Foto: Cedida/Arquivo familiar
O potiguar José de Arimatéia do Nascimento de Melo, conhecido como Maicon, de 33 anos, está sem entrar em contato com a família desde o dia 4 de agosto. O natalense, que morava em Bento Fernandes, no interior do Rio Grande do Norte, mudou-se para a Rússia em março deste ano, sob a promessa de trabalhar com drones e na área da computação, mas foi surpreendido ao ser colocado para integrar a linha de frente da guerra russo-ucraniana. As informações foram repassadas pela irmã dele, Maria Vanessa, que compartilhou a situação nas redes sociais, apelando por ajuda aos órgãos públicos para ter notícias do paradeiro do irmão.
Maicon mudou-se para Portugal em julho de 2024, para trabalhar na área industrial do país europeu, mas em março de 2025 recebeu uma proposta para ir à Rússia. “Ele foi recrutado por um cara para trabalhar em área relacionada à tecnologia, sob a perspectiva de receber um bom salário, mas nunca foi informado que iria para a linha de frente, nem recebeu qualquer tipo de treinamento com armas”, conta a irmã dele.
Sem ter resposta do irmão há mais de 40 dias, Vanessa se preocupa com a saúde dele e diz não ter nenhum tipo de retorno dos órgãos brasileiros. “Entrei em contato com a embaixada brasileira, mas eles não responderam. Pediram a documentação dele, enviamos, mas não deram nenhum retorno”, conta.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores, que informou não divulgar informações pessoais de cidadãos que requisitam serviços consulares.
Questionado sobre atuação em casos de conflitos entre outros países, o ministério informou que publicou um alerta sobre o alistamento voluntário de brasileiros em forças armadas estrangeiras, no contexto de conflitos armados. “O Ministério recomenda fortemente que propostas de trabalho para fins militares sejam recusadas.”, diz a mensagem.
Na época da publicação do alerta, em 30 de julho, o ministério afirmou que havia registro de aumento no número de casos de nacionais brasileiros que perderam suas vidas ou que se encontravam em graves dificuldades ao decidirem interromper a participação nos exércitos combatentes.
Uma das imagens enviadas por Maicon à família mostra uma declaração em russo, assinada por ele. O texto aponta que o potiguar prestou juramento militar no mês de junho e que o documento foi emitido em 12 de julho em Moscou, capital russa.
“Conseguimos contato com um amigo dele, que contou que o meu irmão foi capturado pelas tropas ucranianas, mas nem isso eu consigo confirmar”, fala Maria Vanessa, relatando a aflição que a família vem vivendo. “Somos apenas eu e meu irmão de filhos, e não conseguimos dormir. Como uma mãe consegue dormir imaginando que o seu filho pode estar sendo espancado?”, relatou a irmã em vídeo que circula nas redes sociais.
Maria Vanessa relata ainda que o irmão compartilhava sobre as condições que a tropa russa vivia diariamente na guerra. Segundo ela, Maicon contava dos recrutados mortos em combate, que não tinham o direito de ser enterrados.
Tribuna do norte
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