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quarta-feira, 31 de maio de 2023

Presidente do Uruguai desmente Lula: ditadura na Venezuela não é ‘narrativa’


 Foto: WALTER PACIELLO/AFP.

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, criticou nesta terça-feira (30) a fala do presidente Lula (PT) sobre a Venezuela durante a cúpula dos presidentes da América do Sul, em Brasília.

Lula afirmou que as considerações de que a Venezuela vive um regime ditatorial são “narrativa”. “Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo. Você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, de antidemocracia e do autoritarismo”, disse o petista ontem (29).

O uruguaio expressou surpresa com essa afirmação e disse que o pior que se pode fazer é ignorar a situação. Ele também mencionou que o Uruguai voltou a ter um embaixador em Caracas e que tem o direito de opinar sobre a situação na Venezuela.

“Fiquei surpreendido quando se falou que o que aconteceu na Venezuela é uma narrativa. Todos já sabem o que nós pensamos com respeito a Venezuela e sobre o governo da Venezuela. Se há tantos grupos no mundo que estão tratando de mediar para que a democracia seja plena na Venezuela, que se respeite os direitos humanos, que não haja presos políticos, o pior que podemos fazer é tapar o sol com o dedo. Damos o nome que tem e ajudamos”, afirmou Lacalle Pou.

A declaração do presidente uruguaio foi feita na mesa de reunião com Lula e o próprio presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Por Diário do Poder.

China deve se preparar para cenário de guerra, diz Xi Jinping


Ju Peng/AP

O líder chinês Xi Jinping pediu a seus principais funcionários de segurança nacional que pensem nos cenários de “pior caso” e se preparem para “mares tempestuosos”, enquanto o Partido Comunista intensifica os esforços para combater quaisquer ameaças internas e externas percebidas.

“A complexidade e dificuldade das questões de segurança nacional que agora enfrentamos aumentaram significativamente”, disse Xi em uma reunião da Comissão de Segurança Nacional do partido, informou a agência de notícias estatal Xinhua.

“Devemos aderir ao pensamento de linha de fundo e ao pensamento do pior cenário, e nos preparar para passar pelos principais testes de ventos fortes e ondas fortes e até mares perigosos e tempestuosos”, acrescentou.

As últimas instruções severas de Xi, o líder mais poderoso da China em décadas, ocorrem quando Pequim enfrenta uma série de desafios, desde uma economia em dificuldades até o que vê como um ambiente internacional cada vez mais hostil.

 Diante do que chamou de situação “complexa e grave”, Xi disse que a China deve acelerar a modernização de seu sistema e capacidades de segurança nacional, com foco em torná-los mais eficazes no “combate real e no uso prático”.

Ele também pediu que a China avance com a construção de um sistema de monitoramento e alerta precoce de riscos à segurança nacional, aprimore a educação em segurança nacional e melhore o gerenciamento de dados e a segurança da inteligência artificial.

Desde que chegou ao poder há uma década, Xi fez da segurança nacional um paradigma-chave que permeia todos os aspectos da governança da China, dizem os especialistas.

Ele expandiu o conceito de segurança nacional para cobrir tudo, desde política, economia, defesa, cultura e ecologia até o ciberespaço. Estende-se do fundo do mar e das regiões polares ao espaço, bem como big data e inteligência artificial.

Sob a noção de Xi de “segurança nacional abrangente”, a China introduziu uma série de leis para se proteger contra ameaças percebidas, incluindo leis sobre contraterrorismo, contraespionagem, segurança cibernética, organizações não governamentais estrangeiras, inteligência nacional e segurança de dados.

Mais recentemente, ampliou o escopo de sua já abrangente lei de contraespionagem de cobrir segredos de estado e inteligência para quaisquer “documentos, dados, materiais ou itens relacionados à segurança e interesses nacionais”.



“Tudo na RPC de Xi é segurança nacional e há um foco cada vez maior em coordenar melhor a segurança e o desenvolvimento, com o lado da segurança vencendo o lado econômico ao que parece”, escreveu Bill Bishop, observador de longa data da China, no boletim Sinocism , referindo-se à China com seu nome oficial, República Popular da China.

Em Hong Kong, uma ampla lei de segurança nacional foi imposta por Pequim para acabar com a dissidência depois que grandes protestos democráticos agitaram a cidade.

A percepção de que a segurança substituiu o crescimento econômico como a principal prioridade de Pequim é agravada por vários ataques recentes a empresas estrangeiras, incluindo a consultoria americana Bain & Company e a empresa de due diligence Mintz Group.

As incursões assustaram os negócios internacionais, em um momento em que o governo chinês está tentando atrair investimentos estrangeiros para ajudar a reviver uma economia em desaceleração prejudicada por três anos de restrições zero-Covid.

Em março, as autoridades chinesas detiveram um funcionário japonês da Astellas Pharma em Pequim sob suspeita de espionagem – o 17º cidadão japonês a ser detido na China desde que a lei de contraespionagem foi introduzida em 2014.

Na reunião de terça-feira, Xi disse que a China deve moldar proativamente um “ambiente externo seguro” para melhor manter a segurança da “abertura” do país e “promover a profunda integração do desenvolvimento e da segurança”.

CNN


LAJES AGORA TEM MARCA TURÍSTICA


 A primeira logomarca do turismo de Lajes/RN foi criada com simbologia e tipografia, e traz uma proposta inovadora. A simbologia vem com um formato de um retângulo, neste, aplicado o Pico do Cabugi e a Serra do Feiticeiro por trás, através de linhas abstratas, esses que são grandes potenciais turísticos na nossa cidade.

Como complemento, temos a frase “NO MEIO DO CAMINHO, UM DESTINO: LAJES”, que se tornou o SLOGAN junto ao projeto da simbologia formando a logomarca, assim, unindo as duas ideias a uma só.
Vem entender melhor a nossa marca:
Para compreender melhor, o céu representa a capacidade que o povo lajense tem, tendo o céu como limite;
A Serra do Feiticeiro, representando que temos potencial turístico, histórico, ambiental e social;
O Cabugi, representando nossa IGR e nossa identidade.

Artesãos seguem avançando em Lajes-RN

 


Os nossos artesãos seguem avançando!
🤩👏🏻
Durante os dias 25 e 26 deste mês, a Prefeitura de Lajes em parceria com o SEBRAE, proporcionou dentro do programa Cidade Empreendedora, o Workshop de Precificação e atendimento voltado aos nossos artesãos.
O momento aconteceu na Indústria do Conhecimento do SESI em nossa cidade e teve uma ótima adesão do segmento contemplado.
👏🏻👏🏻
A partir desse Workshop, os nossos artesãos seguem se preparando cada vez mais para a realização da Feira das Artes e a participação deles em eventos voltados ao segmento dentro e fora do nosso município.

Fonte: PML

ICMS sobre gasolina muda nesta quinta-feira e deve elevar preços

 


Foto: Reprodução/EPTV

Os estados vão fazer mudanças no formato de cobrança do ICMS sobre a gasolina a partir desta quinta-feira (1º). A nova medida deve elevar o preço médio do litro do combustível no Brasil, segundo estimativas de consultorias.

Cobrado pelos estados, o tributo passará a incidir com uma alíquota fixa (em reais) de R$ 1,22 por litro a partir de amanhã.

Até esta esta quarta-feira (31), o imposto era calculado em uma porcentagem do preço, que varia de 17% a 23%, dependendo do estado. De acordo com estimativa do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), nesse formato, a média atual do tributo nos estados era equivalente a R$ 1,0599 por litro de gasolina.

“Com a vigência do valor ad rem, de R$ 1,22/litro, a partir de 1º de junho, um aumento médio de R$ 0,16/litro, o que representa um aumento médio de 22% no preço final ao consumidor, na média Brasil”, afirmou a CBIE.

Impacto por estado

Como atualmente cada estado cobra um percentual diferente de ICMS sobre o preço da gasolina, a unificação das alíquotas e adoção de um patamar em reais (conhecido como “ad rem”) de R$ 1,22 para todos eles impactará de forma diferente os preços.

De acordo com cálculos da Leggio Consultoria, especializada em petróleo, gás e energia renovável, o custo do combustível ao consumidor deverá ficar mais caro na grande maioria dos estados.

g1

Editorial do Estadão: ‘Lula envergonha o Brasil’

 


Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo.

Editorial do jornal O Estado de S. Paulo publicado nesta quarta-feira, 31, sobe o tom com o presidente Lula, por causa da recepção ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, no Brasil. Segundo o Estadão, o petista “envergonha o Brasil” com seus acenos ao chavista.

“Depois de estender o tapete vermelho para Nicolás Maduro, pária mundial por razões óbvias, o petista declarou que o tirano venezuelano é um governante legitimamente eleito e que a Venezuela, portanto, é uma democracia exemplar”, observou o jornal. “Na opinião de Lula, todas as inúmeras denúncias de violações de direitos humanos, de manipulação das eleições e de perseguição a dissidentes e jornalistas naquele país não passam de ‘narrativa que se construiu contra a Venezuela’. Lula então sugeriu ao ‘companheiro Maduro’ que ‘construa a sua narrativa’, que ‘será infinitamente melhor do que a narrativa que eles têm contado contra você’.”

Adiante, o Estadão afirma que Lula se refere à União Europeia e aos Estados Unidos, quando fala “nossos adversários”. “Na ‘narrativa’ de Lula, americanos e europeus simplesmente ‘não gostam’ de Maduro, por puro ‘preconceito’, e por isso resolveram inviabilizar o governo chavista — e as agruras dos venezuelanos, com hiperinflação, escalada da miséria e da fome e êxodo de 7 milhões de cidadãos em poucos anos, seriam resultado das sanções internacionais, e não da ruína do país promovida pelo chavismo.”

Por fim, o jornal diz que Lula tem “delírios” de uma Venezuela beneficiada com obras de infraestrutura custeadas pelo Brasil, mesmo o Ministério da Fazenda “catando moedas no vão do sofá”. Além disso, segundo o Estadão, a julgar pelo “obsceno discurso de Lula”, é uma narrativa que faz brilhar os olhos do chefão petista.

Por Revista Oeste.


Com risco de derrota do governo, Lira adia para votação de MP dos Ministérios


 Foto: Câmara dos deputados.

Com risco de derrota para o governo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), adiou para a manhã desta quarta-feira, 31, a votação da Medida Provisória (MP) que reestrutura a Esplanada dos Ministérios. Insatisfeitos com a articulação política do Palácio do Planalto, deputados de partidos como União Brasil, Republicanos e PP ameaçaram votar contra o texto, além do oposicionista PL.

Na avaliação de líderes partidários, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá que “entrar em campo” para tentar solucionar a falta de coesão da base aliada no Congresso. Há reclamações principalmente sobre o ritmo de liberação de emendas e a demora na nomeação de aliados para cargos regionais. A MP perde validade se não for aprovada pelos plenários da Câmara e do Senado até quinta-feira, dia 1º. Nesse caso, voltaria a estrutura ministerial do governo Bolsonaro.

“Há um clima de insatisfação que eu nunca vi igual. Parece que o governo já tem quatro anos. É um governo novo que é velho. Está muito complicado. Ninguém tinha confiança de que, se votasse hoje (terça-feira, 30), o governo ganharia. O risco de derrota era iminente. Até os líderes petistas e da esquerda têm essa consciência de que o governo está totalmente desarrumado politicamente”, disse o deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE), que faz oposição ao governo.

Desde a semana passada, parlamentares começaram a ensaiar um movimento de resistência à aprovação da MP, favorável à caducidade da medida, não por queixas ao relatório, mas como uma sinalização de insatisfação ao tratamento dado pelo Executivo junto às bancadas.

Líderes da Câmara se reuniram com Lira na noite da terça-feira, antes da votação, para dar encaminhamento à proposta. De acordo com relatos ouvidos pela reportagem, aliados do Executivo pediram distensionamento da relação entre a Casa e o governo e voltaram a prometer andamento nas demandas dos parlamentares, envolvendo, principalmente, a liberação de emendas.

A expectativa é que nesta quarta seja votado, sem mudanças, o parecer do relator, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), com o esvaziamento das pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, comandadas, respectivamente, por Marina Silva e Sônia Guajajara. Sem base consistente no Congresso, o governo deixou de atuar para evitar o enfraquecimento das ministras e passou a correr o risco de ver a MP ser derrubada.

Deputados afirmaram antes da votação que a credibilidade de Isnaldo no Congresso poderia colaborar para que o plenário não derrubasse a matéria de interesse do governo. “Ele (Isnaldo) é amigo de todos. Se fosse outro relator, já teria detonado (a MP)”, disse um deputado à reportagem. “Pessoal fica constrangido em votar contra o Isnaldo”, avaliou outro, em condição de anonimato.

Na semana passada, como mostrou o Broadcast Político, líderes partidários da Câmara já diziam que havia um “pacto” entre os dois maiores blocos da Casa, que juntos somam 315 deputados, para barrar qualquer tentativa do governo de reverter as mudanças feitas por Isnaldo na estrutura ministerial. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação política com o Congresso, e o titular da Casa Civil, Rui Costa, chegaram a dizer que o Palácio do Planalto atuaria para evitar a desidratação das pastas chefiadas por Marina e Guajajara, mas isso não ocorreu.

O esvaziamento do Ministério do Meio Ambiente na MP é mais um revés para Marina, que tem sofrido derrotas em série no Congresso e no governo. Na semana passada, a Câmara anulou alterações feitas pelo Senado em uma medida editada ainda no governo Bolsonaro e voltou a permitir a instalação de linhas de transmissão de energia, gasodutos e sistema de abastecimento público de água na Mata Atlântica sem estudo prévio de impacto ambiental ou compensações. Lula ainda pode vetar esse trecho do texto.

Além disso, a ministra trava uma disputa com o Ministério de Minas e Energia após o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negar pedido da Petrobras para a exploração de petróleo na bacia da foz do Amazonas.

Por Estadão Conteúdo.

NOBLAT: Se não está ficando gagá, Lula sofre um apagão de inteligência


 Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles.

Errar é humano. Diz-se que somos o único animal capaz de aprender com os próprios erros. Duvido, dados os erros que cometemos e repetimos. Qualquer ratinho de laboratório, depois de algumas tentativas, aprende a não fazer o que só o prejudica.

Lula fez muito bem em restabelecer as relações entre o Brasil e a Venezuela rompidas nos últimos quatro anos por seu antecessor pouco inteligente e candidato a governar o país da mesma maneira autoritária como Nicolás Maduro governa o dele.

Isolar uma ditadura, como a da Venezuela, na maioria das vezes só contribui para sua estratificação. Os Estados Unidos isolaram Cuba desde que Fidel Castro desceu de Sierra Maestra em 1959. Castro morreu e, no entanto, Cuba permanece como ele a deixou.

Na véspera, ao cortejar Maduro, Lula apresentou-o como um democrata. E aconselhou-o publicamente, como antes o fizera em particular, a construir uma narrativa para convencer o mundo que a democracia está viva na Venezuela. É tudo o que não está.

A oposição vive amordaçada. O simulacro de democracia que existe na Venezuela permitiu que Maduro se reelegesse depois de excluir do páreo seus dois principais adversários. São 7 milhões de refugiados, e todos compartilham a mesma narrativa de horror.

Os abusos do regime Maduro caem à vista de todos como frutas podres. Estão quase todos documentados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e são investigados pelo Tribunal Penal Internacional, que apura crimes contra a Humanidade.

Lula, contudo, finge desconhecê-los. Disse:

“O preconceito contra a Venezuela é muito grande. […] Nossos adversários vão ter que pedir desculpas pelo estrago que eles fizeram na Venezuela”.

Nossos adversários, quem, cara pálida? Adversários de ditaduras de esquerda ou de direita são meus amigos; aliados, meus inimigos. Ontem, ao invés de corrigir-se, Lula admitiu não poder avaliar a situação da Venezuela porque não a visita há 10 anos.

Ler não dói. Se não sabia disso, Lula aprendeu nos 580 dias que passou preso em Curitiba, lendo. Relatório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos fala em “detenções arbitrárias, maus-tratos e tortura” na Venezuela de Maduro.

Os Estados Unidos são culpados por ditaduras que instalaram ou ajudaram a instalar, mas a venezuelana não é obra deles. Lula sofre de um apagão de inteligência, na melhor das hipóteses. Ou o peso da idade e a falta de atualização o estão deixando gagá.

Por Blog do Noblat – Metrópoles.

Governo do RN anula prova de concurso da Fundase


 Foto: Divulgação.

O Governo do Rio Grande do Norte anulou a prova do concurso público da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fundase) que prevê 577 vagas para cargos de nível médio e superior no Estado. A informação foi divulgada pelo Secretário de Estado da Administração, Pedro Lopes, por meio do Twitter.

Segundo o titular da pasta, a comissão da Fundase recebeu uma denúncia de vazamento da prova do curso de formação, ‘que aconteceu por erro grosseiro da banca’. A decisão, nesse sentido, foi anular a prova. Uma reaplicação da prova deverá ocorrer para evitar o futuro cancelamento do concurso. “Lamentamos o ocorrido”, finalizou Pedro Lopes.

Concurso da Fundase

A aplicação das provas do concurso da Fundase ocorreu no dia 6 de novembro de 2022. A data foi escolhida após prorrogação da data inicial em que seriam realizados os exames, 18 de setembro do ano passado, e atendeu uma recomendação do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) de retificação do quantitativo das vagas para pessoas com deficiência (PcD).

As vagas do certame são para Técnico Administrativo, Analista Socioeducativo, Agente Socioeducativo (Psicólogos, Assistentes Sociais e Pedagogos) e Analista Socioeducativo Administrativo (Contadores e Analistas de Sistema). As remunerações chegam até R$ 3.967,09.

Por Tribuna do Norte.

VÍDEO: Repórter da Globo, Delis Ortiz, levou soco no peito da segurança do ditador Maduro

 


A repórter da Rede Globo Delis Ortiz foi agredida nesta terça-feira (30/05) com um soco no peito durante uma confusão após a coletiva do ditador venezuelano Nicolás Maduro. O ditador veio ao Brasil para reunião da União das Nações Sulamericanas (Unasul), que ocorreu nesta terça-feira. A recepção surpresa no Planalto na segunda-feira (29/05) gerou controvérsia, em especial a declaração do presidente Lula (PT) banalizando denúncias sobre violações de direitos humanos na Venezuela como se fossem “narrativas“.

Ontem (29/05), a repórter Delis Ortiz perguntou a Lula e Maduro qual é o tamanho atual da dívida da Venezuela, crescente porque também deixou de pagar outros fornecedores brasileiros nesse período.

A TV Globo afirmou que repudia o ato de violência contra os jornalistas, se solidariza com a repórter Delis Ortiz e aguarda as providências a serem tomadas pelo Palácio do Planalto para a punição dos responsáveis e para evitar que episódios como este se repitam.

Com informações de g1

via BG

segunda-feira, 29 de maio de 2023

STF decide que demissão sem causa não precisa de justificativa; nada muda na lei atual


FOTO: Tiago Queiroz/AE

 O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria pela decisão de que empregadores não precisam de justificativa formal para demitir funcionários sem causa ou justificativa, validando um decreto presidencial de 1996.

O placar, de 5 a 6, teve voto decisivo do ministro Kassio Nunes Marques, incluído no plenário virtual da Corte na sexta-feira (26) à noite. Em seu voto, Nunes Marques seguiu declarou que a revogação de tratados internacionais por um ato isolado do presidente depende de autorização do Congresso.

Porém, propôs que o entendimento só deve valer para casos futuros, não alcançando a decisão de FHC, nem outras revogações ditadas por decreto presidencial.

“É importante destacar que, conquanto louvável o zelo do art. 158, OIT, seus efeitos podem ser adversos e nocivos à sociedade. Isso provavelmente explica a razão da denúncia feita por decreto pelo presidente Fernando Henrique Cardoso à época, cioso quanto ao fortalecimento do número de empregos, bem como à necessidade, para isso, de investimento nacional e internacional, com vistas à evolução e geração de desenvolvimento da própria sociedade brasileira. Daí a necessidade de se conferir ao julgado efeitos prospectivos”, escreveu o magistrado.

O ministro pontuou ainda que a convenção da OIT que motivou a ação não foi aceita pela maioria dos países-membros, como Alemanha, Inglaterra, Japão, Estados Unidos, Paraguai e Cuba. E que a sua adesão poderia representar riscos para os empregadores.

Além de Nunes Marques, Gilmar Mendes e André Mendonça aderiram à tese do meio-termo. O placar dando validade ao decreto de FHC sobre a justa causa se completou com os votos de Nelson Jobim e Dias Toffoli, que julgaram procedente a permissão para que o presidente da República revogue a adesão a tratados internacionais.

Foram contrários o relator, o ministro aposentado Mauricio Corrêa, além de Carlos Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski, porém com gradações e diferentes interpretações da questão.

O entendimento diverso fez com que o STF ainda não proclamasse o resultado, o que não tem prazo para ocorrer. A proclamação é que dará o entendimento fechado da Corte sobre as atribuições do presidente e do Congresso na revogação de tratados e a adesão a convenções internacionais, o objeto em debate na ação.

O processo foi iniciado em 1997 e estava parado desde outubro do ano passado, após pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. Os ministros avaliaram a constitucionalidade do decreto, editado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que afastava os efeitos no país da convenção 158, da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

Pela convenção, é obrigatório ao empregador, assim como no serviço público, justificar o motivo pelo qual está demitindo o empregado. De acordo com a regra, a “demissão sem justa causa” seria proibida, como existe no serviço público. O dono do negócio seria obrigado a manter o empregado, ainda que não se enquadre no perfil do cargo que está exercendo.

TRIBUNA DO NORTE

Atraso na conclusão de ETEs dificulta investimentos imobiliários em Natal


 FOTO: Adriano Abreu

Com obras que se arrastam há quase 10 anos, a demora para a conclusão de duas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) em Natal tem limitado a implantação de empreendimentos imobiliários na cidade. De acordo com o Sindicato da Indústria de Construção Civil do RN (Sinduscon-RN), o problema ocorre em relação à emissão do documento de viabilidade técnica por parte da Caern, que tem alegado, conforme o Sinduscon, incapacidade da rede  de esgoto para receber ligações de grandes investimentos. A Companhia informou que tem sido necessário “fazer uma análise mais criteriosa para absorver a demanda solicitada, garantindo a funcionalidade e eficiência do sistema de água e esgoto”.

A operação das novas ETEs, segundo a Caern, irá absorver toda a demanda existente, mas a previsão é que a última delas só entre em funcionamento em 2025. A questão tem impactado os equipamentos em fase de finalização de construção, segundo Hugo Medeiros, vice-presidente de Políticas Ambientais do Sinduscon-RN e se estende também à abertura de novos negócios. “Nós não estamos conseguindo viabilizar novos projetos por causa dessa alegação da Caern, sobre a limitação da rede”, relata Medeiros.

A Companhia afirma que a situação não impede a implementação de investimentos. Hugo Medeiros explicou que o gargalo tem interferido diretamente nos projetos de maior porte, como hotéis e edificações  multifamiliares. “O documento da Caern faz parte do licenciamento e da  legalização do empreendimento. Sem ele, a gente não consegue viabilizar novas construções”, relata.

Outra grande preocupação, de acordo com ele, é com os edifícios em fase de finalização de obras. “Nesses casos, foi emitida uma viabilidade técnica lá atrás (em 2019, 2020, 2021), os empreendimentos foram construídos com base naquele documento e agora, na hora de fazer a ligação definitiva, a Caern está mudando o entendimento, afirmando que a rede não pode mais receber esgoto. Ou seja, a alteração está ocorrendo  durante a operação de execução da obra. Mudar tudo de última hora não é simples, porque toda a estrutura predial foi pensada para receber a ligação de fora”, aponta Hugo Medeiros. 

Ele diz que o Sinduscon espera conversar com a Companhia para encontrar saídas para a situação. “A gente está tentando se aproximar da Caern para ter um diálogo com informações concretas, soluções e prazos para finalização das ETEs”, relata. Procurada, a empresa informou que, sobre os empreendimentos em finalização de construção, “o documento de viabilidade técnica precisa ser atualizado todos os anos, dentro do prazo de validade vigente".

A Companhia de Águas disse manter “todos os pedidos que seguem esse procedimento conforme legislação e se o construtor perde o prazo de renovação, o pedido passa a ser entendido como desistência”. Com isso, disse a Caern, “a vazão é autorizada para outra obra”. Assim, se a autorização que foi solicitada no período de um ano antes for pedida novamente, a petição passa a ser analisada “sob as condições atuais”. A empresa esclareceu que pedir viabilidade técnica somente ao final da obra, “fere os normativos vigentes”.

Sobre os novos investimentos, a Companhia informou que não há inviabilidade em razão da limitação da rede, no entanto, os empreendimentos devem “apresentar em seu projeto um sistema de tratamento individual do condomínio, como é feito em todos os municípios do País que ainda não têm cobertura de 100% do sistema de esgotamento sanitário". 

Entretanto, diz a Caern, quando a  construção das ETEs e redes for finalizada e assim “seja possível fazer a ligação”, o condomínio poderá solicitá-la junto à Companhia.

Demandas serão absorvidas com novas estações

A solução para o problema seria a conclusão das obras das ETEs Jundiaí/Guarapes, na zona Oeste e Jaguaribe, na zona Norte, que garantirão tratamento de esgoto para 100% da cidade, segundo a Caern. Com isso, explica a Companhia, as demandas desses empreendimentos poderão ser absorvidas. A questão é que a cidade só deve contar com cobertura integral de esgotamento sanitário em 2025, se as novas  projeções de conclusão das obras se confirmarem.

“A ETE Jaguaribe tem prazo para início das operações com esgoto em junho de 2024 (esse prazo já contempla a conclusão da obra, teste dos equipamentos, parametrização e automação do sistema e testes com esgoto bruto). Já a ETE Jundiaí tem prazo para início das operações com esgoto em junho de 2025  e esse prazo também já contempla a conclusão da obra, teste dos equipamentos, parametrização e automação do sistema e testes com esgoto bruto”, afirma  o superintendente de Operação e Manutenção da Caern, Ricardo Barros.

Segundo ele, após a homologação do PDN, no ano passado,  “dezenas de pedidos de viabilidade” de projetos para esgotamento sanitário ligado à rede de tratamento da  Companhia, chegaram para análise. O superintendente não informou a quantidade desses pedidos nem disse quantos ligações deixaram de ser permitidas em razão da limitação. 

“A aprovação para ligar novos projetos na rede atual da Caern passa por análise sob critérios técnicos que avaliam a capacidade das redes e tratamento. É importante afirmar que não há bairros com impossibilidade taxativa de novas ligações, uma vez que cada empreendimento pode projetar seu sistema de tratamento individual em caso de inviabilidade de recebimento no sistema de esgotamento sanitário existente”, afirma Barros.

“Isso já é feito em vários empreendimentos em funcionamento na cidade do Natal”,  acrescenta o superintendente. O secretário de Meio Ambiente e Urbanismo da capital, Thiago Mesquita, esclarece que o novo Plano Diretor de Natal (PDN) aponta direcionamentos para essa situação.
 
Ele citou o Artigo 15 do PDN, alínea 9, que estabelece: “Enquanto não for efetivada a ligação definitiva do sistema de coleta público, com o devido tratamento final, poderão os empreendimentos ser liberados para licenciamento, fazendo uso de coeficiente de maior valor da básica do ano, temporariamente, utilizando Estação própria de Tratamento de Esgoto”. Questionado se a medida causará ônus aos empreendimentos, Mesquita explicou que não.

“Vamos pegar como exemplo um projeto em Ponta Negra, que saiu do coeficiente 1,5 para 3,5.  Isso significa que podem ser construídos 2 mil metros quadrados a mais hoje em dia. Considerando que o valor do metro quadrado no bairro é de  aproximadamente R$ 8 mil, ao multiplicarmos esse valor pelos 2 mil metros novos permitidos, estamos falando de R$ 16 milhões a mais para o empreendedor, se ele vender proporcionalmente  por metro quadrado”, diz o secretário.

“Enquanto isso, o custo de uma bomba elevatória mais barata custa em torno de R$ 50 mil. A compacta, mais cara, não passa de R$ 500 mil. Quem vai ficar chateado de investir R$ 50 mil para lucrar R$16 milhões? E outra coisa: não é obrigado fazer transposição [para um coeficiente maior]. Se o empreendedor não quiser gastar nada, ele pode manter  1,5, que é o  permitido hoje”, complementa Mesquita.

Conclusão das ETEs é prometida há anos

As obras das duas estações de tratamento de esgoto que devem tornar a capital 100% saneada começaram há quase 10 anos. A mais antiga, a ETE Jaguaribe, na zona Norte, teve os serviços iniciados em 2014, com promessa de início de funcionamento em 2021. O prazo havia sido esticado para o final deste ano e agora, uma nova previsão coloca o  início de funcionamento para junho de 2024. Com a ETE, Natal deve passar dos atuais 43,27% para 80% de cobertura de esgoto.

Já as obras da ETE Jundiaí tiveram início em 2016, com previsão de conclusão no fim de 2018. Depois a estimativa passou para 2022. Em seguida, a expectativa passou para o final de 2024, mas foi estendida para junho de 2025, conforme nova previsão da Caern. O total investido nas duas obras será de R$ 277,2 milhões, entre recursos federais e estaduais.

Com a operação das novas ETEs, todo o esgoto de Natal será direcionado para três grandes estações: além das duas novas, estará na ativa a ETE do Baldo, como já ocorre hoje. A Jaguaribe absorverá todo o esgoto das zonas Norte e Oeste, enquanto a Jundiaí/Guarapes receberá o esgoto da região Sul. Nesse novo desenho, estações ativas como a de Ponta Negra (Rota do Sol), Pium, Jardim Lola, entre outras, deixarão de existir e serão transformadas em estações de bombeamento para uma das duas novas ETEs.

Enquanto as operações não começam, o vice-presidente de Políticas Ambientais do Sinduscon-RN, Hugo Medeiros, lamenta as dificuldades para o desenvolvimento de novos negócios na cidade. “O Plano Diretor abriu ares, só que hoje a gente segue com essa barreira, que é muito complicada”, reclama.

TRIBUNA DO NORTE

Limite de gastos, gatilhos e arrecadação: como os países controlam suas contas


 FOTO: Agência Brasil

Mecanismos para controle de gastos podem parecer naturais nas economias contemporâneas. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou a proposta da nova regra fiscal que deve substituir o teto de gastos, implementado durante o governo do ex-presidente Michel Temer.

Apesar de parecer recente, a inclusão de regras para a manutenção e controle do equilíbrio orçamentário nas cartas constitucionais data desde meados do século XIX.

No entanto, as últimas décadas foram marcadas por avanços significativos para esta área. Desde 1980 que não apenas diversificaram-se os mecanismos institucionais de controle das despesas governamentais, mas também se multiplicaram os países adeptos dessas regras fiscais.

Segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), em 1990 apenas sete de seus 190 membros adotavam algum tipo de regra fiscal. Hoje, de acordo com a última atualização do órgão, em 2021, são 106 nações, um número que deve continuar subindo.

“As regras existem para controlar o viés deficitário dos governos. Todos eles têm um viés deficitário, pois qualquer governo mais liberal ou mais à esquerda, tem uma tendência sempre a gastar. Qualquer política pública que precisa ser feita, precisa ser financiada de alguma maneira e isso vai envolver algum gasto”, explica Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos.

A importância desse tipo de mecanismo se dá por estabelecer o controle da dívida pública, uma vez que, um descontrole da dívida pode comprometer a capacidade do governo para colocar em prática investimentos e programas sociais.

Ele proporciona ainda um controle da inflação ao colocar limites para que o governo não gaste em excesso, evitando pressões sobre os preços.

Um arcabouço também é importante para a redução de juros, ponto defendido por muitos economistas e reconhecido pelo Banco Central (BC). Uma regra crível e que controle o crescimento das despesas melhora o ambiente e auxilia o BC em sua política monetária.

Regras fiscais estimulam o crescimento econômico e os investimentos, uma vez que traz previsibilidade para as contas públicas e torna transparente a trajetória de endividamento do governo.

Os tipos de regras

O Fundo Monetário Internacional (FMI) identifica 4 tipos de regras fiscais, são elas: regra de dívida, de gasto, de receita e de resultado orçamentário. Segundo os dados da instituição, grande parte dos países utiliza duas ou três delas simultaneamente.

Para avaliar cada uma delas, foram utilizados materiais disponibilizados pelo economista-chefe da Warren, Felipe Salto, e pelo pesquisador do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da USP, Pedro Romero Marques.

Regra de dívida

A regra de dívida (DR, na sigla em inglês) limita o tamanho dos débitos do país. Normalmente, os países estabelecem este princípio através de uma porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB). Por exemplo, definir que o limite para o endividamento público de um país será de 60% do PIB.

O principal objetivo desta regra é o de garantir uma trajetória de sustentabilidade para o endividamento. Ela oferece ainda um mecanismo considerado simples e de fácil comunicação.

Contudo, esse tipo de regra dá pouca margem operacional no curto prazo, além de ser variável, ou seja, está sujeita a diversos fatores fora do controle do governo. Ela também pode estimular uma política fiscal pró-cíclica e buscar por receitas extraordinárias.

Regra de gastos

Já a regra de gastos – ou despesas – (ER, na sigla em inglês) limitam o montante que o governo poderá gastar ao todo, ao invés de regular a quantia que ele pode pegar emprestado.  Esses limites, por sua vez, podem ser determinados em termos de despesas nominais, reais ou levando em consideração os gastos públicos como proporção do PIB.

Por um lado, a regra de gastos possui a vantagem de uma diretriz operacional clara e também uma simplicidade e transparência, o que favorece a comunicação por parte do governo e seu monitoramento. Além disso, também controla o tamanho governo e possui propriedades anticíclicas.

Por outro, ela não tem ligação direta com a sustentabilidade da dívida e pode afetar negativamente a qualidade dos gastos.

Regra de receita

As regras de receita (RR, na sigla em inglês), servem para quando um país obtém superávit, ou seja, quando entra mais dinheiro do que era esperado. Mas ela também pode servir para impedir a captação excessiva de recursos.

As vantagens deste tipo de regra estão em ajudar a definir o tamanho do governo e na capacidade que ele possui de estimular políticas tributárias melhores.

Já as desvantagens são a fraca ligação com a sustentabilidade da dívida e possuir variável sujeita a fatores fora do controle do governo.

Regra de resultado orçamentário

A regra de resultado orçamentário (BBR, na sigla em inglês) pode assumir diferentes formas.

Ela pode exigir um equilíbrio orçamentário anual, impor um limite máximo para o déficit ou requerer um nível mínimo para o superávit (por exemplo: eventuais déficits não podem ultrapassar 3% do PIB).

Assim como a regra de dívida, a regra de resultado orçamentário pode ter efeito pró-cíclico quando não diferencia o contexto econômico no qual a meta fiscal (superávit ou déficit) será perseguida.

O efeito pró-cíclico é considerado um fator negativo para a regra, assim como a busca por receitas extraordinárias e estar sujeita a fatores que fogem do controle do governo.

Como pontos positivos, destaca-se a ligação mais próxima com a sustentabilidade de dívida, uma diretriz operacional clara e sua simplicidade e transparência.

Debate

O debate em torno das normas fiscais sempre será recorrente, segundo os especialistas, uma vez que não existe uma solução que dê conta de todas as mudanças e complexidades da realidade de um país.

“As regras foram sendo sofisticadas porque foi vendo ao longo do tempo que não existe uma regra perfeita. Na verdade é uma combinação de instrumentos que podem ou não levar a um comportamento fiscalmente responsável permanentemente”, considera Felipe Salto.

Durante a pandemia de Covid-19, por exemplo, muitos países suspenderam ou modificaram suas regras fiscais para arcar com os custos sociais e sanitários da crise.

Com a reabertura econômica, os governos passaram a ter que lidar com uma conjuntura significativamente distinta: os níveis de endividamento público atingiram novos recordes, as taxas de crescimento econômico se mantiveram aquém do esperado e, após décadas, ressurgiram pressões inflacionárias persistentes.

E o Brasil não escapou desse contexto. A regra em vigor no país até então era o teto de gastos, aprovado em dezembro de 2016, durante a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB).

Baseado na regra de gastos, o teto criou um limite de crescimento para o orçamento da União. Ou seja, o total a ser gasto pelo governo e órgãos ligados a ele a cada ano só poderia aumentar o equivalente à inflação do ano anterior. A regra tinha validade de 20 anos, podendo ser revista a partir do 10º ano, isto é, em 2027.

Na prática, o mecanismo congela os gastos em termos reais por esses 20 anos – como o crescimento é limitado à inflação, ele apenas recompõe os aumentos de preços, mas não muda a quantidade total de bens e serviços pagos.

A pandemia trouxe justamente a necessidade de expandir gastos para compor programas de auxílio à população mais vulnerável e às pequenas empresas. Durante este período, para poder aumentar os gastos, o governo aprovou a Pec Emergencial.

Além desta, outras três propostas na mesma linha foram aprovadas, a Pec dos Precatórios, a Pec dos Benefícios e a Pec da Transição.

Para Pedro Marques, momentos como o vivido durante a pandemia reforçam a necessidade de revisão de regras fiscais e que, portanto, elas são fruto de seu tempo.

Após todas essas manobras para alterar a Constituição e aumentar o volume de gastos, tornou-se consenso no debate público que o teto de gastos, na prática, não exercia mais sua função.

Logo, era necessário um novo modelo para trazer novamente uma credibilidade e previsibilidade para as contas. Para o novo governo, também era a oportunidade de adequar uma nova regra à agenda da nova gestão, que prioriza pautas sociais e maior protagonismo do estado através de investimentos para promover o crescimento econômico.

Para o coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada (Cemap) da EESP-FGV Emerson Marçal o novo marco fiscal apresentado pelo governo estabelece muitas exceções e não prevê uma punição legal para o não cumprimentos das metas definidas.

“O arcabouço tem uma regra um pouco mais frouxa do que deveria ser. O que chama a atenção é você propor alterações de mecanismos importantes de controle do gasto publico. E se o governo não cumprir a meta, o máximo que vai acontecer é o presidente escrever uma carta ao Congresso (…) Acredito que tenham exceções demais. O aporte de estatal está fora do orçamento, que também é algo que preocupa”, pondera Marçal.

Pedro Marques, por outro lado, considera que o novo marco é interessante e cumpre características de praticas internacionais de garantir certa flexibilidade do gasto público e sustentabilidade dos gastos sociais.

“É importante instituir algo que seja crível e retomar o papel do investimento público para o Brasil que foi uma das rubricas mais prejudicadas nos últimos anos”. Ele também considera errado criminalizar gastos públicos, assim como também o Banco Central (BC) não é criminalizado quando não entrega as metas de inflação.

Agora com o texto no Congresso, começam as discussões e mudanças até a votação. Assim como aqui, muitos países emergentes seguem alguma dessas regras para controlar os gastos públicos e a tendência deficitária do estado.

Brics e América Latina

É importante destacar que é comum o uso de uma ou mais regras pelos diferentes países. Exemplos de nações que utilizem apenas uma regra fiscal são raros.

A Austrália, por exemplo, adota as quatro regras, combinando-as dentro de seu arcabouço fiscal. Já a Suécia, opta por seguir três delas, exceto a regra de receita, assim como a União Europeia.

Alguns membros do grupo de países emergentes, os Brics, formado por Brasil, Rússia, China e África do Sul também possuem uma ou mais de uma das regras reconhecidas pelo FMI.

Segundo o Fundo, a Rússia adota dois tipos de regras, a de resultado orçamentário e a regra de gastos. O país eslavo adotou os mecanismos recentemente, em 2013.

Os indianos, por sua vez, trabalham o orçamento também utilizando duas regras, uma de resultado orçamentário e outra de dívida. O regramento do país também é recente, tendo sido empregado em 2012. Por outro lado, no grupo dos países, China e África do Sul não possuem regras fiscais, segundo o FMI.

Outras economias semelhantes ao Brasil e, sendo próximas geograficamente, são Colômbia, Argentina e México. No caso da primeira, o modelo adotado combina a regra de gastos com a de resultado orçamentário.

Já a Argentina possui uma apenas a regra de gastos como mecanismo. Enquanto o México adota dois modelos, o da regra de gastos e o de resultado orçamentário.

Um artigo publicado pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades ao analisar as taxas de cumprimento (ou desvio) das regras fiscais para 14 países latino-americanos entre 2000 e 2020, constatou que a regra de gastos obteve o menor índice de cumprimento, com 41%.

Já a regra de saldo estrutural possui a maior taxa de cumprimento para a amostra, atingindo 79%, enquanto as de dívida, de saldo fiscal apresentaram
índices de 75% e 69%, respectivamente.

“No caso da América Latina, tivemos uma série de fatores que beneficiaram o crescimento e distribuição de renda nos anos 2000. O boom de commodities é um exemplo disso. O que acontece é que quando este fenômeno acaba, existe um demanda que vem de fora para dentro. Isso reflete na quantidade de dinheiro em tributos e portanto na capacidade de países de cumprir com as regras com gastos mantidos, mas arrecadação caindo”, explica Pedro Romero Marques.

CNN