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sábado, 21 de maio de 2016

Bolívia: belezas naturais num roteiro ainda pouco conhecido

FONTE: diarionline

Fotos: Lívia Gaertner
Santuário Mariano da Torre levou quatro anos para ser concluído por artistas locais
Anjos tocando instrumentos musicais bolivianos
Não muito distante da cidade de Puerto Suarez, pouco mais de 270 quilômetros, está localizado o povoado de “Chochis”. A localidade, com população que gira em torno de mil habitantes, traça seus limites dentro da cidade de Roboré, capital da província de Chiquitos, que pertence ao departamento (estado) de Santa Cruz. Considerada Patrimônio Natural e Cultural em nível  municipal e departamental, Chochis reserva ao lado de paisagens naturais incríveis, um clima de paz e sossego que tanto bem fazem à alma. Por lá, o tempo parece esquecer da pressa e nossos olhos, encantados, de se fecharem num cochilo que o clima de tranquilidade nos convida.
Surgido devido à construção da linha de ferro para o trem que liga o Brasil à cidade de Santa Cruz de la Sierra (capital do departamento de Santa Cruz), o povoado começou como um acampamento de trabalhadores que, aos poucos, foi crescendo. Mas, o fato que entregaria a Chochis uma das mais belas construções arquitetônicas, está relacionado a um triste episódio ocorrido em 1979, quando uma forte chuva devastou a localidade e destruiu os trilhos de trem que davam acesso ao local, deixando as pessoas a mercê dos caprichos da natureza. Muitas morreram e a única alternativa diante do desespero que tomava aqueles que buscavam escapar das águas foi a fé na Virgen Asunta.  O socorro veio do céu, com helicópteros que retiraram do local os que buscavam abrigo nas partes mais altas da região.
Como prova de reconhecimento da ajuda divina, o povoado começou em 1988 a construção de uma capela em homenagem à santa. A conclusão foi em 1992, após um primoroso trabalho do artista Hans Roth, restaurador das igrejas das Missões Jesuíticas, em conjunto com artistas locais. Nas formas talhadas em madeira, a história do povoado, os traços de sua gente e episódios bíblicos, mesclados formando um sincretismo singular.
O Santuário da Torre
O Santuário Mariano de la Torre, como foi batizada essa singular construção, traz em sua porta principal os índios ayoreos, habitantes da região. Na porta traseira, um grande painel com dimensões de 4x4 metros, retratando do lado externo, a Criação com Adão e Eva. No interior, a estrutura, que pesa cerca de uma tonelada, mostra, na porção superior, os antigos profetas: Abraão, David e os apóstolos São Pedro, São Paulo, São Francisco, São João e Santa Rosa de Lima. Na parte inferior, a representação   de mulheres dos altiplanos e oriente boliviano.
O jogo de luz fabricado pelas grandes janelas, junto à cor vermelha das pedras que formam as paredes da capela em conjunto com os talhados em madeira, dão um ar de devoção ao local que guarda uma grande imagem da Virgen Asunta. Ao meio uma grande coluna de madeira, chamado de Árvore da Vida, tem uma função tanto arquitetônica quanto artística. Em sua extensão, a representação dos 7 dias da criação. Em cada um dos seus longos “braços” imagens de anjos tocando instrumentos musicais tipicamente bolivianos.
Na parte externa da capela, a Galería de los Desastres registra em quadros talhados em madeira toda a história de destruição e salvação de Chochis durante a forte chuva de 1979. Em trabalho similar, também estão registrados os passos da Paixão de Cristo.
Próximas à porta que conta o momento da criação, duas colunas de 100 metros de altura cada uma, compõe “El Teatro”, local dedicado à mescla da cultura pagã com o cristianismo, imprimindo em imagens, rostos de habitantes e costumes locais a simbolismos religiosos em forma de totens. À esquerda, a Dança da Morte e à direita, a Dança da Vida.
La muela del diablo
Seja pela estrada bioceânica ou pela linha férrea, uma formação rochosa se destaca na paisagem de serras de Chochis. É a Torre de David, ou a popularmente conhecida como “muela del diablo”, o que em português podemos traduzir como molar (dente) do diabo. Partindo dos fundos do Santuário da Torre, um trajeto de subida nos leva bem próximo deste ponto e, no caminho, mais um sinal de devoção religiosa. Outra imagem da Virgen Asunta, protegida por uma gruta, onde fiéis dedicam pedidos e orações.
Subindo pouco mais, se chega ao Vigilante, obra talhada em uma grande pedra, representando um homem sentado com um grande chapéu, vigiando todo o povoado e o Santuário. Deste ponto, se tem uma linda vista de Chochis e do bosque seco chiquitano.

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