FOTO Ricardo Stuckert/PR
“O Brasil tem uma voz importante. Como sabemos, a voz do Brasil no palco internacional nos últimos anos foi um pouco fraca. Agora, o Brasil está de volta. E o Brasil tem que usar sua voz, sua influência com a Rússia. Porque o Brasil tem influência com a Rússia. O embaixador Celso Amorim já esteve em Moscou e então o Brasil tem que usar essa influência”, afirmou.
Segundo ela, o próprio primeiro-ministro Rishi Sunak conversou a esse respeito com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a visita do presidente brasileiro a Londres por ocasião da coroação do rei Charles III.
A embaixadora lembrou ainda que poucos líderes têm acesso direto ao presidente russo, Vladimir Putin, e que essas chances precisam ser aproveitadas para mostrar a ele que o conflito precisa acabar e que a Carta da ONU e a integridade territorial da Ucrânia têm que ser respeitadas.
“Poucas pessoas têm a oportunidade de sentar à mesa e falar com ele [Putin], dizer a ele que fez uma coisa errada. Espero que ele saiba que fez uma coisa errada, porque [isso é] claro para todo mundo”, disse Al-Qaq ao ser perguntada sobre como o Brasil, de fato, poderia influenciar e ajudar a mediar o conflito –como o Lula vem sugerindo desde o início do seu mandato.
A embaixadora disse que o Brasil será importante para as discussões no momento em que chegar a oportunidade de se debater uma “paz sustentável”.
O Brasil é reconhecido pelo Reino Unido (e por vários outros países ocidentais) como um dos maiores líderes do chamado “sul global”, grandes países em desenvolvimento em regiões como América Latina, África e Ásia. Além disso, o país faz parte do grupo dos Brics: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Esses fatores de proximidade com Moscou são considerados muito valiosos pelos britânicos dentro da tentativa de conter Putin.
Reforma da ONU e do FMI
Al-Qaq esteve em Londres para participar de uma grande reunião dos embaixadores britânicos espalhados pelo mundo todo. Ela disse que um dos assuntos mais discutidos foi a necessidade de se fazer uma reforma das instituições de governança internacionais, como a ONU e órgão de financiamento como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A embaixadora antecipou ainda que o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly, deve fazer um comunicado em breve confirmando que o país é a favor das reformas dessas instituições. O assunto foi discutido entre Cleverly e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, durante uma visita recente do britânico a Brasília.
O presidente Lula e o Itamaraty são grandes defensores da ideia. A ambição brasileira inclui um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, reformas em órgãos como o FMI para facilitar empréstimos a países em desenvolvimento e o retorno da Organização Mundial do Comércio (OMC) como um órgão efetivo de solução de conflitos.
Al-Qaq não detalhou o plano britânico, mas deu ênfase em mudanças nos órgãos de financiamento mundial e lembrou que o Reino Unido apoia desde 2010 a candidatura brasileira a um posto permanente no Conselho de Segurança.
“Sabemos que as reformas das instituições internacionais, como as ‘financial institutions’ e a ONU, são fundamentais. Não só para o Brasil, mas para todos os países. Durante a presidência do Brasil no G-20 eu acho que vamos ver muito as discussões sobre esse assunto”, afirmou, garantindo que “o Reino Unido está ouvindo” os pedidos dos países em desenvolvimento.
CNN
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