Fonte: Reuters
O Banco Central manteve nesta quarta-feira a taxa básica de juros inalterada em 14,25 por cento ao ano, em decisão dividida, em meio a pressões para que não mexesse na Selic, devido à forte deterioração da economia e a despeito da inflação elevada.
Em comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) disse que a decisão, por placar de 6 a 2, foi tomada "avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos, e considerando a elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas".
Na visão de economistas, a decisão indica uma política monetária menos dura daqui para frente, já que as incertezas externas devem perdurar.
Apesar de a maioria dos agentes do mercado ter apostado em alta da Selic nesta quarta, a manutenção da taxa não foi uma grande surpresa. Na véspera, o presidente do BC, Alexandre Tombini, provocou uma reviravolta nas projeções de economistas ao assinalar, em incomum comunicado, que o colegiado levava em consideração todas as informações relevantes e disponíveis para sua decisão sobre os juros, pouco depois de o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgar uma piora nas previsões econômicas para o país.
Até então, a expectativa dominante no mercado era de uma alta de 0,5 ponto percentual na taxa básica, respaldada pelas comunicações mais recentes da autoridade monetária que reiteraram seu compromisso em manter-se "vigilante" para domar uma inflação que fechou 2015 em 10,67 por cento-- mais do que o dobro da meta de inflação, de 4,5 por cento.
"Daqui para frente a tendência é não subir mais (os juros) porque eu entendo que se o argumento deles é principalmente das incertezas externas, as incertezas externas vão se manter", disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima.
As primeiras semanas do ano foram marcadas por forte recuo nos preços do petróleo e renovados receios com a desaceleração da economia chinesa, fatores que levaram muitas bolsas internacionais para o vermelho.
"Existem algumas incertezas externas, sem dúvidas elas existem, mas também essas incertezas não estavam ausentes em dezembro", disse o ex-presidente do BC e sócio da Tendências Gustavo Loyola, para quem a credibilidade da autoridade monetária fica "muito abalada" após o BC ter protagonizado uma "mudança inexplicável de rumo".
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