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domingo, 13 de setembro de 2015

Militares: desordem unida


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Fonte: Istoé 

A falta de rumo do governo Dilma Rousseff não é mais novidade para ninguém. Na última semana, não bastassem os problemas com o Congresso e a crise na economia, a presidente conseguiu a proeza de despertar a ira dos setores militares – que estavam quietos até então. Em mais uma demonstração da forma errática com que conduz o Brasil, na sexta-feira 4, Dilma assinou um decreto retirando dos comandantes militares o poder de decidir questões internas das Forças Armadas, como designação e dispensa de militares para missão no exterior, reforma de oficiais da ativa e da reserva, demissões e até promoção aos postos de oficiais superiores. Para a surpresa dos comandantes, as atribuições passariam para o petista Jaques Wagner, atual ministro da Defesa, que poderia, a seu critério, subdelegar as funções aos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica.  A decisão de tirar poderes dos comandantes e colocar um civil partidário da presidente à frente de questões importantes para a atividade militar criou um clima de revolta nas Forças Armadas. O comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, que estava ocupando o cargo de ministro interino da Defesa, e que viu seu nome publicado no Diário Oficial endossando o decreto, disse que não sabia da existência dele. “O decreto não passou por mim. Meu nome apareceu só porque eu era ministro da Defesa interino. Não era do meu conhecimento”, disse o comandante.Os militares reagiram e ameaçaram tomar posição na crise política que aflige o Planalto, tornando-se mais um setor a trabalhar nos bastidores pela saída de Dilma Rousseff do comando do País. Para evitar um novo dissabor, a presidente não teve outra alternativa senão recuar. Cinco dias depois da publicação do decreto, o ministro Jaques Wagner disse que o governo faria uma errata devolvendo as prerrogativas confiscadas dos militares. As idas e vindas expuseram mais um erro de gestão presidencial. Embora o recuo tenha acalmado os ânimos da tropa, a tentativa de esvaziar o poder e a independência das Forças Armadas justamente no momento de crise política grave foi mal interpretada internamente. Até porque, a proposta de decreto estava na Casa Civil havia três anos e nunca foi tirada do papel. “Há uma preocupação de que este decreto, que estava dormindo há anos, foi resgatado por algum radical do mal ou oportunista, com intuito de criar problema”, disse um oficial-general, ao lembrar que a publicação do texto foi “absolutamente desnecessária”. Os militares acusam a secretária-geral do Ministério da Defesa, petista Eva Maria Chiavon, de articular a edição da regra. Ela é casada com o número dois do Movimento dos Sem Terras, Francisco Dal Chiavon. Além de ser mulher do sub do MST, Eva Chiavon é uma velha conhecida da população baiana. Com a alcunha de “Dilma da Bahia”, pelo estilo de gerentona, Eva é acusada de validar uma série de licitações sob suspeita de irregularidades, quando respondia pela Casa Civil do governo da Bahia, comandado pelo petista Jaques Wagner.
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SURPRESA
Comandante da Marinha, Eduardo Bacellar, viu seu nome
endossando o decreto e não gostou
 Um general ouvido por ISTOÉ lembra que as relações entre os governos petistas e os militares sempre foram conturbadas, com períodos de calmaria. Em 2010, dois assuntos criaram atritos entre o Planalto comandado por Lula e o setor. O primeiro foi em relação à compra de caças. O governo avisou que iria ignorar o parecer da Aeronáutica sobre os melhores aviões e realizaria aquisições com caráter político. Os militares reagiram e a compra foi adiada. O segundo impasse, esse bem mais grave, ocorreu quando os militares decidiram desobedecer às orientações do então ministro Nelson Jobim para discutir os casos de abuso de direitos humanos dentro de quartéis das Forças Armadas nos anos de ditadura. Apesar das divergências na era petista, ninguém esperava uma tentativa mal ensaiada da presidente de reduzir os poderes da tropa interferindo em suas decisões internas. Foi mais um tiro no pé. 

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