Eleito em 2018 com 745.827 votos para o Senado Federal, Styvenson Valentim (Podemos) admite que o isolamento político e a decisão de não usar fundo eleitoral e de campanha, tempo de TV e rádio, foram cruciais para que terminasse em terceiro lugar na campanha de governador em 2022, tendo obtido 307.330 votos.
Agora, o senador saiu do isolamento, conversa com outros partidos e deixou em aberto candidaturas a prefeito de Natal em 2022 e ao governo do Rio Grande do Norte em 2026.
Ferrenho crítico da governadora Fátima Bezerra (PT), Valentim diz que sua participação na Mesa Diretora do Senado, onde é quarto secretário, agora ajuda a aprovar projetos de seu interesse, como o PL que torna terrorismo o crime organizado, cuja votação foi adiada na quarta-feira (26), mas volta à pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na próxima semana, como lhe garantiu o presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre (União-AC).
O senhor já superou o episódio do adiamento da votação da lei que torna terrorismo o crime organizado?
Quando o adiamento partiu de quem se coloca totalmente a favor do crime organizado, não tem como ficar satisfeito e nem conformado com isso, pelo contrário, atendemos todos os pedidos do PT para excluir as movimentações sociais, que tanto defendem, restou a organização criminosa e mesmo assim se colocam contra. Era só uma desculpa.
Quando o senhor acha que o projeto voltará à pauta de votação na Comissão de Constituição e Justiça depois do pedido de vista?
Já falei com o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União-AP), semana que vem está de volta, porque é um compromisso que ele tem comigo. Então, fazer parte da mesa hoje me dá essa prerrogativa. Estar na mesa diretora hoje ou estar próximo a quem comanda o Congresso Nacional me dá essa prerrogativa.
A CPM de 8 janeiro já foi lida no Senado, esquentou o clima político em Brasília. O senhor vai estar presente nessa comissão indicado pelo Podemos?
Eu fui indicado para suplente e o titular vai ser o senador Marcos do Val (Podemos-ES), mas eu vou ser titular na CPI das ONGs. É outra pancada no governo, que já foi lida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e agora vai ter indicações dos senadores pelos partidos. O requerente da CPI das ongs, o senador Plínio Valério (PSDB-AM), exigiu a minha presença nessa CPI e acho que o relator será o senador Márcio Bittar (União-AC).
O senhor conversou mais uma vez, no meio da semana, com o ex-senador José Agripino, o que discutiu com ele?
Não só com o senador José Agripino, com quem já conversei duas vezes, conversas longas de duas ou três horas. Falamos sobre o futuro do Rio Grande do Norte, que está totalmente deteriorado pela administração Fátima Bezerra (PT), governadora em exercício e reeleita, ela consegue esburacar o Rio Grande do Norte todinho, tornar esse queijo suíço podre que está o Rio Grande do Norte hoje. Economia falida, aumento de ICMS estradas totalmente deterioradas, segurança pública totalmente insegura, saúde pública com filas gigantescas em hospitais. A educação nem se fala, que é a última em tudo. Todo o Estado parte para um caminho irreversível, se não for tomado nenhuma providência. Então, o dialogar com o senador Rogério Marinho (PL), com o Davi Alcolumbre, que quer de todo jeito me colocar no partido União Brasil, com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que me quer também no partido dele, isso aí é natural no Senado e no Congresso esse tipo de conversa partidária, mas que passa, principalmente, pelo futuro que queremos dar para o Rio Grande do Norte, porque hoje o futuro que a gente vê é trágico.
O fato de o União Brasil ter uma ala dentro do governo, dificulta sua ida para esse partido?
O União Brasil como outros partidos, inclusive o Podemos, que está com um pé dentro do governo também, dentro do segundo escalão, mas está. Tem deputados que estão, senadores não, mas tem deputados que estão fazendo parte do governo, com cargos no governo. Se a gente for procurar um partido puro de governo hoje, PL talvez seja um que não apresente, votou contra a urgência do PL fake news, mas tem deputado do Rio Grande do Norte que votou a favor, mas isso aí é um detalhe. A gente quando busca um partido pra mudar, eu disse que eu ia usar toda artilharia possível. Todo tipo de munição possível, estou buscando tempo de TV e rádio, fundo eleitoral, fundo partidário e capilaridade, porque não dá mais pra competir na política norte-riograndense e na política brasileira sem essas paridades e armas, como foi visto em 2022. Eu fiz o trabalho desde 2018 de conscientização da população, mas a população não se conscientiza. Ela acha que campanha política feliz, alegre, com carro de som, com piseiro, com acúmulo de pessoas nas ruas, isso vai dar uma boa administração, não deu. Olha o caso do governo Fátima, era tido como uma campanha de propaganda eleitoral fora da realidade do nosso estado, com propaganda enganosa e ficção. Ela não foi a nenhum debate praticamente, só foi no primeiro e no último. E preferiu ficar fazendo festas pelo interior, angariando apoios e não cumpriu nada com nenhum prefeito e todos os prefeitos estão revoltados com Fátima, porque não cumpre palavra, como o PT não cumpriu comigo no PL do antiterrorismo. É um partido que não tem palavra nenhuma, não tem confiabilidade. Já que disseram que eu era resistente para diálogo e para conversa, pelo contrário, acho que eu perdi tempo em não conversar, porque eu estou esclarecendo muitas coisas sobre o nosso Rio Grande do Norte com quem tem experiência. Não quer dizer que eu vá mudar a minha essência, não quer dizer que eu vá mudar a minha postura, minha moralidade, meu caráter. Pelo contrário, quero fazer as duas coisas.
Voltando ao assunto, o senhor prefere disputar o governo ou a prefeitura de Natal em 2024?
Eu não excluo nada, por enquanto eu não estou excluindo nada. Mas o que eu quero é certo. O que eu quero não é só disputar uma campanha. O que eu quero é melhorar meu estado. É melhorar a administração pública. É mostrar que isso é como eu estou fazendo aqui no Senado. Nos quatro primeiros anos economizei de verba de gabinete R$ 8 milhões e a própria população me taxou como babaca. Deixa de ser besta. Diziam. Como besta mesmo. Que economiza dinheiro para devolver para governo federal poder gastar errado. Estavam certos, até certo ponto, por quê? Porque a ideia de economicidade, a ideia de transparência, de moralidade e combate a corrupção parece que ficou esquecida e perdida no país. Principalmente no nosso estado, que é um estado infelizmente pobre e vai ficar muito mais pobre ainda. Principalmente o pobre vai sentir muito mais esse peso depois desse aumento de ICMS do combustível de 2%, vai pagar R$ 200,00 ao ano. Quem ganha R$ 40 mil de salários, como houve um aumento agora para os procuradores, vai pagar os mesmos 2% ou R$ 200,00 a mais ao ano da mesma forma que aquele que ganha o Bolsa Família. Quem é que sente mais? Será que o nosso estado vai empobrecer mais? Então ser candidato é pra mudar a realidade do nosso estado. Ou seja, na prefeitura, seja no governo do estado. É isso que a população tem que avaliar. É quem tem competência, coragem realmente de adotar essa fórmula, que não é difícil, que não é política, mas sim técnica de poder agir pela população.
O governo estadual tem usado recursos de suas emendas e quanto realmente foram utilizados?
De cabeça, só para saúde foi quase R$ 23 milhões, sendo R$ 16 milhões só para o Hospital Tarcísio Maia (Mossoró). Eu ouvi dizer que a governadora já gastou 60% desses recursos no Tarcísio Maia, que é uma penúria, é podre de sujo e velho. Mandei recursos pra ampliar, equipar e pra reformar, estou dando um exemplo de recursos que destinei. E ela não gastou, porque eu não vi nota fiscal. Eu não vi produto. Eu não vi equipamento. Só vi 70 macas que eu mesmo fui fiscalizar. Eu fui ver pessoalmente, pegar as notas fiscais e contar uma por uma as 70 macas compradas. Agora a pessoa manda R$ 16 milhões e diz que gastou, ela que mostre onde gastou.
Mesma coisa foi na área da educação?
Eu mandei R$ 250 mil para a compra de tabletes em 2019 para a Escola Maria Ilka (bom Pastor), mas nunca viu um tablete, então é um governo lerdo pra gastar, é um governo moroso, lento, é um governo de pachorra, não sabe gastar dinheiro, o único dinheiro que gastou meu dentro da segurança pública e olha o que eu mandei dinheiro pra segurança pública, para construir um hangar, cerca de R$ 2 milhões, gastou R$ 500 mil na compra de câmeras.
Quer dizer, tem recursos, mas não está sabendo utilizar?
Tem recursos sim, mas não tem sabe o quê? Pessoas profissionais, pessoas técnicas pra poder utilizar esse recurso, não tem projeto executivo nenhum. Outro exemplo disso são os R$ 7 milhões parados que a gente vai perder agora no final lá na escola Maria Ilka pra construção da nova escola. No dia 22 de dezembro de 2023 esse empenho vai cair, porque o governo não apresenta e não responde a PGE nas diligências tem que ser feita, não fez projeto executivo. O TCE deveria ir lá ver, já que fez uma busca nas escolas? Deveria conhecer a escola Maria Ilka, pessoalmente, ou tem medo de entrar em favela, os técnicos?
O senhor foi candidato a governador em 2022, mas a prefeitura de Natal em 2024 estaria nos seus planos ou o senhor já tem um pré-candidato preferido?
Não, é muito cedo ainda pra conversar sobre isso em relação a mim, porque eu nem ainda mudei de partido, ainda nem sei se fico ou se saio do meu partido. Mas assim que definir, a gente vai olhar diferentes possibilidades. Agora tudo isso não passa só por cacife político ou sinal de quem está na liderança política, isso partiria da população de avaliar os seus políticos, o que foi feito em oito ou 16 anos em Natal e no Rio Grande do Norte que não nos levou a canto nenhum. A gente está perdendo para os vizinhos. A gente está sendo sugado pela Paraíba. Enquanto a gente não toma as atitudes dentro do turismo, dentro do empreendimento, dentro da construção civil, dentro do desenvolvimento, os estados vizinhos estão drenando toda a nossa economia. Tudo que a gente tem de potencial.
TRIBUNA DO NORTE
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