fonte:bbc
O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, disse à BBC que se opõe "totalmente" a que nações árabes participem dos ataques ao grupo autodeclarado Estado Islâmico em seu país.
Na entrevista, ele afirmou que o poder aéreo ocidental "preencheu muitas lacunas" na luta do Iraque contra o grupo jihadista.
Diversos Estados árabes, incluindo a Arábia Saudita e a Jordânia, se uniram à coalização que combate o "Estado Islâmico".
As aeronaves desses países realizaram ataques na Síria, mas apenas aquelas dos Estados Unidos, do Reino Unido e da França fizeram o mesmo no Iraque.
Falando à BBC em Bagdá, al-Abadi disse que o Exército iraquiano derrotaria o grupo "se tivesse uma boa cobertura aérea", mas destacou que nenhuma tropa estrangeira é necessária em terra.
"Não aceitaremos nenhuma tropa em terra que não seja iraquiana", ele acrescentou.
Ameaça 'contida'
As forças do governo do país "contiveram" a ameaça ao Iraque representada pelo "Estado Islâmico" e eliminaram o perigo de um massacre em Bagdá, declarou al-Abadi, mas ele afirmou que não "correrá riscos".
O premiê disse estar reestruturando o Exército para garantir a proteção dos iraquianos e que pediu ao Reino Unido para ajudar no treinamento de tropas, na coleta de dados de inteligência e com tecnologia.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, aceitou o pedido, segundo al-Abadi.
Ele alertou que "uma polarização internacional e regional" contribuiu para ascensão do "Estado Islâmico", grupo que anunciou a criação de um "califado" ao assumir o controle de uma grande área que vai do Iraque à Síria.
Al-Abadi, um árabe xiita, formou um governo de unidade em setembro, depois da renúncia de Nouri al-Maliki, que era acusado pela minoria sunita iraquiana e por curdos de monopolizar o poder e colocar em prática políticas sectárias.
Ataques aéreos
A coalizão liderada pelos Estados Unidos já realizou mais de 230 ataques aéreos contra o "Estado Islâmico" no Iraque desde agosto.
A operação foi ampliada para a Síria em 22 de setembro, desde quando já houve mais de 70 ataques.
A Arábia Saudita, a Jordânia, o Barein, o Catar e os Emirados Árabes participaram ou contribuiram de alguma forma com a campanha na Síria.
Al-Abadi disse que enviou uma deleção a capital da Síria, Damasco, para informar o país vizinho do pedido feito à coalizão pelo país para combater o grupo em território sírio, afirmando que era crucial interromper esse "fluxo terrorista nas fronteiras".
Há duas semanas, com o combate das forças lideradas pelos Estados Unidos aos militantes nos arredores da cidade de Kobane, próxima à fronteira com a Síria, dezenas de milhares de pessoas cruzaram os postos de imigração rumo à Turquia para fugir da violência.
Cerco a Kobane
Integrantes do "Estado Islâmico" estariam a cerca de 3 km de Kobane, na fronteira entre Síria e Turquia, pressionando o governo turco a tomar medidas militares.
Na terça-feira, foi submetida ao Parlamento turco uma proposta que permite às tropas do país realizar operações na Síria e no Iraque e o uso de bases militares turcas por forças estrangeiras.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, aparentemente apoiou a proposta, dizendo que seu país "lutaria de fato contra organizações terroristas na região".
A Turquia compartilha um trecho de 1.200 km de fronteira com o Iraque e a Síria e está enfrentando dificuldades para lidar com o fluxo de 1,5 milhão de refugiados sírios.
Se os militantes capturarem Kobane, também conhecida como Ayn al-Arab, isso daria ao "Estado Islâmico" o controle de grande parte da fronteira entre a Síria e a Turquia.
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