Fonte: IstoÉ
Em diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na noite de 10 de março, o líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que ‘o jeito’ da presidente Dilma Rousseff, ‘muito caracterizadamente como avesso a política’, é um problema. A conversa caiu em um grampo da Polícia Federal na Operação Aletheia, desdobramento da Lava Jato que pegou Lula.
José Guimarães demonstra a Lula, durante o diálogo, preocupação com um possível impeachment de Dilma. O líder diz ao petista que junto a alguns líderes tem montado ‘aquele panorama de votos pra evitar qualquer tentativa de impeachment no futuro’.
“Acho que, Lula, se você me permita, desde ontem que pessoas falam comigo, sentem essa conjuntura, tudo que tá acontecendo, essa violência de hoje”, afirma Guimarães. “Acho que frente a essa conjuntura toda, necessidade de segurar o projeto, sem você não segura. O negócio tá indirigível, não há condições. Nós temos que dar a volta por cima, só dá se você tiver dentro, no dia a dia.”
O ex-presidente diz que está ‘tentando pensar’ e que não é ‘uma coisa simples’. Desde semana passada, já havia rumores sobre a ida de Lula para o algum ministério do governo Dilma.
“Porque pode despertar uma certa ciumeira em partidos da base que, sabe?! Pode achar ” O Lula vem pra cá pra se fortalecer pra ser presidente, não vamos aceitar nem fodendo!” A imprensa vai fazer uma campanha do caralho”, diz Lula.
O diálogo segue. “Mas deixa eu te falar, o que eu falei dos partidos da base, falei com Picciani, falei com pessoal do PSD, PR e PT”, afirma Guimarães. ” Esses que eu falei, fora o PT, esses líderes, todos… E, acham que é fundamental, que é fundamental. Porque, Lula, nós temos um problema, o jeito dela, o estilo, foi muito caracterizadamente como avesso a política, isso tá muito consolidado na Câmara, e os ministros não tem, ou quase, quando tem é muito diminuta, a autoridade pra, autoridade pra discutir com os parlamentares, e tudo, né?! Então não é simples, não!”
“Eu sei”, responde Lula.
“Eu convivo ali todo dia, ali dentro. Tudo, eu chego lá domingo a noite, fico de segunda a quinta lá dentro com ele, com Wagner, com Berzoini, mas não é simples, porque há um problema.
Hoje eu tive uma longa conversa com pessoal da Fazenda, hoje de manhã. Mostrando pra eles, se não tiver mudanças rápidas e que eu sei que pode ser feito alguma coisa na Fazenda, “dívida dos Estados”, “Minha casa, minha vida”, questão…tudo isso é muito, eles falam que dependem dela. Então é muito travado com estilo muito burocrático, muito, muito, enfim, dificulta a rapidez nas decisões, dificulta a rapidez nas ousadias, e fica também podado. Meu limite é muito pequeno”, afirma o líder do PT na Câmara.
Hoje eu tive uma longa conversa com pessoal da Fazenda, hoje de manhã. Mostrando pra eles, se não tiver mudanças rápidas e que eu sei que pode ser feito alguma coisa na Fazenda, “dívida dos Estados”, “Minha casa, minha vida”, questão…tudo isso é muito, eles falam que dependem dela. Então é muito travado com estilo muito burocrático, muito, muito, enfim, dificulta a rapidez nas decisões, dificulta a rapidez nas ousadias, e fica também podado. Meu limite é muito pequeno”, afirma o líder do PT na Câmara.
“Então, mas eu tive uma conversa com ela muito dura, muito dura. Tive uns debates com Nelson Barbosa, aqui em São Paulo. Eu falei pra eles, ó: “gente, tá tudo errado, o discursos de vocês não vai pra frente, vocês querem agradar os inimigos, jogando nosso povo no lixo, porra! Sabe? Tem que falar pro nosso povo”, orienta Lula.
O deputado diz. “É claro, eu disse pra eles, hoje pro Diogo, pra Isa (ininteligível), vocês acabem com isso. Primeiro, tão negociando a dívida dos Estados de forma errada, em vez de chamar o nosso povo e tal, fica discutindo com Rio Grande do Sul, com São Paulo. Um critério republicano pra todo mundo, tem que ter! Mas não é assim que cabe (interrompido – parte ininteligível).”
“Primeiro é acertar com os nossos”, diz Lula.
“Ceará, o da Bahia, que tá tudo mundo… (interrompido). O critério, mas enfim…”, afirma o deputado.
“Mas veja, deixa eu te falar uma coisa, eu vou pensar ainda hoje, amanhã. Vou ligar para ela e talvez na semana que vem eu vá pra Brasília, conversar com ela”, relata o ex-presidente..
“Pronto, eu faço Lula, se isso, se for (interrompido)”, diz o deputado.
Lula continua. “Não, e aí eu vou querer, reunir a bancada, pra ouvir a bancada.”
Guimarães diz. “Isso, perfeito! Ouvir a bancada, e eu reúno todos os deputados da base contigo, se você quiser.”
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