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quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Erros das pesquisas mancham credibilidade de institutos; Ipec e Datafolha são mais atingidos

 


A cada novo boletim que era divulgado na noite deste domingo (2), uma certeza batia a porta do eleitor - e dos políticos: os institutos erraram, e feio. Pelo menos, boa parte deles, inclusive, aqueles de maior credibilidade. 

Na eleição presidencial, por exemplo, Datafolha e Ipec davam menos de 40% dos votos para o presidente Jair Bolsonaro (PL) e apontaram a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhar sem a necessidade de segundo turno, mas ambos erraram.

Desde agosto, o Ipec fez sete pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto. Considerando os votos válidos, o petista oscilou de 52% para 51%. Levando em conta a margem de erro de dois pontos percentuais estabelecida pelo instituto, o Ipec se aproximou do resultado divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que registrou 48% dos votos para Lula.

No entanto, a empresa não chegou nem perto do total de votos obtidos por Bolsonaro. O presidente teve 43%, segundo o TSE. Nos sete levantamentos do Ipec, contudo, o chefe do Executivo começou e terminou com 37% dos votos válidos. 

Na disputa pelo Senado aqui no Rio Grande do Norte, por exemplo, a pesquisa do Ipec divulgada no sábado (1º), pela InterTV Cabugi, apontou mais uma vez a vitória de Carlos Eduardo (PDT), com 40% dos votos válidos, seguido por Rogério Marinho (PL), que tem 29% e Rafael Motta (PSB) com 23%. 

Quando abriram as urnas, quem teve quase 42% dos votos válidos foi Rogério, com o ex-prefeito de Natal não superando a marca dos 34% e com Rafael Motta atingindo 22%. 

DATAFOLHA

Com o Datafolha não foi diferente. Em seis pesquisas feitas desde agosto, Lula iniciou com 51% dos votos válidos e terminou com 50%. Bolsonaro, por sua vez, tinha 35% na primeira amostra e 36% na última.

Os levantamentos para alguns governos estaduais também não se confirmaram. No Mato Grosso do Sul, o Ipec divulgado na véspera da eleição colocava André Puccinelli (MDB) com a maior intenção de votos, mas ele acabou nem indo ao segundo turno, que será disputado por Capitão Contar (PRTB) e Eduardo Riedel (PSDB).

No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) aparecia com 40% dos votos válidos, segundo o Ipec, dez pontos percentuais à frente de Onyx Lorenzoni (PL). No fim, Onyx terminou a apuração à frente, com 37,5% dos votos, e Leite se classificou para o segundo turno com uma diferença de apenas 2.441 votos para o terceiro colocado, Edegar Pretto (PT).

No Rio de Janeiro, o Datafolha antes das eleições apontava o governador Cláudio Castro (PL) com 46% e Marcelo Freixo (PSB) com 40%, o que configuraria segundo turno. No entanto, Castro foi reeleito em primeiro turno: recebeu 58,57% dos votos contra 27,38% de Freixo.

Outro exemplo foi São Paulo. Fernando Haddad (PT) era tido como favorito por Ipec e Datafolha, que davam 41% e 39% para ele, respectivamente. Tarcísio de Freitas (Republicanos) aparecia em segundo, com 31% em ambos os institutos. Os dois acabaram indo para o segundo turno, mas com Tarcísio na frente. De acordo com o TSE, o candidato do Republicanos teve 42,32% dos votos contra 35,7%.

Senado

Algumas previsões das empresas para o Senado também falharam. Em Goiás, o Ipec previa a eleição de Marconi Perillo (PSDB), com 31%. No entanto, quem venceu foi Wilder Morais (PL), com 25,25% — no Ipec, ele era apenas o quarto colocado.

Para São Paulo, Márcio França (PSB) era colocado como favorito por Datafolha e Ipec, com 45% e 43%, respectivamente. O eleito, entretanto, foi o ex-ministro Marcos Pontes (PL), com 49,68%, colocado em segundo nas pesquisas.

Outra estimativa que não se confirmou foi em Santa Catarina. Jorge Seif (PL), que tinha apenas 19% das intenções de voto segundo o Ipec, venceu a disputa com 39,79%. Raimundo Colombo (PSD) liderava as pesquisas do instituto, mas ficou em segundo.

No Rio Grande do Sul, o Ipec também não acertou. O instituto colocava Olívio Dutra (PT) como favorito, mas o vencedor foi Hamilton Mourão (Republicanos).

Perda de credibilidade

Na avaliação de especialistas, a quantidade de erros compromete a credibilidade das empresas. Doutor em ciência política, Leandro Gabiati diz que os institutos de pesquisa fazem parte do processo eleitoral e ajudam o eleitor a entender melhor em qual contexto ele vai votar, mas alerta que a baixa assertividade atrapalha o cenário eleitoral.

Quando as pesquisas trazem informações erradas, isso confunde o eleitor. E se os institutos passam a ter descrédito na sociedade e com atores políticos, isso é negativo para a democracia como um todo. É fundamental que os institutos façam uma mea culpa e aprimorem a metodologia e as ferramentas de pesquisa para acertar mais

Segundo ele, até o segundo turno, que acontece em 30 de outubro, a tendência é de que a sociedade não acredite nas pesquisas de intenção de voto que serão divulgadas. “Os institutos continuarão fazendo pesquisas. Os que contratam vão continuar contratando, mas certamente com muita dúvida e muito questionamento naquilo que venham a apresentar nos próximos 30 dias. Ainda que acertem, a desconfiança está posta.”

O cientista político Rócio Barreto acredita que os institutos também precisam aperfeiçoar a metodologia dos levantamentos. Na avaliação dele, as empresas deixaram de considerar alguns aspectos do eleitorado, como o voto dos indecisos. “É preciso investigar melhor o motivo de a pessoa estar indecisa. Perguntar em quem ela poderia votar caso mude de ideia, se ela tem um plano B para a eleição. Esse percentual pode fazer a diferença no resultado final da pesquisa.”

Com informações do R7

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