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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

10 segredos da União Soviética que você talvez não saiba


Quando pensa em União Soviética, a maior parte das pessoas talvez se lembre de algumas cabeças de czares rolando, dando espaço ao imenso estado socialista que se estendeu pela Eurásia de 1922 até 1991. Há também a famigerada Guerra Fria, consequência da parceria insólita e incrivelmente instável com os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial — quadro cultural que já deve ter animado mais de uma centena de filmes de espionagem.
A impressão geral? A União Soviética foi um estado incrivelmente fechado, com um grande controle do fluxo de informações, em que praticamente qualquer dado poderia ser considerado de vital importância tática — embora seja de se pensar como Stalin teria lidado com a internet e a moderna era da “informação”, como se diz.
Mas quão bem a USSR (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) pode esconder os seus segredos? Com eficácia exemplar, vale dizer. Afinal, você sabia que uma das maiores das maiores catástrofes nucleares ocorreu em território soviético? Ou que inúmeras pessoas morreram de fome na década de 1930 — algo que foi completamente maquiado antes de ser vendido ao Ocidente?
Curiosamente, entretanto, há segredos que foram tão bem escondidos... Que nem mesmo os governantes ficaram sabendo a tempo. Por exemplo, como consequência da tradicional “higiene” artística desempenhada por sistemas totalitários, grande parte dos artistas da época passou a pintar os ideais socialistas, deixando centenas de obras de arte pré-socialismo à própria sorte. Não fosse por um mecenas de coragem (e astúcia) exemplar, não haveria muito daquilo hoje.
Enfim, sem mais delongas, confira abaixo 10 grandes segredos guardados por décadas nos cofres culturais da USSR — conforme o rol organizado pelo siteListVerse.

O maior desastre nuclear (na sua época)

Antes dos acontecidos recentes Fukushima, é provável que muita gente tivesse como referência principal de um desastre nuclear de proporções épicas a cidade (hoje “fantasma”) de Chernobil — em que, em 1986, um reator com problemas técnicos liberou uma nuvem radioativa que acabou por contaminar pessoas, animais e o meio ambiente de uma vasta extensão de terras.
Entretanto, é provável que pouca gente, mesmo hoje, mencionasse o desastre ocorrido em Kyshtym, em 1957. Entretanto, esse foi mesmo o maior desastre nuclear até aquele ponto — embora a coisa toda tenha sido convenientemente camuflada pela tradicional cortina de fumaça soviética.
Assim como Chernobil, a cidade russa de Kyshtym foi vítima de uma série de decisões equivocadas envolvendo materiais nucleares. Especificamente, tratou-se da implementação de um sistema de resfriamento para resíduos nucleares que não podia ser consertado. Dessa forma, quando a coisa toda começou a vazar, alguém teve a ideia de simplesmente desligar o resfriamento — afinal, por que resfriar algo na Sibéria?
Como resultado, entretanto, o tanque chegou à temperatura de 350 graus Celsius, causando uma explosão que arremessou ao ar 160 toneladas de concreto — provocando, abaixo, o surgimento de uma cratera com quase 10 metros de profundidade. Além disso, a nuvem radioativa resultante do acidente se espalhou por 20 mil quilômetros quadrados.
O rescaldo do evento foi a demolição das casas de 11 mil pessoas logo após a evacuação da área, sendo que 270 mil foram expostas a níveis alarmantes de radioatividade. Curiosamente, o ocorrido foi mantido sob sigilo até pouco depois do desastre em Chernobil. Embora a CIA já tivesse tomado conhecimento durante a década de 1960, conta-se que o governo dos EUA preferiu minimizar o impacto de Kyshtym para não alarmar a opinião pública, o que poderia prejudicar a indústria nuclear estadunidense.

O programa lunar soviético

A despeito de possíveis teorias da conspiração, entende-se hoje que os EUA foram os primeiros a colocar um homem na superfície da Lua. De fato, foi em 1961 que o presidente John F. Kennedy anunciou que a conquista deveria ser feita antes do final da década — algo mais do que necessário ao equilíbrio de poder, já que os soviéticos haviam sido os primeiros a colocar um objeto em órbita, assim como um animal e também um ser humano.
Entretanto, a despeito do clima de “competição”, fato é que nenhum anúncio havia sido feito pela União Soviética que se relacionasse a uma possível corrida espacial — ninguém realmente sabia se a USSR tentava, de fato, chegar com uma nave tripulada ao satélite natural da Terra. Trata-se de um modus operandi típicamente soviético: manter a coisa toda escondida até o momento em que o sucesso tivesse sido obtido.
Na verdade, o estado negou que houvesse algum tipo de programa lunar até o início da década de 1990. Antes disso, uma única pista havia sido deixada em 1981, quando a sonda soviética Kosmos 434, lançada em 1971, acabou por entrar na atmosfera terrestre sobre a Austrália. Temendo a existência de materiais nucleares, o governo australiano buscou esclarecimentos em Kremlin — recebendo como resposta do Ministro de Assuntos Estrangeiros que se tratava apenas de uma cabine lunar experimental.
Também outros aspectos do programa lunar soviético foram escondidos. Por exemplo, um teste conduzido em 1969 com trajes espaciais foi explicado pelo governo como parte da construção de uma estação espacial — conforme os soviéticos continuavam a insistir que não havia qualquer plano de chegar à Lua. De fato, menos de 10 anos depois, em 1976, o programa foi definitivamente engavetado, sem poder fazer frente aos seis pousos executados pelos EUA.

Obras de arte escondidas no deserto

Em 1990, equipes de jornalistas e de diplomatas foram apresentadas a um museu escondido na cidade remota de Nukus (Uzbequistão). Lá havia centenas de obras de arte que antecediam o regime stalinista — ocasião em que os artistas eram forçados a utilizar seus dotes para reforçar os ideais do partido comunista.
De fato, toda a arte prévia — denominada “arte burguesa decadente” — poderia ter sido perdida se não fosse pelo trabalho do colecionador de artes Igor Savitsky. O sujeito persuadiu os artistas e suas famílias a confiar a ele suas obras, as quais enviou à cidade, que é convenientemente rodeada por regiões desertas.
Trata-se de uma exceção curiosa à regra, portanto. Afinal, a empreitada de Savitsky conseguiu esconder algo do próprio governo soviético — conhecido por manter segredos dentro de segredos. As obras foram mantidas a salvo sob o nariz do Kremlin, sendo liberadas apenas quando o quadro político se tornou mais seguro (com a queda da USSR).

A morte de um cosmonauta

Embora tenha pouco a ver com o abandono poético (e metafórico) do eterno “Major Tom”, houve, de fato, pelo menos uma morte trágica de um cosmonauta russo. Em 1961, Valentin Vondarenko foi morto durante um exercício de treinamento. O ocorrido chegou ao conhecimento ocidental apenas em 1982 e, de fato, não foi antes de 1986 que o público ficou sabendo da história.
O ocorrido se deu durante uma prática de isolamento em uma câmara pressurizada. Ao remover o sensor médico e limpar sua pele com álcool, Bondarenko cometeu o descuido fatal de colocar o naco de algodão utilizado sobre uma plataforma quente que era utilizada para preparar chá.
O algodão então pegou fogo e, ao tentar conter as chamas, o cosmonauta acabou utilizando as mangas do traje. Em ocasiões normais, a roupa seria resistente ao fogo. Entretanto, por meio da ação do oxigênio contido na sala, o conjunto acabou rapidamente entrando em chamas. Foram necessários dois minutos para abrir a porta e resgatar Bondarenko. Entretanto, naquele ponto ele já havia perdido os dois olhos, possuindo queimaduras de terceiro grau em todo o seu corpo — à exceção apenas das solas dos pés.
Conta-se que o pobre homem suspirou, ao final, “Muita dor... Faça algo para parar a dor.” O cosmonauta demoraria ainda 16 horas para morrer.

Um dos piores quadros de fome da História

No início da década de 1930, a União Soviética atravessou um estado de fome de grandes proporções. Como resultado de uma série de políticas desastrosas, milhões de pessoas morreram por conta da falta sistemática de comida. Trata-se de algo difícil de se esconder do restante do mundo, é verdade. A menos que a ignorância ou o desinteresse internacionais entrem em jogo, naturalmente.
O próprio jornal New York Times, juntamente com vários outros veículos prestigiosos da época, acabou por obscurecer o fato, comprando o cenário pintado por Stalin e seus subordinados. De fato, o governo chegou a organizar diversos tours com estrangeiros influentes, todos eles devidamente arranjados para dar a impressão de que a comida sobejava e que todos viviam em condições de abundância no estado soviético.
Curiosamente, entretanto, qualquer um que se aproximasse (faminto) das lojas de conveniência abastadas para o teatro era imediatamente detido e encarcerado. Na ocasião, diversas personalidades influentes atestaram que a fome na União Soviética não ia além dos rumores. O Primeiro Ministro da França, de fato, ao visitar a Ucrânia, disparou que se tratava de um “jardim em plena floração”.
Como em 1937 o censo ainda era mantido confidencial, os famintos foram adequadamente escondidos. Embora o número de mortos se emparelhe ao do Holocausto, foi apenas nas  últimas décadas que a fome ganhou o status de crime contra a humanidade.

O Ekranoplan

A primeira foto do desengonçado Ekranoplan foi levada por um espião aos EUA, deixando os governantes do país embasbacados e fazendo com que seus engenheiros corressem às pranchas de cálculos. A foto mostrava um avião russo ainda não terminado, e os números deixavam claro: mesmo com semelhante envergadura, seria difícil que um avião aquático daquele tamanho pudesse levantar voo — e, caso o fizesse, o resultado provavelmente não seria dos mais adequados.
Descobriu-se mais tarde que o “Monstro do Mar Cáspio” (como foi apelidado pelos estadunidenses) era, na verdade, algo entre um barco e um navio destinado a voar apenas a alguns pés do chão — a fim de evitar porções de terra ou água.
A despeito da vultosa injeção de dinheiro do governo soviético e da proporção do projeto, a coisa foi toda mantida devidamente ocultada. Ocorre, entretanto, que todo o “desajeitamento” da estrutura podia facilmente carregar centenas de tropas e alguns tanques... Viajando sob a área de detecção dos radares a uma velocidade de quase 400 quilômetros por hora.
Afinal, tratava-se de algo duas vezes e meio maior do que um Boeing 747, com oito motores e mais seis ogivas nucleares devidamente acomodadas na superfície. De repente, ficou mais difícil fazer piada com o Ekranoplan.

O pior desastre com um foguete da História

Assim como em qualquer país, as decisões militares na União Soviética frequentemente precisavam reduzir vidas humanas a números e insumos. Entretanto, um escolha equivocada em potencial acabou por conduzir ao que hoje é conhecido como o pior desastre envolvendo um foguete na história da humanidade.
Em 23 de outubro de 1960, um grupo de militares soviéticos se preparava para testar um novo foguete ultramoderno e, naturalmente, ultrassecreto. O R-16 utilizava um tipo diferente de combustível e, para efetuar os últimos testes, havia toda uma pá de técnicos em volta. Ocorre, entretanto, que a estrutura passou a deixar vazar ácido nítrico.
Embora a solução mais razoável provavelmente fosse evacuar todos os presentes do galpão o mais rápido possível, o comandante do projeto, Mitrofan Nedelin, resolveu que o melhor seria reunir ainda mais gente ao redor, a fim de tentar conter o vazamento. Quando a explosão inevitável ocorreu, toda a equipe foi morta em poucos segundos.
De fato, quem não morreu por efeito direto da explosão acabou queimando até os ossos por ficar com os pés grudados no chão — já que o calor liberado foi tanto que chegou mesmo a derreter o asfalto. O saldo: mais de 100 pessoas mortas e um registro ignóbil garantido nos anais da História.
Naturalmente, o maquinário midiático da União Soviética apareceu rapidamente para conter danos maiores. O próprio Nedelin, por exemplo, teve sua morte atribuída a um acidente aéreo — enquanto as notícias de uma explosão em massa acabavam por assumir o status de rumor por toda a USSR.
Foi apenas em 1989 que o acidente veio a público, ocasionando a construção de um obelisco em homenagem aos mortos... Em que não se inclui Mitrofan Nedelin. Embora ainda seja oficialmente um herói, não falta quem se lembre do comandante por sua faceta bem menos admirável.

Testes com armas biológicas ao ar livre

Em 1948, a União Soviética inaugurou um novo projeto ultrassecreto envolvendo armamentos biológicos. Em algum lugar do Mar Aral, havia toda uma ilha convertida em laboratório, de onde deveriam surgir versões utilizáveis do antraz e da peste bubônica. Posteriormente, em 1971, o laboratório também passaria a fazer testes com a varíola, conduzindo um teste ao ar livre.
Ao ser ativada, a estrutura provocou um surto instantâneo de varíola, deixando 10 pessoas doentes, sendo que três delas acabaram morrendo. Ademais, outras centenas acabaram em quarentena e milhares foram vacinadas em apenas 15 dias. O evento se tornou público apenas em 2002. Entretanto, a despeito da vasta documentação relacionada e à notoriedade, Moscou jamais chegou a reconhecer a existência do desastre.

Cidades secretas

Ao sul da Rússia, há uma cidade que não aparece em nenhum mapa. De fato, nem mesmo há linhas de transporte conduzindo a Ozyorsk, embora o município fique a apenas pouco mais de 80 quilômetros de Chelyabinsk.
A despeito de abrigar dezenas de milhares de pessoas, mesmo a Rússia tomou conhecimento de Ozyorsk apenas em 1986. Ocorre que a cidade abrigava uma usina de processamento de combustível nuclear — algo, naturalmente, considerado de suma importância estratégica para o governo soviético. De fato, foi ali que ocorreu a famigerada explosão de 1957. Entretanto, a cidade mais próxima, Kyshtym, acabou por levar o odioso crédito... Já que, bem, não devem ocorrer explosões em cidades que “não existem”, certo?
Mas Ozyorsk não foi a única. De fato, sabe-se hoje de dezenas de cidades mantidas secretas pela União Soviética, sempre por motivos estratégicos. Até o momento, 42 cidades secretas foram descobertas, embora se acredite que a Rússia mantém escondidas pelo menos mais 15.
Os habitantes desses locais, naturalmente, não fazem muita questão de se mudar, já que, usualmente, é nesses municípios que há os melhores víveres, as melhores escolas e, de forma geral, o melhor conjunto de comodidades. Estrangeiros? Bem, contas-se que qualquer um que dê as caras para uma visita acaba gentilmente escoltado até os limites da cidade — os quais são guardados por tempo integral.
Naturalmente, com o atual status de interconexão mesmo entre as partes mais remotas do mundo, muita gente tem optado por regiões mais cosmopolitas do globo. Mas, mesmo assim, muitas dessas cidades ainda compõem parte vital da logística russa, seja para servir como hangar para frotas navais ou para produzir armas baseadas em tecnologia nuclear.  

O massacre de Katyn

Com a Segunda Guerra Mundial a todo o vapor e com a aliança improvável entre a Casa Branca e o Kremlin se tornando uma necessidade, muita decisão potencialmente controversa foi tomada. Por exemplo, no que se refere à ocultação — e mesmo à negação — sistemática da morte de 22 mil prisioneiros poloneses nas mãos do exército soviético.
Oficialmente, todo o corpo aliado atribuiu as mortes aos nazistas — o que certamente pareceu o mais conveniente. A despeito dos protestos constantes do governo alemão, o reconhecimento dos verdadeiros autores não viria antes de 1990. Entretanto, tal engodo histórico só foi possível graças ao apoio de dois dos principais jogadores da Segunda Grande Guerra.
Por parte do Reino Unido, Winston Churchill atestou que “o governo de Sua Majestade não tem a intenção de atribuir a autoria dos eventos a qualquer um que não seja o inimigo comum” — embora, em caráter privado, tenha admitido a grande probabilidade da autoria bolchevique, cujas tropas considerava “bastante cruéis”.
Em nome dos EUA, Franklin D. Roosvelt também não se mostrou nem um pouco interessado em atribuir qualquer culpa ao governo de Stalin. Mesmo a tentativa da Cruz Vermelha Internacional de instituir um tribunal independente foi fortemente contida pelos governos de ambos os países. Bem, com a Alemanha e, posteriormente, o Japão ameaçando a integridade da aliança — e chegando mesmo a colocar os pés sob o seu batente —, tornar o inimigo ainda mais odioso e desumano certamente pareceu a decisão mais acertada.

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