Fonte: Reuters
FUKUSHIMA, Japão (Reuters) - Quando Atsushi Hoshino buscou reavivar há 30 anos um grupo que representava sobreviventes da bomba atômica na área rural japonesa de Fukushima, no nordeste do Japão, um tópico ainda era tabu: criticar a indústria de energia nuclear que empregava muitas pessoas.
Isso mudou dramaticamente após 11 de março de 2011, quando um grande tsunami devastou a usina nuclear de Fukushima Daiichi, ocasionando derretimento de núcleos, espalhando radiação e forçando dezenas de milhares de residentes a deixar suas casas.
"Até então... eu me sentia de alguma forma desconfortável sobre energia nuclear, mas não o suficiente para me opor a ela. Na verdade, eu estava em uma situação onde não era possível me opor a ela", disse Hoshino, de 87 anos, à Reuters, em sua casa na Cidade de Fukushima, a cerca de 60 quilômetros de Fukushima Daiichi, a primeira usina nuclear comercial do país quando tornou-se operacional em 1971.
Agora, Hoshino, um sobrevivente da tragédia de 6 de agosto de 1945, dia do ataque nuclear dos Estados Unidos contra Hiroshima, está entre a maioria dos japoneses que se opõe ao plano do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, de reativar os reatores desligados após o desastre de 2011.
A usina de Sendai, da Kyushu Electric Power, no sudoeste do Japão, deve voltar a operar em 10 de agosto pela primeira vez em quase dois anos.
"Acredito que por conta do risco da energia nuclear e o fato de que seres humanos não podem controlá-la ter se tornado claro, nenhum dos reatores deveria ser religado", afirmou Hoshino.
O presidente do grupo de sobreviventes da bomba atômica em Fukushima, Akira Yamada, disse ter chegado a uma conclusão semelhante. Mesmo assim, ambos estão receosos de comparar os riscos da energia nuclear com o horror de armas atômicas.
"Há uma diferença entre o uso militar e o uso pacífico", disse Yamada, que, assim como Hoshino, tornou-se professor na universidade de Fukushima após a guerra. Continuação...
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