Fonte: Pragmatismo
O ato que tomou conta das ruas de São Paulo nesta quinta-feira 20 foi classificado previamente como “pró-governo”, mas o que se viu foi mais complexo que isso. Movimentos sociais, partidos políticos e eleitores de Dilma Rousseff protagonizaram uma marcha que saiu do Largo da Batata e terminou na avenida Paulista, região central da cidade.
Muitos de fato foram às ruas para defender o governo, mas houve espaço para rejeitar o impeachment e fazer críticas ao ajuste fiscal, gritar contra o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e pacotes “conservadores”, como a Agenda Brasil, do presidente do Senado, Renan Calheiros.
A manifestação reuniu pelo menos 40 mil pessoas, segundo contagem da Polícia Militar, e aproximadamente 100 mil pessoas, de acordo com a organização.
Ao mesmo tempo em que se viam diversas faixas e cartazes de apoio a Dilma e contra a tentativa de impeachment, os manifestantes também ironizavam a política econômica do governo, representada na figura de Joaquim Levy.
Era possível encontrar faixas contra o ministro e até um boneco do banqueiro junto de figuras oposicionistas como o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A presença de líderes petistas não inibiu, por exemplo, Guilherme Boulos, o líder dos sem teto. “Estamos contra a saída de qualquer ajuste fiscal que ataque direitos trabalhistas. A saída daquele banqueiro prepotente chamado Joaquim Levy não é defendida por ninguém aqui no Largo da Batata”, afirmou Boulos ao lado do presidente estadual do PT, Emídio de Souza.
“A saída que nós defendemos é popular, pela esquerda. É botar o ajuste fiscal no lombo dos ricos, é taxar lucro de banqueiros e fazer reformas sociais nesse país”, complementou.
Boulos também criticou a moral seletiva dos manifestantes de domingo (16). “Essa gente tem moral seletiva, indignação seletiva. Nós não temos moral seletiva. Aqui, pau que bate em Chico, bate também em Francisco”, afirmou. “Nós não viemos hoje às ruas para fazer um ato que seja de governo, viemos rechaçar o ajuste fiscal que tanto prejudica os trabalhadores”, finalizou.
Apesar das críticas ao governo, muitos entoaram coros e músicas que rivalizavam com os manifestantes do protesto de 16 de agosto. “Não vai ter selfie”, cantavam movimentos em referência às pessoas que tiraram foto com policiais militares no protesto do fim de semana. “O rico desfila na Paulista e o pobre morre na periferia”, dizia outro cartaz, por conta da chacina que deixou 18 mortos em Osasco, região metropolitana de São Paulo.
O petista Emídio de Souza aproveitou a toada e emendou no microfone. “A direita pode ciscar como sempre ciscou, mas se tentarem golpe terá resistência”, disse quando os manifestantes caminhavam pela Paulista.
Ao chegarem próximo ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), um grito de ordem deu o tom final à manifestação. “Fora já, fora já daqui o Eduardo Cunha junto com [Joaquim] Levy”.
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