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terça-feira, 30 de junho de 2015

Mundo: Marca registrada de Paris, sebos de rua estão ameaçados



Fonte: BBC 

Ao lado dos monumentos grandiosos e do clima romântico, os "buquinistas" estão entre os grandes ícones de Paris. Trata-se dos vendedores de livros raros e antigos que diariamente montam suas barracas às margens do rio Sena.
Em um negócio que data do século 15, os buquinistas são vistos como a melhor fonte para encontrar publicações que deixaram de ser editadas ou que só surgiram com pouquíssimos exemplares.
Na virada do século 17, a cidade tinha cerca de 20 desses livreiros. Hoje eles são quase 240.
Seus tradicionais caixotes verdes de madeira decoram os dois lados do Sena, indo do Museu d'Orsay até o Instituto do Mundo Árabe. A maior concentração deles está na entrada do Quartier Latin, que abriga a famosa Universidade da Sorbonne.

Turistas e tecnologia

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Mas hoje os buquinistas enfrentam uma concorrência desafiadora: a proliferação dos e-books e do acesso à internet, que reduziu as vendas e facilitou a descoberta de livros raros.
Para compensar a queda no faturamento, muitos livreiros de rua tiveram que passar a oferecer lembrancinhas turísticas, o que tecnicamente é permitido pelas leis municipais.
Mas a ideia é mal vista por alguns dos comerciantes do ramo, que acreditam que isso muda uma tradição que já foi uma das marcas registradas da cultura parisiense.

O preço do crescimento

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No fim dos anos 80, Jean-Pierre Mathias largou seu emprego como professor de filosofia para se tornar buquinista. "Quando montei minha barraca, vendia meus próprios livros... Eu adorava a ideia de continuar a discutir filosofia aqui, sem precisar dar aulas", afirma.
Mathias vende apenas livros e antigas gravuras, e se recusa a oferecer suvenires aos turistas, a cada ano mais numerosos.
"Para mim, um livro sempre será um livro, e as pessoas que gostam de livros vão continuar a comprá-los. O teatro não desapareceu por causa do cinema", conclui, sorrindo.

De quadrinhos a chaveiros

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Francis Robert vende revistas em quadrinhos há mais de 35 anos. Segundo ele, no início, a clientela vinha até ele para buscar um determinado título e, se não encontrasse, procurava na internet. Hoje ocorre o contrário: os clientes só aparecem se não acharem o que querem online.
Para compensar, Robert passou a vender lembrancinhas, como a onipresente miniatura da Torre Eiffel – e a cada ano elas tomam mais espaço em sua barraca.
Enquanto parisienses ainda aparecem para comprar um ou dois livros, a maioria dos fregueses é de turistas estrangeiros que preferem levar os suvenires do que as revistas em quadrinhos, já que muitas estão em francês.

Um emprego com benefícios

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Cada buquinista tem que fazer a manutenção e a limpeza de suas barracas. Mas fora isso, o trabalho é bastante livre.
Os vendedores fazem seus próprios horários, escolhem o que querem vender e passam o dia olhando para uma das vistas mais bonitas de Paris.
No entanto, muitos acreditam que a cidade deveria fazer mais para dar apoio à tradição enquanto as vendas caem.
Uma das sugestões é conseguir o fornecimento de eletricidade, para que os vendedores possam atuar também à noite - o que atualmente não é permitido pela Prefeitura parisiense.

Resistindo

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Bernard Carver entrou para o ramo dos sebos há 20 anos, depois de chegar do Líbano sem muito dinheiro. Ele precisou viver nas ruas e, segundo conta, preferia se confortar nos livros do que na bebida. Por causa dessa paixão, ele se tornou amigo dos buquinistas.
"Para vender seus livros, você precisa conhecê-los bem", aconselha Carver, que garante já ter lido tudo o que tem em suas prateleiras. Mas até mesmo essa técnica não o ajudou a manter as vendas.
Ele reage com raiva diante da proliferação de "artigos de camelô" sendo vendidos por seus colegas atualmente.

Solução criativa

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Muitos buquinistas vendem bugigangas "made in China", como chaveiros com a Torre Eiffel e canecas com a inscrição "J'aime Paris".
Um dos comerciantes mais jovens, Roman George, preferiu vender gravuras de anúncios antigos criados por ele e seu pai, assim como pinturas de estudantes da prestigiada Escola de Belas Artes, localizada bem atrás de sua barraca.
"Assim posso vender suvenires que são feitos na França e ligados à cultura local", afirma. Uma solução que, talvez, possa ajudar a salvar a tradição.


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