A inundação sem precedentes atingiu principalmente o norte do país, na cidade de Derna. Por lá, a água arrastou carros, prédios e moradores para o mar. Os líbios tentam sobreviver em abrigos improvisados construídos pela ajuda humanitária internacional.
Milhares de pessoas enfrentam a falta de água, comida e medicamentos. O maior risco agora é o surgimento de doenças, que acompanham catástrofes como essa.
Autoridades temem pelo número elevado de corpos em decomposição que estão nas ruas, pois os necrotérios estão lotados. O cenário é ainda mais dramático na orla da cidade de Derna, onde os corpos se acumulam na areia.
A ONU informou que mais de 1 mil pessoas foram enterradas em vala comum, já que o sistema funerário do país é praticamente inexistente. Autoridades locais alertaram também para o risco da contaminação da água, depois da intoxicação de 150 pessoas.
Desastre em meio ao caos político
A enxurrada carregou minas terrestres que são resquícios dos anos de conflito no país. A população, que tenta sair das áreas afetadas pela destruição, corre o risco de ser atingida por esse armamento. O Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários registrou o deslocamento de 40 mil pessoas no leste da Líbia, até o momento. O órgão alerta que o número pode crescer ainda mais nos próximos dias.
A Líbia vive uma crise política desde a derrubada do regime do ditador Muammar Gadhafi, em 2011. Uma guerra civil teve início em 2014 e agravou o estado de devastação do país. O conflito foi interrompido em 2020, por um cessar-fogo que prometia novas eleições e a formação de um governo único. Mas as negociações mediadas pela ONU estagnaram, nos últimos anos.
Na prática, os líbios são governados por dois lados rivais: o governo reconhecido internacionalmente, com sede em Trípoli, e o governo de Benghazi, no leste, apoiado por milícias.
A esperança por sobreviventes
O ministro da Saúde do governo leste, Othman Abduljaleel, disse que as autoridades ainda não desistiram de encontrar sobreviventes.
“Agora os esforços estão concentrados no resgate de qualquer sobrevivente e na recuperação de corpos que estão em meio aos escombros, especialmente no mar, com a participação de muitos mergulhadores e equipes de resgate especializadas de outros países”, disse o ministro à Reuters.
O número de mortes ainda é incerto. O Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários disse que até o momento 3.922 mortes foram confirmadas. Autoridades locais ressaltam que pelo menos 20 mil pessoas podem ter morrido na tragédia.
CNN
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