(Foto: Kremlin/WikiCommons)
Quem também cita o submarino é o jornalista britânico Steve Rosenberg, em artigo publicado pela rede BBC. Como Goncharenko, ele destaca a lentidão do presidente para reagir a uma situação emergencial, no caso a tragédia com o submarino em agosto de 2000.
“Vladimir Putin era presidente há menos de meio ano. Ainda me lembro de canais de TV russos o criticando por sua forma de lidar com o desastre”, afirma o jornalista no texto, publicado na quarta-feira (14). “Mais uma vez, a palavra Kursk está enchendo meus despachos da Rússia. Desta vez, a região de Kursk, onde as tropas ucranianas lançaram sua incursão surpresa e onde estão tomando território há nove dias.”
Na visão de Goncharenko, a fragilidade da Rússia e de Putin indicam que a cautela demonstrada pelo Ocidente até aqui é descabida. “Crucialmente, a invasão da Rússia pela Ucrânia demonstrou que as ameaças nucleares de Putin e sua conversa sobre linhas vermelhas são, na realidade, um grande blefe projetado para intimidar o Ocidente”, avalia.
Na conclusão, o parlamentar observa que os avanços atuais mostram que a Rússia pode ser derrotada. “A resposta russa confusa e pouco convincente à invasão da Ucrânia fala muito sobre a relativa impotência do regime de Putin. Isso deve persuadir os aliados de Kiev da necessidade de maior ousadia e convencê-los de que chegou a hora de se comprometer com a vitória ucraniana”, diz ele no artigo.
Quem também focou no presidente ao analisar a invasão em Kursk foi James Nixey, diretor do Programa Rússia e Eurásia no think tank Chatham House, que concedeu entrevista à revista Newsweek. Ele comparou a operação ucraniana ao levante dos mercenários do Wagner Group em junho de 2023, quando o regime de Putin se viu por um fio.
“Esta é claramente uma operação muito maior do que inicialmente se entendia. Como a tentativa de golpe de Evgeny Prigozhin em junho passado, ela enfraquece o líder politicamente, embora talvez apenas temporariamente”, disse Nixey. “Segundo, qualquer invasão em território russo de um país que a Rússia declara nem ser um país é um ultraje.”
A situação levou até a uma mudança de postura do general Christopher Cavoli, principal autoridade militar norte-americana na Europa. Em depoimento ao Congresso norte-americano em abril, ele advertiu para os riscos da interrupção do apoio militar dos EUA à Ucrânia, impasse mais tarde solucionado, e projetou que as forças russas cresceriam a partir dali.
“Eles (os ucranianos) agora estão sendo derrotados pelo lado russo por cinco contra um. Ou seja, os russos disparam cinco vezes mais projéteis de artilharia contra os ucranianos do que os ucranianos são capazes de responder. Isso irá imediatamente para dez contra um em questão de semanas”, disse na ocasião o chefe do Comando Europeu das Forças Armadas dos EUA.
Nesta semana, no entanto, Cavoli chamou a atenção para um cenário inverso. “A Rússia ainda está juntando as peças de sua resposta à invasão da Ucrânia. Até agora, tem sido apenas uma reação lenta e dispersa”, disse ele em evento organizado pelo think tank Council on Foreign Relations, na terça-feira (13), conforme relatou a Newsweek.
A REFERÊNCIA
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