Fonte: Novo Jornal
Corte de R$ 26 bilhões no orçamento da União e de R$ 400 milhões no orçamento do Rio Grande do Norte, em 2016, mostram a dimensão da crise, um cenário nada animador para quem quer investir. Mas, há setores da economia que navegam contra a corrente do pessimismo. “Há oportunidades neste momento para quem quer empreender, investir”, destaca o professor de Administração da Faculdade Maurício de Nassau, Thiago Marcson. Dois segmentos sobressaem e driblam a crise, mesmo com o PIB em baixa, os setores de cosmética, perfumaria e higiene pessoal e alimentação representado pelos food trucks, ressalta Thiago Marcson. A explicação para o crescimento desses setores começa lá atrás, em 2009, quando a economia do país começou a mudar e o poder de compra das classes “D” e “E” também com a incorporação de novos hábitos de consumo das famílias dessa faixa. O setor de food trucks, é mais sofisticado e atrai um público consumidor exigente e ávido por novidades, aponta o professor. A figura principal desse cenário em Natal é o microempreendedor individual (MEI). Os cabeleireiros, por exemplo, representam 7,3% desse nicho. A pujança dos números nacionais é autoexplicativa para o que acontece, comenta Thiago Marcson. De acordo com Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), a indústria nacional da beleza está no mercado cada vez mais sólidade e tem rentabilidade para para investir em novidades. Apresentou um crescimento médio deflacionado composto próximo de 10% ao ano nos últimos 19 anos. O setor passou de um faturamento “Ex-Factory” (líquido de imposto sobre vendas) de R$ 4,9 bilhões em 1996 para R$ 43,2 bilhões em 2014. Em 2004 havia o registro de apenas três indústrias do setor no RN e em 2015 já são 14 de acordo com a ABIHPEC. A variação nacional de evolução de 2014 para 2015 foi de 16,7% e de 366%, respectivamente, em onze anos no mercado local. No geral, há uma excelente aceitação do MEI no mercado, complementa Thiago Marcson. Uma mostra disso é que o segmento de produtos para uso pessoal estão em crescimento nos bairros onde vivem as classes C, D e E com tendência de crescimento na área. O cabeleireiro não apenas corta cabelos, ele também vende produtos para tratamento e beleza em geral. Perfuraria e cosméticos estão atrás do setor de vestuário, que tem um quantitativo de 10% dos MEI em Natal. Mas quem trabalha com vestuário começa a demitir por causa da crise ao contrário de quem está no segmento de beleza. “Há uma demanda e o crescimento do setor deve permanecer em 2016. Estamos vivendo o momento mais agudo da crise e a tendência é que no próximo ano, a situação se estabilize”, analisa Thiago Marcson. O aumento do dólar também é vantajoso para o microempreendedor individual e indústria cosmética e de perfumaria nacional porque o prestador de serviços vai deixar de comprar produtos importados. Em Natal, por exemplo, a indústria é representada por farmácias de manipulação que além de remédios, produzem produtos de beleza e higiene pessoal, shampoos, sabonetes e cremes. Não foi apenas do acesso das classes “D” e “E” ao consumo que favoreceu o crescimento do setor. Também os novos integrantes da classe “C” passaram a consumir produtos com maior valor agregado e a mulher brasileira entrou com maior participação no mercado de trabalho, assinala Thiago Marcson. A tecnologia de ponta provocou aumento de produtividade e favoreceu a prática de preços mais acessíveis.
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