Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
No patamar mais alto desde 2021, a Selic é o instrumento do BC para reduzir a quantidade de dinheiro na economia, quando a autoridade almeja uma inflação mais baixa.
“A taxa de juros em 10,5% impõe ao brasileiro custos de empréstimos mais altos”, o que acaba reduzindo a capacidade de compra de uma família, por exemplo, explica Juliana Inhasz, economista e professora do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa). Desta forma, os setores mais impactados pela redução do consumo são comércio e serviços, devido à diminuição na demanda.
“Se o meu consumo for um carro, uma casa, fica mais caro pegar empréstimo. Ao invés de comprar um celular novo, uma nova televisão ou roupa a pessoa pode deixar para consumir isso daqui a 6 meses, um ano e deixa seu dinheiro investido. Então isso gera um impacto na diminuição de consumo do dia-a-dia”, diz Inhasz.
Fora o consumo das famílias, a Selic em patamar elevado impacta também a chamada demanda agregada, que considera os gastos do governo, investimentos públicos, e saldo com exportações. A demanda agregada em queda também desestimula a economia, explica Inhasz.
EMPRESAS
A Selic elevada também impacta os planos financeiros das empresas, sobretudo no que diz respeito a decisões de investimentos.
“Com o crédito mais caro, as empresas deixam de investir, por exemplo, em infraestrutura, compra de insumos, maquinário novo, tecnologias, logística e até em contratações, pois sua capacidade produtiva fica comprometida”, diz a professora.
Isso porque, além de ter retorno reduzido, a taxa mais alta traz imprevisibilidade.
“Dadas as incertezas com essa taxa mais alta e custos elevados, as companhias não conseguem apostar na economia. Elas enxergam uma grande cortina de fumaça com uma demanda imprevisível e não querem expandir os negócios. Num cenário extremo, elas passam a demitir, pois entendem que a demanda realmente não vai vingar”, aponta Inhasz. No quadro geral, “é uma economia com o freio de mão puxado”.
Tribuna do Norte
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