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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

RN sofreu uma tentativa de golpe digital a cada 2,7 minutos em abril


 Foto: Adriano Abreu

Com frequência de um ataque a cada 2,7 minutos, o Rio Grande do Norte registrou 4.673 fraudes por milhão de habitantes, uma das maiores taxas do Nordeste, conforme levantamento da Serasa Experian referente ao mês de abril de 2025. No ranking da região, o estado ocupa a 4ª posição em maior variação anual de tentativas de golpe, com 34,5%, ficando atrás do Maranhão (38,9%), Piauí (36,3%) e Ceará (36,1%). Entre abril de 2024 e abril de 2025, foram 16.137 tentativas de fraude digital evitadas no RN, o que representa 1,5% do total nacional.

De acordo com Caio Rocha, diretor de Autenticação e Prevenção a Fraude da Serasa Experian, os criminosos têm utilizado a inteligência artificial de forma cada vez mais sofisticada. “Com ela, conseguem criar perfis sintéticos que imitam pessoas reais, gerar conteúdos de phishing altamente personalizados e até produzir deepfakes, que são vídeos ou áudios manipulados para simular a imagem e a voz de alguém”, explica.


O phishing é uma técnica em que o golpista envia mensagens falsas por e-mail, SMS ou redes sociais, imitando comunicações legítimas de empresas conhecidas, com o objetivo de enganar a vítima e obter informações confidenciais, como senhas ou dados bancários. “Esses golpes vêm sendo combinados com táticas de engenharia social, como se passar por funcionários de empresas para conquistar a confiança da vítima. Esse uso conjunto de tecnologia e manipulação torna os ataques mais difíceis de identificar e reforça a importância de mecanismos de segurança mais robustos”, destacou Rocha.


A nível nacional, os adultos economicamente ativos continuam sendo o principal foco dos golpistas. A faixa etária de 36 a 50 anos foi a mais atingida pelas tentativas de fraude, respondendo por um terço (33%) das ocorrências detectadas. Em seguida, aparecem os grupos de 26 a 35 anos (26,3%) e aqueles com até 25 anos (15%).


O levantamento ainda aponta que o país registrou 1.101.410 tentativas de fraude em abril, o equivalente a uma a cada 2,4 segundos — volume que mantém o patamar acima de 1 milhão desde janeiro.


Para a advogada Janine Praxedes, especialista em proteção de dados, a falta de informação legal sobre essa prática impede as vítimas de procurarem seus direitos: “Ainda existe certa falta de conhecimentos sobre os direitos ou existência desses crimes por parte das vítimas. No fim, a vulnerabilidade e a falta de informações sobre essas situações dificultam o acesso aos direitos das vítimas e a punição dos infratores”, explica Praxedes.


O cenário evidencia ainda um problema estrutural: “Não temos uma cultura de proteção de dados pessoais no país. O tema só começou a ser tratado em 2018 e o direito à proteção de dados pessoais só foi inserido na Constituição pela Emenda 115/2022. Tudo isso é muito recente e faz com que ainda seja uma matéria difícil de ser tratada, já que é pouco conhecida e discutida”, acrescenta a advogada.


Conforme o Serasa, o setor de bancos e cartões lidera o ranking de tentativas de fraude no Brasil, concentrando 54,2% dos registros em abril de 2025. “Nos casos de crimes relacionados a dados bancários, é importante verificar e monitorar as contas e cartões para verificação de extratos e faturas, visando identificar movimentações suspeitas. Em todo caso, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) garante o direito à informação sobre as atividades de tratamento de seus dados pessoais”, afirma Janine Praxedes.


Em segundo lugar nas tentativas de fraude no Brasil aparecem os setores de serviços (30,9%), financeiras (7,2%), telefonia (5,8%) e varejo (1,9%).

Jovens são novos alvos dos golpistas

As fraudes pela internet, que antes tinham pessoas idosas como principais alvos, agora atingem cada vez mais pessoas jovens. É o que indica a pesquisa da Serasa Experian, que revela que tentativas de golpe crescem entre pessoas de até 25 anos no Brasil. O indicador aponta uma mudança no foco dos criminosos e nas estratégias de ataque, que agora se voltam a perfis altamente conectados e com menor histórico de crédito.


“Eu entrei em um link que dizia que se eu respondesse a uma pesquisa de satisfação receberia um kit completo de produtos de cabelo. Respondi a pesquisa, o site falava que cobrariam apenas o frete e eu coloquei meu endereço e o número do meu cartão. O frete deu R$ 30,00; pelo valor do kit valeria a pena. Nunca recebi esse kit. Entrei em contato com a loja oficial e eles disseram que era golpe”, disse a vítima Alice Santiago, de 18 anos.


De acordo com o especialista em segurança digital, Rodrigo Jorge, o aumento de golpes entre o público mais jovem guarda relação com o tempo online e o engajamento em redes sociais, aplicativos e jogos, o que gera uma forma mais espontânea de ataque para os golpistas. “Esse aumento entre jovens até 25 anos não está necessariamente ligado ao poder aquisitivo ou histórico de crédito, mas sim ao comportamento e à forma como essa faixa etária se conecta e interage no mundo digital”, comenta Rodrigo.


O especialista acrescenta que o fato de muitos jovens não terem histórico de fraudes anteriores “reduz a percepção de risco e aumenta a chance de confiar em abordagens aparentemente legítimas”.


O cenário pede prevenção. “Não basta proteger apenas quem movimenta mais dinheiro ou tem crédito estabelecido. O foco precisa estar em construir cultura de segurança para todos, com linguagem e formatos que façam sentido para cada perfil de público, incluindo os mais jovens”, disse Rodrigo Jorge.

Tribuna do Norte

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