O retorno das celebrações juninas, após dois anos de restrições devido a pandemia, deve impulsionar as vendas de milho no Mercado da Agricultura Familiar, localizado em Lagoa Nova, zona sul de Natal. Segundo Ruberlânio França, coordenador comercial, a expectativa é de que um milhão de espigas de milho sejam vendidas, aumento de 20% quando comparado aos dois anos anteriores. Comerciantes estão otimistas e já notam um aumento no movimento. A Feira do Milho permanece no local até o dia 30 de junho.
A “mão” do milho, venda correspondente a 50 espigas, ainda é comercializada na mesma faixa dos dois anos anteriores por R$ 30, podendo chegar até R$ 35 em um leve aumento de 16,67% e R$ 25 a depender da qualidade. Já a espiga de milho vendida de forma individual definitivamente aumentou: em 2020 e 2021, o valor oscilava entre R$ 0,50 e R$ 0,70 e, hoje, é encontrada por R$ 0,60 e R$ 1,00. Ao todo, são 11 barracas que ficam no pátio do Mercado, anterioramente conhecido como Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Cecafes) e a pechincha é encorajada pela administração.
“Começamos no dia 27 de maio, finalizamos oficialmente no dia 30 de junho, mas pretendemos estender até 15 de julho devido a um pedido dos agricultores. Estamos abertos das 6h às 20h, com horário ampliado para 22h nos dias de festa. Esperamos comercializar mais de um milhão de espigas e, nos últimos dois anos, a média foi de 800 mil. Comprando na “mão”, o desconto é melhor. Os preços variam a depender da barraca, por isso é importante que o consumidor venha e pechinche na hora da compra”, diz Ruberlânio.
Para José Mário da Silva, conhecido como Pretinho, o movimento na Feira já está muito melhor do que em 2021. Diariamente, ele traz milho plantado em Veracruz para vender no Mercado. “Esse período de chuva foi bom demais, graças a Deus. A safra está de qualidade. Cheguei hoje com duas mil unidades e, agora às 9h, já vou mandar trazer mais. A “mão” tá R$ 35 e a espiga sai por R$ 0,70. Chegando mais perto do São João vai aumentar um pouquinho, mas tá saindo bem demais”, comenta o agricultor de 32 anos.
As barracas de seu José Luiz Herculano, tanto no Mercado quando na Centrais de Abastecimento do RN (Ceasa), estavam com clientes finalizando suas compras. Há 25 anos, ele trabalha nos locais como vendedor. “O milho daqui vem de Touros, São José do Campestre e Monte Alegre. Tenho três preços de R$ 35, R$ 30 e R$ 25, indo do produto de primeira até um milho mais fraco. A espiga sai 15 por R$ 10 e a unidade é R$ 0,60”.
“Com o São João voltando, vai ter evento em escolas, festa junina do povo, então a expectativa é de uma boa venda esse ano. Na pandemia, foi difícil porque o movimento foi fraco e ficamos sem saída, trabalhando prensado e com medo de pegar a doença. Agora já melhorou muito, assim como em 100%. Trago 20 mil unidades por dia para as duas barracas. No final do mês, se faltar milho vai aumentar um pouco mas se tiver bastante o preço pode até cair”, complementa.
Madson Fonseca, enfrentou uma praga na sua plantação que afetou a quantidade de produto disponível. Mesmo assim, espera “bombar” nas vendas com a unidade de de R$ 1,00 e a“mão” entre R$ 35 e R$ 30. “Perdemos umas 40 mil unidades, mas vamos ter muito milho para o São João. Cada dia tá melhorando por aqui, estamos voltando com força dessa pandemia e vamos melhorar em nome de Jesus”, relata.
O mês de junho, principalmente na região Nordeste, é muito aguardado pelos seus festejos e, principalmente, pela comida típica da época junina. Na cozinha, o milho é rei, ingrediente indispensável para inúmeros preparos populares como bolo, canjica e pamonha. Além disso, ele sozinho é uma boa pedida, seja assado ou cozido. Dona Alba Gomes, 69 anos, correu para garantir o produto na Feira. Os clientes do seu comércio em Nova Descoberta já estavam sentindo falta.
“Ontem, faltou até milho de tanto que vende. Fiquei um dia sem vir e já me perguntaram”, diz.
Espaço
A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) define um ordenamento geográfico para comercialização do produto nas principais feiras da cidade. A princípio, a tradicional feira do Carrasco, no bairro das Quintas, servirá de piloto para a experiência. O objetivo é evitar transtornos na mobilidade das pessoas e dos veículos, devido à venda desse produto ocupar áreas mais extensas, chegando a invadir as vias de trânsito, como também reduzir o acúmulo de lixo produzido pela palha do milho.
O Setor de Feiras da Semsur promoveu uma reunião com os comerciantes de milho da Feira do Carrasco e o local estratégico para a venda do produto foi demarcado entre as avenidas dos Paianazes e Baraúna. A Semsur apela aos vendedores e aos consumidores para não descascar o produto na feira, como forma de evitar o descarte e acúmulo de palha em via pública.
TRIBUNA DO NORTE
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