Agências de inteligência da Ucrânia alertam que a Rússia já tem “quase completo” o destacamento de tropas ao longo da fronteira, e a invasão parece prestes a acontecer. Segundo aponta a mais recente análise feita pelo Ministério da Defesa ucraniano, Moscou já posicionou mais de 127 mil soldados na região, relatou o jornal The Hill com base em informações obtidas pela rede CNN.
Além disso, o relatório diz que 3 mil militares russos estão estacionados em território rebelde, embora o Kremlin negue que o país possua combatentes no leste da Ucrânia. Mais de 35 mil insurgentes naquela região da Ucrânia, Donbass, são apoiados pelo governo russo, observou a emissora norte-americana.
Na quarta-feira (19), durante visita a Kiev, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, fez o alerta de que a Rússia poderia lançar um novo ataque à Ucrânia em um “prazo muito curto”, após ter pedido ao presidente Vladimir Putin que escolha a “via pacífica”. De lá ele seguiu para Berlim, onde sentou-se à mesa com representantes do Reino Unido, França e Alemanha para debater a situação.
Moscou também enviou tropas para Belarus, movimentação que que classifica como “exercícios militares conjuntos“. A medida daria a opção aos russos de atacarem os vizinhos pelo norte, leste e sul. Tais intenções são rechaçadas pelos comandados de Putin.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, jogou a culpa pelas tensões para o outro lado da fronteira, alegando que entregas de armas pelas mãos do Ocidente para a Ucrânia, manobras militares e voos de aeronaves da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) são os responsáveis pelo cenário turbulento.
“Acho que salvo uma rendição dos EUA e a entrega da Ucrânia à Rússia, algum tipo de opção militar é quase inevitável agora”, aposta Frolov.
O governo Biden aprovou no mês passado um recurso de US$ 200 milhões adicionais como medida de segurança defensiva à Ucrânia. Em 2021, Washington enviou mais dinheiro do que em qualquer momento desde a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.
Por que isso importa?
A tensão entre Ucrânia e Rússia explodiu com a anexação da Crimeia por Moscou. Tudo começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a UE. A decisão levou a protestos em massa que culminaram com a fuga de Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.
Após a fuga do presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península da Crimeia e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da região com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.
Com base no referendo, considerado ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se considerar território russo. Entre outras medidas, adotou o rublo russo como moeda e mudou o código dos telefones para o número usado na Rússia.
Paralelamente à questão da Crimeia, Moscou também apoia os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito armado, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe ao governo ucraniano as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e contam com suporte militar russo.
Em 2021, as tensões escalaram na fronteira entre os dois países. Washington tem monitorado o crescimento do exército russo na região fronteiriça e compartilhou informações de inteligência com seus aliados. Os dados apontam um aumento de tropas e artilharia russas que permitiriam um avanço rápido e em grande escala, bastando para isso a aprovação de Putin e a adoção das medidas logísticas necessárias.
Especialistas calculam que a Rússia tenha entre 70 mil e 100 mil soldados nas proximidades da Ucrânia, sendo necessária uma força de 175 mil para invadir, além de mais combustível e munição. Conforme o cenário descrito pela inteligência dos EUA, as tropas russas invadiriam o país vizinho pela Crimeia e por Belarus.
Um eventual conflito, porém, não seria tão fácil para Moscou como os anteriores. Isso porque, desde 2014, o Ocidente ajudou a Ucrânia a fortalecer suas forças armadas, com fornecimento de armamento, tecnologia e treinamento. Assim, embora Putin negue qualquer intenção de lançar uma ofensiva, suas tropas enfrentariam um exército ucraniano muito mais capaz de resistir.
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