Fonte: Novo Jornal
Caiu o número de doações de órgãos no Rio Grande do Norte, mas em contrapartida aumentou a aceitação das famílias para permitir as doações dos parentes mortos. O fenômeno ainda está sendo estudado pela Central de Transplantes do RN, contudo a diminuição de doadores pode estar relacionada a entraves no procedimento de transporte dos órgãos e à negligência na informação dos casos de morte cerebral por parte dos hospitais. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap), no primeiro trimestre deste ano de 2015 foram registrados 11,7 doadores por milhão de população. No mesmo período do ano passaram esse número era de 13,9. O Rio Grande do Norte acompanha a tendência nacional. Em todo o Brasil, a queda foi de 14,2 doações por milhão de população para 13,3 neste ano. O RN ocupa o 3º lugar no Nordeste entre os estados que mais têm doadores, ficando atrás do Ceará, primeiro colocado, e de Pernambuco. No ranking nacional, o estado está em 10º lugar. A liderança é de Santa Catarina, que tem 29,1 doadores por milhão de população. Esses números se referem apenas a doadores que tiveram morte encefálica e podem doar múltiplos órgãos. O Ministério da Saúde toma essa base de cálculo porque é esse tipo de doação que salva vidas, por transplantar partes mais essenciais ao funcionamento do corpo humano. Nas mortes de doares em que o coração para primeiro, só é possível a retirada das córneas. De acordo com Mary Bruno, subcoordenadora da Central de Transplantes do Rio Grande do Norte, ainda será feito um levantamento para precisar as causas da redução das doações no estado. Entretanto, ela enumerou algumas questões que podem ter contribuído para o índice. Segundo informou a subcoordenadora, a logística para transporte dos órgãos e a demora dos procedimentos para a retirada deles do corpo do doador podem atrapalhar o processo. Mary Bruno explica que, em virtude da morte cerebral, a qualquer momento os órgãos do paciente podem parar. A demora na entrevista com as famílias até que elas permitam a doação, bem como a espera pelo resultado dos exames que vão provar que o doador está apto, podem fazer com que não dê tempo de se realizar a cirurgia. Quando os órgãos não vão ficar no RN, o procedimento para extraí-los ainda precisa ser feito num momento próximo ao horário de voos que possam transportá-los. “Nós temos parcerias com companhias aéreas que os levam, mas eles não podem ficar muito tempo fora do corpo depois de retirados do doador”, acrescenta Mary. Além disso, outro problema encontrado pela Central de Transplantes diz respeito ao contato com os hospitais. Segundo Mary Bruno, por lei a Central deve ser informada imediatamente sobre os casos de morte encefálica pelas unidades hospitalares. Só que isso nem sempre acontece. A subcoordenadora conta que os servidores precisam ficar ligando para os hospitais ou mesmo se dirigirem até as unidades para saber desses registros. E muitas vezes as notificações deixam de ser feitas pela falta desse contato. “Essas notificações podem ter caído no primeiro trimestre, mas vamos ainda fazer um estudo para saber o que provocou a queda das doações, já que a aceitação das famílias aumentou”.
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