário