Os juros básicos estão desde agosto do ano passado em 13,75%, no maior patamar desde 2016.
O consenso entre economistas é de que os diretores do BC devem manter a taxa onde está no encontro desta quarta-feira, e que não deve também mudar consideravelmente seu tom mais duro em relação aos próximos passos, mesmo com a avaliação crescente, que ganhou corpo nos últimos meses, de que há espaço para que o Banco Central comece os cortes na taxa mais cedo.
Alguns indicadores, de fato, passaram a ajudar o Banco Central na tarefa de aliviar os juros altos e, com eles, a pressão que causam sobre a economia.
Foi o caso de vários sinais de uma desaceleração já em curso no Brasil e no mundo, como o PIB negativo no último trimestre do ano passado, as quedas na indústria e no varejo e uma inflação que passou a perder força rápido.
Também trouxe alívio para o cenário a apresentação pelo governo, no fim de março, de sua proposta para a regra fiscal que deverá substituir o atual teto de gastos.
Por outro lado, há diversos fatores que ainda turvam o caminho para juros mais baixos, e mesmo que uma ala dos bancos e consultorias esteja revisando para baixo suas projeções para os juros, as reduções são bem suaves.
“O Copom deve manter o tom duro na sinalização da política monetária, reforçando que o cenário não pressupõe cortes de juros iminentes e em linha com as recentes falas dos diretores e do próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto”, diz o chefe de pesquisa macroeconomica da Kínitro Capital, João Savignon,
Preços de itens como serviços ainda alta, expectativas para a inflação deste e do próximo ano ainda afastadas da meta e, também, um mercado de trabalho resiliente e aquecido estão entre os elementos mencionados pelos analistas do outro lado da balança que ainda impedem o BC de ser mais agressivo em sua descida dos juros.
Atualmente, a projeção média do mercado, de acordo com o relatório semanal Focus, do BC, é que a Selic chegue ao fim de 2023 aos 12,5%, numa ligeira redução em relação ao projetado há duas semanas (12,75%), mas ainda acima do que no começo do ano, quando a estimativa geral estava em 12,25%.
É também um nível bem pouco abaixo dos 13,75% atuais.
As projeções para a inflação, por outro lado, seguem sendo revistas para cima e falam, atualmente, em um IPCA a 6% ao fim do ano – mais alto, inclusive, do que está agora (4,65% em março) e ainda longe da meta que deveria ser cumprida pelo BC neste ano, que é de 3,25%, com margem de tolerância entre 1,75% e 4,75%.
CNN
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