WASHINGTON, 3 de outubro (Reuters) - Um vazamento massivo de documentos financeiros foi publicado por várias organizações de notícias importantes no domingo, que supostamente amarram líderes mundiais a depósitos secretos de riqueza, incluindo o rei Abdullah da Jordânia, o primeiro-ministro tcheco Andrej Babis e associados do presidente russo Vladimir Putin.
O despejo de mais de 11,9 milhões de registros, totalizando cerca de 2,94 terabytes de dados, ocorreu cinco anos depois que o vazamento conhecido como "Panama Papers" expôs como o dinheiro era escondido pelos ricos de maneiras que as agências de aplicação da lei não conseguiam detectar.
O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), uma rede de repórteres e organizações de mídia sediada em Washington, DC, disse que os arquivos estão ligados a cerca de 35 líderes nacionais atuais e anteriores, e mais de 330 políticos e funcionários públicos em 91 países e territórios . Não disse como os arquivos foram obtidos, e a Reuters não pôde verificar de forma independente as alegações ou documentos detalhados pelo consórcio.
O rei Abdullah da Jordânia, um aliado próximo dos Estados Unidos, teria usado contas no exterior para gastar mais de US $ 100 milhões em casas de luxo no Reino Unido e nos Estados Unidos.
DLA Piper, um escritório de advocacia de Londres que representa Abdullah, disse ao consórcio de meios de comunicação que ele "em nenhum momento fez uso indevido de dinheiro público ou fez qualquer uso do produto da ajuda ou assistência destinada ao uso público".
O Washington Post , que faz parte do consórcio, também noticiou o caso de Svetlana Krivonogikh, uma mulher russa que se tornou proprietária de um apartamento em Mônaco por meio de uma empresa offshore constituída na ilha caribenha de Tortola em abril de 2003, poucas semanas depois ela deu à luz uma menina. Na época, ela mantinha um relacionamento secreto de anos com Putin, disse o jornal, citando a agência investigativa russa Proekt.
O Post disse que Krivonogikh, sua filha, agora com 18 anos, e que o Kremlin não respondeu aos pedidos de comentário.
Dias antes da eleição parlamentar da República Tcheca de 8 a 9 de outubro, os documentos supostamente ligavam o primeiro-ministro do país, Babis, a uma propriedade secreta de US $ 22 milhões em uma vila no topo de uma colina perto de Cannes, na França.
Falando durante um debate na televisão no domingo, Babis negou qualquer irregularidade.
"O dinheiro saiu de um banco tcheco, foi tributado, era meu dinheiro e devolvido a um banco tcheco", disse Babis.
Os documentos também mostraram como o empresário indiano Anil Ambani e seus representantes eram proprietários de pelo menos 18 empresas offshore em Jersey, Ilhas Virgens Britânicas e Chipre, de acordo com o Indian Express, parte do consórcio ICIJ.
Criadas entre 2007 e 2010, sete dessas empresas tomaram emprestado e investiram pelo menos US $ 1,3 bilhão, disse o relatório.
Em 2020, após uma disputa com três bancos estatais chineses, Ambani - o presidente do Reliance Group - disse a um tribunal de Londres que seu patrimônio líquido era zero.
Um advogado não identificado, em nome de Anil Ambani, disse ao Express: “Nosso cliente é residente fiscal na Índia e fez divulgações às autoridades indianas conforme exigido para ser feito em conformidade com a lei. Todas as considerações exigidas foram levadas em consideração ao fazer divulgações perante o tribunal de Londres. O Reliance Group conduz negócios globalmente e para negócios legítimos e requisitos regulatórios, as empresas são constituídas em diferentes jurisdições. "
Ambani não respondeu imediatamente a um pedido da Reuters em busca de comentários.
REUTERS
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