Fonte: DW
Após mais de 50 anos de proibição, os voos comerciais entre Cuba e Estados Unidos foram retomados nesta quarta-feira (31/08), com um voo de um Airbus A-320 da companhia aérea americana JetBlue Airways de Fort Lauderdale, na Flórida, para a cidade cubana de Santa Clara.
"O ressurgimento de voos diretos regulares é um passo positivo e uma contribuição para o processo de melhorar as relações entre os dois países", declarou o ministro cubano do Exterior, Bruno Rodríguez, que deverá se reunir em Havana nos próximos dias com o Secretário de Transporte dos EUA, Anthony Fox, e seu homólogo em Cuba, Adel Yzquierdo.
Ambos os lados se esforçam para reforçar as relações bilaterais desde dezembro de 2014, quando o presidente americano, Barack Obama, anunciou que os EUA estavam retomando os laços diplomáticos com Cuba após mais de 50 anos. As relações foram restabelecidas oficialmente em julho de 2015.
Gisele Cortes, diretora da JetBlue, afirmou que a companhia tem orgulho de ser a escolhida para operar o voo inaugural. Ela agradeceu às autoridades cubanas por sua excelente cooperação, expressando satisfação em relação às medidas de segurança nos aeroportos de Cuba. "Todos os padrões internacionais foram cumpridos", disse.
Segundo Cortes, a JetBlue tem como objetivo se tornar a "companhia aérea americana preferida para viagens a Cuba". O preço de um voo de ida de Fort Lauderdale para Santa Clara é de 99 dólares, e a viagem ida e volta custará cerca de 210 dólares, afirmou.
O preço é bem mais baixo que o de voos fretados, que cobram mais de 400 dólares para a viagem de ida e volta, segundo estimativas. Em 1979, tanto Havana quanto Washington autorizaram voos fretados, em grande parte de caráter humanitário, para transportar cubanos residentes nos EUA e categorias limitadas de viajantes americanos. Segundo dados oficiais, houve 4.783 voos fretados em 2015 e 3.452 no primeiro semestre deste ano.
Restrições permanecem
Desde que o governo dos EUA amenizou as restrições de viagem para o país caribenho, o número de americanos visitando o país deu um salto. Washington, no entanto, continua a impedir que seus cidadãos viagem à Cuba para fazer turismo. A viagem é permitida somente quando é classificada em uma das 12 categorias aprovadas pelo governo.
Essas restrições são um desafio para as companhias aéreas que operam voos para Cuba. E a venda de bilhetes fica a cargo do banco Stonegate, baseado na Flórida, que é atualmente o único banco a realizar operações financeiras entre os EUA e Cuba.
Enquanto isso, a JetBlue afirmou estar trabalhando com as autoridades cubanas num mecanismo que irá facilitar a compra de passagens em Cuba. Por ora, eles podem ser adquiridos somente no aeroporto de Santa Clara.
No total, os voos comerciais deverão somar 110 viagens de ida e volta diárias, com 90 já autorizadas por ambos os governos para nove aeroportos cubanos, muitos deles em ou próximos de locais turísticos.
Além da JetBlue, cinco outras companhias aéreas americanas – American Airlines, Frontier Airlines, Silver Airways, Southwest Airlines e Sun Country Airlines – receberam licença para operar voos para cidades cubanas como Camaguey, Cayo Coco, Santa Clara e Santiago de Cuba. Elas poderão operar voos partindo de Miama, Fort Lauderdale, Chicago, Minneapolis e Filadélfia.
Não haverá, no entanto, voos para Havana, apesar de uma série de empresas americanas ter requerido a operação de voos para a capital. A Jetblue disse esperar, no entanto, dar início a um serviço com destino à cidade até o fim deste ano.
Apesar dos avanços, Cuba considera que o restabelecimento dos voos regulares dos EUA para o país só alcançará seu real potencial quando o governo americano suspender as restrições do embargo econômico à ilha, afirmou nesta terça-feira a diretora para os Estados Unidos do Ministério das Relações Exteriores cubano, Josefina Vidal.
"Voos regulares dos EUA alcançarão real potencial apenas quando terminar a proibição de viagens a Cuba ainda vigente pelo bloqueio", escreveu no Twitter.
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