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sábado, 22 de fevereiro de 2014

Ucrânia: presidente não renuncia

Yanukovych

O presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, disse neste sábado que não tem intenção de renunciar e descreveu os eventos na capital Kiev como um "golpe".
A oposição está efetivamente no controle da cidade e do parlamento. Os manifestantes entraram hoje em edifícios oficiais e residenciais do presidente, sem sofrer resistência.Um acordo foi alcançado entre Yanukovych e líderes da oposição na sexta-feira, mas muitos manifestantes continuaram a exigir a sua demissão.
Em uma entrevista pré-gravada que foi ao ar em uma estação ucraniana logo após às 16:00 na hora local (11:00 em Brasília), o presidente disse que precisa "proteger o povo" e que ele não poupará esforços para "acabar com o derramamento de sangue."
Ele afirmou que é o presidente legitimamente eleito, e que ele não deixará a Ucrânia, nem renunciará.
Yanukovych descreveu os eventos em Kiev como "vandalismo, banditismo e um golpe."
O complexo presidencial da Ucrânia, na capital Kiev, amanheceu sem guarda, com manifestantes aparentemente em total controle da área governamental. Líderes da oposição querem que o presidente Viktor Yanukovych, cujo paradeiro é desconhecido, renuncie imediatamente.
Eles exigem que as eleições sejam convocadas para 25 de maio - e não até o final de dezembro, como previsto no acordo de paz firmado na sexta-feira.


Apesar do acordo mediado pela União Européia ter sido assinado ontem, milhares de pessoas permaneceram nas ruas de Kiev.
O porta-voz do parlamento, Volodymyr Rybak, renunciou, citando problemas de saúde.
Vitaly Klitschko, líder do partido oposicionista Udar, disse ao parlamento reunido neste sábado: "É preciso, como as pessoas exigem, adotar uma resolução que exorte Yanukovych a demitir-se imediatamente".
Presidente Yanukovych não está no parlamento - há relatos não confirmados de que ele deixou Kiev e viajou para Kharkiv, no leste, perto da fronteira com a Rússia.
O correspondente da BBC Kevin Bishop diz que não há sinal de forças de segurança dentro do complexo presidencial, antes fortemente vigiado. Os manifestantes estão em pé nos jardins do edifício incrédulos, acrescenta.
Um grupo de manifestantes de extrema direita ameaçou agir se o presidente não renunciar na manhã deste sábado.
Na quinta-feira, a polícia abriu fogo contra manifestantes que vêm ocupando Praça da Independência, no centro de Kiev. O Ministério da Saúde disse que 77 pessoas - entre manifestantes e policiais - foram mortos desde terça-feira, na pior onda de violência desde que os protestos começaram em novembro.

ACORDO

O pacto político foi assinado na sexta-feira pelo presidente Viktor Yanukovych e líderes da oposição após mediação de ministros das relações exteriores de países da União Européia.
O acordo estabelece que um governo de coalizão será formado e eleições, realizadas até o final do ano, mas líderes da oposição querem que o pleito ocorra antes.
O pacto foi recebido com ceticismo por alguns dos milhares de manifestantes que permanecem na praça. Os líderes da oposição que assinaram foram vaiados e chamados de traidores.
Divulgado pelo ministro alemão, o acordo prevê que:
  • A Constituição de 2004 seja reestabelecida dentro de 48 horas, e que um governo de unidade nacional seja formado dentro de dez dias;
  • Uma reforma constitucional para balancear os poderes do presidente, do governo e do parlamento seja iniciada imediatamente e finalizada até setembro;
  • Uma eleição presidencial seja realizada após a nova Constituição ser adotada, com o limite até dezembro de 2014, e novas leis eleitorais serão aprovadas;
  • Uma investigação sobre os recentes atos de violência seja conduzida em conjunto por autoridades, a oposição e o Conselho Europeu;
  • As autoridades não possam impôr um estado de emergência no país, e ambos os lados, autoridades e oposição, evitem o uso de violência;
  • Ambas as partes farão esforços sérios para a normalização da vida nas cidades e aldeias, retirando-se de edifícios administrativos e públicos e desbloqueando ruas, parques e praças;
  • Armas ilegais sejam entregues aos órgãos do Ministério do Interior.

REPERCUSSÃO

O ministro das Relações Exteriores polonês, Radoslaw Sikorski, twittou que o acordo era um "bom compromisso para a Ucrânia", que abriria o caminho "para a reforma e para a Europa".
Os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia concordaram que o acordo precisa ser rapidamente implementado, disseram autoridades.
A Casa Branca elogiou "os corajosos líderes da oposição que reconheceram a necessidade de compromisso". Os EUA permanecem preparados para impor sanções ao governo ucraniano se a violência continuar, disse em um comunicado.


Em uma ligação na sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, disse ao presidente americano, Barack Obama, que a Rússia quer ser parte do processo de implementação do acordo, relatou um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.
Pouco depois de o pacto ser assinado, o parlamento da Ucrânia aprovou a restauração da Constituição de 2004, com apenas um voto contrário entre os 387 deputados presentes. O Parlamento também aprovou uma anistia para os manifestantes acusados de envolvimento na violência.
Deputados votaram por uma mudança na lei que poderia levar à libertação de Yulia Tymoshenko, uma importante rival de Yanukovych.
Ela foi sentenciada a sete anos de prisão em 2011 por abuso de poder. Seus defensores dizem que foi simplesmente uma medida de Yanukovych para afastar sua adversária mais proeminente.
Dezenas de deputados do própria partido de Yanukovych votaram a favor das propostas, numa humilhação para o presidente.
Os protestos começaram no final de novembro, quando Yanukovych decidiu recusar um acordo que aprofundaria os laços do país com a União Europeia (UE) e era negociado havia três anos. Em troca, o presidente preferiu se aproximar da Rússia.

FONTE: BBC BRASIL

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