Com a nova Lei, número 10.112, de 21 de setembro de 2016, o Governo do Estado dá nova oportunidade para os devedores quitarem seus débitos com o Imposto sobre Circulação de Mercadoria (ICM), com o Imposto Sobre Circulação de Mercadores e prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) inscritos na dívida ativa do Estado até 31 de dezembro de 2015.
A nova Lei também dá oportunidade para quitação dos débitos do Imposto sobre a propriedade veículos automotores (IPVA), inscritos ou não na dívida ativa, até 31 de dezembro de 2015. A legislação que entra em vigor a partir de hoje (22) ainda beneficia os devedores do Imposto sobre transmissão Causa Mortis e doação de quaisquer bem e direitos (ITCD), inscritos ou não na dívida ativa.
A Lei 10.112, sancionada pelo governador Robinson Faria, abrange todos os créditos, inclusive os que foram objeto de negociação, saldos remanescentes de parcelamentos e de reparcelamentos, inclusive do parcelamento com base na Lei Estadual 9.276, de 28 de dezembro de 2009. Também abrange os saldos relativos aos parcelamentos em curso, caso que deverá ser formalizado pedido de resilição pelo devedor.
A nova oportunidade para quitação dos débitos estaduais traz condições vantajosas. Pessoas físicas podem renegociar os débitos com ICM e ICMS em parcelas a partir de R$ 150,00. Para pessoa jurídica o valor é de R$ 400,00. No caso do IPVA e ITCD as parcelas são de R$ 100,00 para pessoa física e R$ 300,00 para pessoa jurídica.
O ciclo recessivo iniciado no segundo trimestre de 2014 caminha para a estabilização, de acordo com estudo divulgado hoje (23) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A tendência é que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens e serviços produzidos no país, mostre mais uma queda no terceiro trimestre e, no quarto trimestre, já tenha um resultado, “senão positivo, já estável”, ou seja, pare de cair. A avaliação é do economista Leonardo Mello de Carvalho, autor do estudo.
Embora o PIB do segundo trimestre tenha voltado a registrar retração, a análise do Ipea do ritmo de queda dos componentes do PIB, pelo lado da demanda e da oferta, e de outros indicadores de atividade, consegue identificar uma redução “bastante disseminada” desse ritmo de queda. “A gente consegue identificar uma desaceleração nessas variáveis, inclusive com alguns setores já apresentando desempenho positivo ao longo de 2016”, disse Carvalho. É o caso, por exemplo, da produção industrial. O setor industrial teve avanço de 0,3% no segundo trimestre, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), interrompendo sequência de cinco quedas consecutivas, o que reflete a melhora no cenário da indústria ao longo de 2016.
No lado do PIB, Carvalho destacou os resultados dos investimentos, que voltaram a crescer na comparação com o trimestre anterior, após dez períodos de queda. “Se ainda não se consegue falar que a recessão acabou, acho que dá, sim, para dizer que a economia caminha para uma etapa de estabilidade, que o pior da crise já foi superado, com base nessa trajetória de queda mais suave da maioria dos indicadores e crescimento já em alguns”, reiterou. De acordo com o Ipea, embora o PIB no segundo trimestre tenha mostrado recuo, o ritmo de retração nos dois primeiros trimestres de 2016, em termos anualizados (-2%), ficou bem abaixo daquele apresentado ao longo de 2015, quando o PIB caiu a uma taxa média anual de 5,9%.
Setores
Na indústria, a melhora tem sido disseminada. Com base na pesquisa mensal do IBGE, Leonardo Carvalho disse que a produção de bens de capital cresceu durante os seis primeiros meses do ano, mostrando pequena acomodação em julho em função do segmento de equipamentos de transportes: “É um setor que apresentou uma recuperação ao longo de 2016, com crescimento durante todo o semestre”.
Também o setor de bens intermediários apresentou incremento. Esse é um setor importante, porque produz insumos, tem o maior peso dentro da indústria e acaba puxando todo o resultado industrial. O Ipea notou também recuperação “surpreendente”, nos últimos três meses, da produção de bens duráveis, com crescimento sempre na comparação com o mês anterior:”Por estar muito ligado, ainda, a consumo, a gente vai conviver por algum tempo com fraca demanda interna, ligada a consumo das famílias”
Carvalho acredita que pode estar havendo estímulo positivo das exportações, que têm melhorado o desempenho desses setores, além de um processo de ajustamento de estoques, que permite responder tanto à demanda externa, como também a algum tipo de melhora, embora discreta, da demanda interna.
“Essa melhora da produção industrial começou mais centrada em setores que têm uma relevância maior em relação à exportação, desde o quarto trimestre do ano passado. E essa melhora de desempenho tem se disseminado entre as demais atividades, ao longo deste ano”, segundo a análise.
Emprego
O economista do Ipea afirmou, entretanto, que para dizer que está havendo uma melhora efetiva da economia, o emprego tem um peso grande, porque está ligado ao fraco desempenho do consumo das famílias: “Acho que um ponto importante para você consolidar essa estabilização e depois iniciar uma recuperação propriamente dita vai, como sempre, depender da recuperação da demanda interna”.
O analista lembrou que o investimento é um componente que, historicamente em períodos de crise, costuma responder mais rápido que a demanda interna, porque esta depende do consumo das famílias que, por sua vez, está relacionado ao mercado de trabalho. A desocupação continua aumentando no país, com queda do rendimento real. A soma desses dois fatores a uma trajetória de preços ainda elevada restringe o início de recuperação do consumo, afirma Carvalho.
Ele acredita que haverá uma piora no mercado de trabalho nos próximos trimestres, “porque ele possui uma dinâmica que responde com defasagem em relação à atividade econômica. Os empresários esperam para ter certeza se, realmente, a recessão vai piorar, se será uma coisa mais intensa, para iniciar as demissões. Então, tanto na entrada como na saída da crise, a resposta do mercado de trabalho demora um pouco mais para acontecer”. Isso vai fazer com que o desempenho do mercado de consumo permaneça deprimido.
Investimentos
Leonardo Mello de Carvalho informou que o crescimento acumulado dos investimentos nos sete primeiros meses de 2016, sem comparar com igual período de 2015, alcança 11,6%. Considerou natural que ocorra ainda nos próximos meses alguma acomodação. O Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) aponta redução de 10% nos investimentos entre os meses de junho e julho, na comparação com ajuste sazonal. O economista avaliou que esse resultado tem a ver com a queda de 2,7% da produção de bens de capital que ocorreu, impactada pela produção de caminhões e ônibus.
Excluindo esse componente da produção de bens de capital, julho teria sido um mês de estabilidade, ressaltou Carvalho. Por isso, ele disse que, apesar desse resultado, o diagnóstico de estabilização não se altera em termos tendenciais. Esclareceu que o cálculo de investimentos é uma conta de oferta total, usada para medir a produção doméstica de bens de capital e as importações de bens de capital, de cujo resultado se retira o que foi exportado. Em julho, todos os três componentes contribuíram para a queda.
Tivemos nessa noite a entrega de 3 prêmios para alunos que participaram do 3º FECIPE, uma feira de ciências que foi realizada na Escola Estadual Pedro II neste ano corrente, na ocasião estiveram presentes o diretor Canindé, vice diretora Nevonice, sociólogo e professor Marcos António, professores, o Sec. de Esportes Laureano Alves, alunos do projeto NUCA, historiador Cícero e demais autoridades e alunos:
3 projetos receberam um premio em dinheiro patrocinado pela empresa natural energia, os critérios foram analisado pelos universitários lajenses.
* PROF. MARCOS ANTONIO E ALUNOS - PROJETO UTILIZAÇÃO DA HIDROMOBIA PARA O USO DA ÁGUA DO AR CONDICIONADO DA ESCOLA.
* PROF. CLAUDIONOR E ALUNOS - PROJETO LAJES O SOL É UMA FONTE DE ENERGIA
* PROF. NEVONICE E ALUNOS - PROJETO CARVOARIA DEGRADAM AS PESSOAS E O MEIO AMBIENTE NA NOSSA CIDADE E NO NOSSO PAIS.
VEJAM ALGUNS REGISTROS...
Fiquei feliz de ver a criatividade dos alunos, particularmente visitei algumas salas, pena que não pude ir os 3 horários, mas vi um desenvolvimento acima do normal.
Machado também afirmou que Renan e Jucá tentaram atrapalhar as investigações da Lava Jato, o que chegou a levar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a pedir a prisão de ambos ao STF, o que foi negado por Teori, relator da Lava Jato na Corte.
Em nota divulgada nesta sexta-feira, a defesa de Jucá classifica a delação de Machado de "irresponsável" e diz que as acusações feitas pelo ex-presidente da Transpetro estão desmoralizadas.
"A defesa do senador Romero Jucá afirma que delações premiadas irresponsáveis acabam comprometendo pessoas que não tem nada a ver com as investigações. A de Sergio Machado já está totalmente desmoralizada e comprovadamente falsa no momento em que se negou pedido de prisão respaldado na mesma", afirma a nota.
Jucá deixou o comando do Ministério do Planejamento, que tinha assumido poucos dias antes, após a divulgação de uma conversa entre ele e Machado, gravada pelo presidente da Transpetro, em que o senador peemedebista sugere um acordo para parar a Lava Jato.
À época da divulgação da delação de Machado, Renan classificou as declarações apresentadas pelo ex-presidente da Transpetro de "fantasiosas" e disse que elas nada provavam. Machado também gravou conversas com Renan, assim como fez com o ex-senador e ex-presidente da República José Sarney.
Renan e Jucá já são alvo de inquérito no âmbito da Lava Jato.
OUTROS PARTIDOS
Em sua delação, Machado implicou parlamentares de PSDB, DEM, PSB e PT, entre outros. Um dos citados foi o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), a quem Machado acusou de ter organizado um grande esquema de arrecadação de recursos ilícitos para eleger deputados, em 1998, para garantir a eleição do tucano à presidência da Câmara em 2001. O senador teria recebido à época 1 milhão de reais em dinheiro vindo de propinas.
Os bombardeios do regime de Bashar al-Assad contra áreas rebeldes em Aleppo, maior cidade síria, se intensificaram nesta sexta-feira (23/09), numa ofensiva descrita por moradores como sem precedentes e a qual muitos temem que possa anteceder uma invasão por terra.
Com apoio da Força Aérea russa, os bombardeios já deixaram dezenas de mortos – mais de 30, segundo ativistas; acima de 70, segundo rebeldes – e sucedem ao fracasso nas negociações diplomáticas para renovar o cessar-fogo, que durou apenas uma semana.
As bombas despejadas por Assad miraram sobretudo o leste de Aleppo, que é controlado por rebeldes e onde cerca de 250 mil civis estão retidos desde julho passado. O governo pediu aos moradores que se mantenham afastados "das posições dos grupos terroristas".
"As pessoas estão esperando pela misericórdia divina. Ninguém está saindo de casa. Elas só querem um corredor humanitário para sair de Aleppo, não querem mais nada", diz Ibrahim al-Hajj, voluntário do grupo Defesa Civil Síria, cujos membros são conhecidos como "capacetes brancos".
Chuva de bombas
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que monitora a guerra civil, descreveu incursões de jatos sofisticados que, segundo ele, devem pertencer aos russos. Moradores relataram também uma chuva de bombas de barris de petróleo, uma tática geralmente atribuída ao Exército de Assad.
Destruição em Aleppo: "Nós sentimos o chão sacudindo, tremendo sob nossos pés"
"Nós sentimos o chão sacudindo, tremendo sob nossos pés. Aleppo está queimando", conta Bahaa al-Halabi. Outros começam a relatar escassez de comida, com famílias vivendo à base de arroz e lentilha. "Não vou comer minha última batata", diz Rami, também morador do leste da cidade.
As Forças Armadas sírias prometeram que os civis que saírem dos bairros orientais e se dirigirem a postos do Exército não vão ser detidos nem interrogados, e será proporcionado refúgio. Os moradores, porém, dizem continuarem encurralados.
"Nada do que o regime disse sobre corredores humanitários é real, nada. Como nós vamos sair às ruas, se não nos sentimos seguros? Se fosse verdade o que diz o governo, eu fugiria agora", diz Mustafa, de 48 anos, que vive no leste de Aleppo com os pais, mulher e filha.
Segundo o Observatório, o regime de Assad tenta forçar os moradores a saírem das zonas sob controle rebelde para que a comunidade internacional não o responsabilize por mortes civis. Fontes do Exército sírio garantem que o bombardeio prepara o terreno para uma ofensiva terrestre.
O bombardeio intenso mostra que Assad e Moscou rejeitaram o apelo do secretário de Estado americano, John Kerry, para que deixassem seus aviões em solo e mantivessem a trégua, que durou uma semana até desmoronar, na segunda-feira.
A delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, foi fatiada pelo ministro Teori Zavascki e vai gerar ao menos quatro novos procedimentos dentro do Supremo Tribunal Federal (STF), que podem dar origem a inquéritos. A decisão atende pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou ao relator da Lava Jato na Corte o desmembramento dos termos que vão de 10 a 13 da delação de Machado em petições autônomas.
Os trechos fatiados têm menções ao presidente Michel Temer, ao ex-presidente José Sarney, a senadores do PMDB, a políticos de PSDB, PP e PT e a ex-ministros como Romero Jucá, Henrique Eduardo Alves e Ideli Salvatti. As petições autônomas normalmente constituem a fase anterior aos pedidos de abertura de inquérito ou de solicitação de arquivamento pela PGR de algum trecho da apuração. A delação de Machado foi homologada por Teori em maio.
Termos
Entre os termos de colaboração que foram fatiados está o anexo denominado “obstrução e acordão”. É o termo de depoimento número 10, no qual são abordadas as conversas gravadas por Machado com Sarney, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador Romero Jucá (PMDB-RR). A divulgação dos áudios fez com que Jucá tivesse que deixar o Ministério do Planejamento. Os grampos apontavam para um possível pacto cujo objetivo seria parar a Operação Lava Jato.
As gravações deram suporte ao pedido de prisão oferecido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o deputado cassado Eduardo Cunha e os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros. Janot também pediu que o ex-presidente José Sarney fosse monitorado por meio de tornozeleiras eletrônicas. Após o vazamento do pedido, o ministro Teori Zavascki negou as solicitações de prisão do MPF.
Já o termo de número 11 diz respeito à eleição para Presidência da Câmara dos Deputados nos anos 2000 e a relação do atual senador Aécio Neves com Dimas Toledo, apontado por Machado como apadrinhado de Aécio em Furnas. Machado detalha em seu depoimento como uma articulação permitiu que Aécio fosse eleito presidente da Câmara. Segundo o delator, os valores amealhados para essa disputa foram distribuídos entre parlamentares e saíram dos cofres de empreiteiras, entre elas a Camargo Corrêa, e de Furnas, via Dimas Toledo.
No depoimento de número 12, Machado detalha repasses de recursos ilícitos efetuados por ele a diversos parlamentares e cita Temer. Segundo o delator, em setembro de 2012, teve um encontro com Temer na Base Aérea de Brasília na qual o atual presidente informou que estava com problemas para financiar a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo. De acordo com Machado, o pedido de Temer foi cumprido por meio de uma doação oficial da Queiroz Galvão ao diretório Nacional do PMDB.
Também é nesse depoimento que Machado afirma ter repassado cerca de R$ 100 milhões para o PMDB oriundo de comissões ilícitas angariadas com contratadas da Transpetro. Além de Temer, são citados: Candido Vacarezza (PT), Edson Santos (PT), Francisco Dornelles (PP), Garibaldi Alves (PMDB), Jandira Feghali (PT), Henrique Eduardo Alves (PMDB), Agripino Maia (DEM), Ideli Salvatti (PT), Jorge Bittar (PT) e Valdir Raupp (PMDB).
No caso do depoimento de número 13, cujo conteúdo o ministro Teori Zavascki autorizou desmembramento e autuação em procedimento autônomo, as declarações dizem respeito ao suposto acordo narrado por Machado entre a empresa JBS, da família Batista, e o PT para distribuir doações eleitorais a senadores do PMDB. Seriam contemplados os senadores Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, Eunício Oliveira, Vital do Rêgo, Eduardo Braga, Edson Lobão, Valdir Raupp e Roberto Requião. Esse é um dos depoimentos em que Machado cita o presidente Michel Temer. Segundo o ex-presidente da Transpetro, a notícia sobre a doação a senadores não foi bem recebida pelo PMDB da Câmara que se queixou ao então vice-presidente Temer. Após a reclamação, Temer reassumiu a presidência do partido “visando controlar a destinação dos recursos do partido”.
Moro
No fatiamento, Teori também autorizou a remessa de parte dos depoimentos ao juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelas ações da Lava Jato na primeira instância. A parte da delação encaminhada a Moro serve para embasar investigação que não inclui autoridades com foro privilegiado.
O ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, disse nesta sexta-feira, 23, que o governo vai publicar até o mês que vem o decreto que modifica as regras do Bolsa Família. A principal mudança será a manutenção do benefício por dois anos para as pessoas que conseguirem emprego formal.
Segundo Terra, o beneficiário continuará recebendo a assistência do programa, junto com o salário. Após esse período, seu cartão ficará “hibernando” para que, no caso de perda do emprego, ele volte a receber o benefício.
O objetivo do Planalto é induzir um salto na formalização do emprego, já que, para não perder o benefício, parte dos beneficiados pelo Bolsa Família se recusa a ter a carteira de trabalho assinada. Com a transferência de beneficiários ao mercado de trabalho formal, o governo aposta que, no médio prazo, conseguirá reduzir o número de famílias assistidas pelo programa, embora não tenha traçado uma meta para isso. Terra, porém, pondera que essa diminuição dependerá da capacidade da economia de gerar mais empregos.
O ministro disse ainda que o governo pretende premiar, com transferência de recursos a programas sociais, as prefeituras que conseguirem emancipar mais famílias do programa. O valor do prêmio vai depender do tamanho do município e da proporção de pessoas que passarem a não depender mais do Bolsa Família.
“O Bolsa Família não vai sofrer nenhuma mudança em sua essência. O que procuramos é fazer algumas alterações que permitam o processo em direção à autonomia das famílias. É mais no sentido de ensinar a pescar e não só ficar dando o peixe”, afirmou Terra, após participar de debate promovido pelo Insper na capital paulista.
Promissora na década de 1980, a indústria brasileira entrou em declínio e hoje representa apenas pouco mais de 10% do Produto Interno Bruto do país.
O conjunto de fatores que colaboraram para essa tendência foi observado em toda a América Latina, mas o Brasil, por seu tamanho e relevância, é o mais significativo caso de desmantelamento precoce da indústria, aponta relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, Unctad, divulgado nesta quarta-feira.
O documento anual, que avalia o cenário econômico mundial, abordou amplas tendências econômicas e no caso do Brasil destacou o quadro de retrocesso. De acordo com a Unctad, no começo da década de 1970 a participação das manufaturas na geração de emprego e valor agregado no Brasil correspondia a 27,4%, em valores da época, enquanto que em 2014 essa participação caiu para 10,9%.
"Todo o sistema que tinha por objetivo industrializar o país entrou em colapso", disse à BBC Brasil Alfredo Calcagno, chefe do departamento de Macroeconomia e Políticas de Desenvolvimento da Unctad.
Na avaliação da Unctad e dos entrevistados pela reportagem, o processo teve início com os choques econômicos vividos pelo mercado nacional nos anos 1980, se intensificou com a abertura comercial no começo dos anos 1990, seguido pelo abandono das políticas desenvolvimentistas e pelo emprego da taxa de câmbio como ferramenta no combate à inflação.
Depois, a desindustrialização foi favorecida por reformas liberalizantes do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial e, mais recentemente, pela pauta exportadora focada em commodities e por um real considerado valorizado.
"O caminho para a industrialização do Brasil foi claramente interrompido", afirmou à BBC Brasil Paulo Francini, diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Precoce
A desindustrialização é considerada precoce pela Unctad quando uma economia não chega a atingir toda sua potencialidade produtiva manufatureira e, em vez de evoluir em direção à indústria de serviços com alto valor agregado - setor terciário -, regride para a agricultura ou cai na informalidade.
O Brasil, no caso, sempre teve expressiva produção agrícola (setor primário), cuja riqueza à partir dos anos 1930 foi canalizada para incentivar o desenvolvimento de uma indústria nacional (setor secundário) por meio de planos estatais.
Países ricos também passam pelo fenômeno de desindustrialização, mas de forma diferente. Com o acúmulo de riqueza, esses países investiram na capacidade produtiva intelectual da população por meio de educação e pesquisa, o que gerou empregos mais sofisticados no setor de serviços. É um movimento de transformação e de geração de mais riqueza, e não necessariamente de perda dela.
A produção de um iPhone é um bom exemplo. O celular em si é fabricado na China, mas seu design foi desenvolvido na Califórnia, nos Estados Unidos. O trabalho de um engenheiro de design californiano - do setor terciário - é muito mais bem pago e complexo do que o de um montador de componentes na linha de produção da China - setor secundário. O trabalho executado nos EUA é mais produtivo, pois agrega maior valor - riqueza - à economia.
Para muitos economistas, o amadurecimento econômico de um país, do setor primário até o terciário, passa necessariamente pela etapa do desenvolvimento industrial, que permitiria o acúmulo de capital e conhecimento produtivo necessários para sustentar a transição rumo a empregos com maior sofisticação intelectual e mais produtivos.
Desmantelamento
Inicialmente impulsionada pela substituição de importações e sequencialmente estimulada por políticas desenvolvimentistas, a indústria brasileira experimentou seu auge no começo dos anos 1980, quando chegou a responder por mais de 30% da geração de valor agregado e emprego no país, segundo números da ONU. A década, porém, além de testemunhar o auge, também registrou o começo da queda.
"Os anos 80 foram marcados por crises de choque na América Latina. No Brasil se desmontaram as instituições e mecanismos que eram capazes de manter um sistema industrial competitivo", explica Pedro Rossi, professor de economia da Unicamp, escola tradicionalmente ligada ao desenvolvimentismo. A dívida externa, a desorganização fiscal e a hiperinflação consumiram a capacidade do governo de promover políticas ativas, levando à negligência da indústria.
Com a abertura do mercado às importações durante o governo Collor, no início dos anos 1990, produtos estrangeiros conquistaram a preferência do consumidor, em detrimento de similares nacionais. Posteriormente, a adoção de um câmbio forte como forma de combate à inflação contribuiu para a perda de competitividade nas exportações, outro abalo à indústria.
"Na década de 90 a política econômica se preocupou unicamente com o combate à inflação e os instrumentos para esse combate foram extremamente prejudiciais à indústria", avalia Rossi.
Condições
De acordo com a Unctad, medidas liberais exigidas pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional como condição para empréstimos também tiveram impacto sobre a indústria brasileira e latino-americana, no fim da década de 1990.
"As exigências dessas instituições incluíam abertura de mercados, privatização, desregulamentação, (…) livre movimento de capitais. Tudo isso mudou a estrutura e a orientação da economia de uma forma que foi completamente oposta ao que se tinha até então no Brasil", conta Calcagno. "Uma indústria que estava crescendo rapidamente promovida pelo BNDES e apoiada por um mercado doméstico em crescimento - todo esse sistema que objetivava industrializar o país entrou em colapso."
A entrada de capital no Brasil, propiciada pelo superciclo de exportação decommodities na primeira década deste século, acabou valorizando a moeda e gerando pressões inflacionárias, que foram, mais uma vez, contidas com juros altos. Apesar de possuir os recursos em termos de capital excedente, a tentativa de retomada de políticas de diversificação durante o governo Lula esbarrou, segundo analistas, na taxa de câmbio, na ineficiência, em problemas de gestão e denúncias de corrupção.
"Mesmo com as iniciativas pontuais de estímulo, nós não construímos um arcabouço coerente pra sustentar a indústria brasileira, que permaneceu em queda, em especial após a crise de 2008", avalia Rossi, da Unicamp.
Retomada
Num cenário pós-crise de 2008, a retomada do crescimento econômico global passará pelo resgate do consumo da classe média nos países ricos, opina a Unctad. Aos países em desenvolvimento é feita a recomendação de que trabalhem em suas economias domesticamente, frente a um cenário internacional pouco otimista.
Ao Brasil, num momento em que ainda está profundamente imerso nos seus próprios problemas, a organização recomenda apoio estatal ao estímulo industrial e uso do capital estrangeiro - seja ele em investimento direto ou especulativo.
"A experiência de sucesso de países industrializados demonstra que a transformação estrutural exige atenção a diferentes fontes de crescimento, incluindo estimular investimento privado e público, apoiando o desenvolvimento tecnológico, fortalecendo a demanda doméstica e aumentando a capacidade dos produtores domésticos de cumprir exigências internacionais."
A Fiesp, apesar de apoiar Temer, diz ainda não ter clareza sobre as políticas de estímulo ao setor do novo governo, nas palavras de Francini. "Vai depender de convencimento. Os formuladores de políticas precisam ter o entendimento de o que representa a indústria num país com as dimensões do Brasil", opina.