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Não adianta tocar Lamento de um nordestino, nem recorrer a musiquinha de fundo para embalar frustração política. O que se ouviu no programa Fala do Povo não foi análise, foi ressentimento disfarçado de reflexão. Um monólogo solitário, melancólico e amargo — não pela situação do país, mas pela derrota retumbante sofrida no Tribunal Regional Eleitoral.
O placar foi 7 a 0. Unânime. Sem brechas. Sem “mas”. O TRE-RN foi objetivo, técnico e cirúrgico ao desmontar, ponto por ponto, as fragilidades das provas apresentadas. Não houve perseguição, não houve polarização judicial, não houve “sistema”. Houve apenas falta de lastro, de fatos e de verdade.
Quando o radialista fala em “turbulência”, “confusão” e “degradação da política”, na prática tenta empurrar para o ouvinte um sentimento que é exclusivamente seu: a frustração de quem prometeu céu e estrelas apostando na queda de um adversário e saiu do tribunal de mãos vazias.
O discurso se perde em generalidades: polarização, democracia, número de partidos, crise do sistema. Tudo muito bonito, tudo muito abstrato — nada concreto, exatamente como as provas rejeitadas pela Justiça Eleitoral. É o velho truque: quando os fatos não ajudam, fala-se de tudo, menos do que importa.
E o que importa é simples:
A Justiça Eleitoral não julgou opinião, julgou provas.
E as provas não se sustentaram.
Tentar transformar uma decisão técnica em debate filosófico de fim de ano é, no mínimo, desrespeitar a inteligência do ouvinte. O eleitor não precisa de lição de moral no rádio, precisa de informação correta. E a informação correta é que não há mais disputa jurídica, não há revanche e não há segundo tempo.
O “executivo não é dono”, como disse o radialista. Correto.
Mas a narrativa também não é. Ela não pode ser torcida até caber numa derrota que alguns ainda insistem em não aceitar.
O povo agricultor citado no discurso quer água, estrada, médico e gestão — e não chorume político reciclado em forma de comentário radiofônico. O cidadão quer serviço público funcionando, não análise genérica usada como cortina de fumaça para esconder um revés judicial histórico.
O TRE falou. Falou alto. Falou claro.
Sete votos. Zero dúvida.
O resto é lamento.
E, desta vez, não é do nordestino é de quem apostou errado e perdeu feio.

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