Foto: Adriano Abreu
Felipe Salustino
Repórter
O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Norte deve crescer 1,6% em 2024, de acordo com projeções do banco Santander. A expectativa está abaixo do previsto para o Brasil, cujo PIB deverá avançar 2%, e do Nordeste, com crescimento estimado em 2,3%. O setor de serviços é o que mais deve se destacar em 2024. Segmento mais importante na economia potiguar, com peso de 77,4%, o PIB do setor irá avançar 2% neste ano, segundo as projeções do Santander. Ainda conforme a instituição, a agropecuária também terá variação positiva, enquanto a indústria deverá ficar estagnada.
para o horizonte de 2022 a 2025. A projeção de 2% para o crescimento do PIB no setor de serviços em 2024 no RN é a mesma para o próximo ano. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do RN (Fecomércio-RN) avalia a perspectiva de crescimento como positiva, uma vez que representa um avanço superior ao que foi registrado no período pré-pandemia.
“Entre 2017 e 2019, o setor cresceu 1,8% ao ano. A recuperação que se apresenta, portanto, é de extrema importância para a economia potiguar. Dentro do setor, o grande destaque vem sendo o comércio varejista, que registrou crescimento de 5,9% no primeiro semestre. Além disso, a taxa de desemprego no Estado se encontra em níveis historicamente baixos (9,1%), o que contribui para uma demanda aquecida. Vale registrar que os serviços empregam cerca de 52% do total de trabalhadores do RN”, comemora Marcelo Queiroz, presidente da Fecomércio-RN.
“Os serviços indicam tendência consistente de expansão, apesar de alguma desaceleração recente. As previsões de 2022 a 2025 mostram sempre uma trajetória de crescimento do Estado neste setor”, afirma Gabriel Couto, economista responsável pelo levantamento elaborado pelo Santander.
Também conforme a instituição, a indústria, que representa 18,4% da economia potiguar apresenta expectativa de estagnação, com zero por cento de crescimento em 2024 e em 2025, após um 2023 de projeção de queda, mantida em 3%. Os dados de 2023 ainda não foram consolidados pelo IBGE.
Neste ano, de acordo com as projeções, a indústria nordestina deve avançar 2,3%, e a brasileira, 1,4%. Procurada, a Federação das Indústrias do RN (Fiern) esclareceu que tem acompanhado demais projeções que indicam perspectivas positivas e que, portanto, não observa “sinergia” no índice divulgado pelo banco. “Acompanhamos historicamente as projeções para o PIB nacional e da indústria feitas pelo Banco do Brasil – por setores e por estados, que apontam para uma previsão de 2% de crescimento do PIB do RN em 2024; e pelo Banco Central – que recentemente elevou a projeção do PIB nacional, de 1,9% para 2,3%. Ou seja: em ambos, a estimativa é de crescimento”, pontua Pedro Albuquerque, gerente do Observatório da Indústria Mais RN, da Fiern.
“Aqui temos uma tendência de efeito natural: quando o Brasil cresce, o RN tende a ir junto. Com essas projeções, ao se observar a indústria do Rio Grande do Norte, temos o sentimento positivo de crescimento da indústria especialmente no segmento da exploração de petróleo, o que tem ‘puxado para cima’ os números da indústria local. Portanto, não vemos sinergia entre os dados acompanhados e o que está sendo apontado pelo Santander”, completa Albuquerque.
Já para a agropecuária, o Santander espera uma oscilação positiva de 0,5% em 2024 e 2025. No Nordeste, o PIB do agro deve subir 2,4% este ano, contrastando com uma queda de 1% esperada para o setor no Brasil. O agro responde por 6,5% do PIB nordestino, e por 4,2% da economia potiguar. O secretário de Agricultura e Pesca do Estado, Guilherme Saldanha, disse que discorda da projeção, uma vez que, segundo ele, os principais pilares do setor no RN têm performado bem em 2024.
“Nossa agropecuária tem como tripé a pecuária, em primeiro lugar, que envolve a produção de leite, carne, ovos, e caprinos, com estimativa de crescer algo em torno de 5%. O segundo tripé é a fruticultura irrigada, cuja produção e exportação devem crescer entre 5% e 10%. E também há a safra agrícola, que envolve a produção de grãos de cana-de-açúcar. A gente espera um crescimento de 5% a 7% da safra”, comenta o secretário.
Segundo ele, o bom índice de chuvas registrados no Estado em 2024 é o responsável pelas perspectivas de aumento nos segmentos que compõem a agropecuária potiguar. “A própria Conab divulgou recentemente que a nossa produção de grãos bateu recorde, embora não estejamos entre os grandes produtores do País. Então, acredito que o PIB do setor ficará bem acima de 0,5%. Eu arriscaria dizer que chegaremos a 5%”, prevê Guilherme Saldanha.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), José Álvares Vieira, considera a projeção positiva e diz que, mais relevante do que estabelecer com precisão o tamanho do crescimento do PIB, é atuar para que os governantes busquem ações capazes de impulsionar essa tendência. “Iniciativas que ampliem os investimentos em infraestrutura, favoreçam o acesso ao crédito, possibilitem a adoção de tecnologias e inovações, além da disponibilidade de políticas públicas cada vez mais adequadas, são elementos cruciais para garantir o crescimento sustentável do setor”, avalia.
José Vieira ressaltou que o setor agropecuário do Estado tem feito contribuições para a ampliação do PIB no Nordeste, com as exportações de frutas, especialmente. “Melancia, melancia, mamão e manga (conhecidos como 4Ms), experimentaram um crescimento expressivo no primeiro semestre de 2024, de mais de 6% em comparação com o ano de 2023, demonstrando a força do setor, com aumento na produção e na demanda por frutas potiguares no mercado internacional. Além disso, os preços das frutas brasileiras, incluindo as do Rio Grande do Norte, apresentaram uma tendência de alta, impulsionando o valor total das exportações”, concluiu Vieira.
André Macedo, diretor financeiro da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL/Natal), analisa que a projeção geral indica que “o RN continua colhendo os frutos do baixo investimento que vem acontecendo” e, por isso, o Estado cresce menos do que o País e o Nordeste. “Falta planejamento para que os investimentos alavanquem economicamente o Rio Grande do Norte. A estimativa é uma percepção que valida o diálogo da classe empresarial: dependemos muito das contas governamentais, que não andam bem nos últimos anos e isso reflete nesse menor crescimento”, fala.
Tribuna do Norte
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