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terça-feira, 2 de junho de 2015

Azenha: Como o FBI chega à Globo






Indiciado pela Polícia Federal na última segunda-feira (1) pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsidade ideológica e falsificação de documento público, o ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, é considerado a peça chave que pode envolver ainda mais a Rede Globo no escândalo de corrupção entre a Fifa e empresas de marketing esportivo, que são investigadas por autoridades americanas.

De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, o esquema envolvia subornos e propinas entre dirigentes da Fifa e executivos do setor na comercialização de jogos e direitos de marketing de campeonatos como eliminatórias da Copa do Mundo na América do Norte, a Concacaf, a Copa América, a Libertadores e a Copa do Brasil, que é organizada pela CBF.

Segundo o jornalista Luiz Carlos Azenha, um dos autores do livro “O Lado Sujo do Futebol”, que conta como João Havelange e Ricardo Teixeira entregaram o futebol brasileiro às grandes corporações globais do ramo e lucraram com o negócio, Teixeira é um dos únicos envolvidos capaz de revelar, por exemplo, como a Globo ganhava direitos de transmissão de jogos mesmo com ofertas inferiores à dos concorrentes e, consequentemente, como era feita a distribuição de propinas.

“Isso é o que falta esclarecer e o Ricardo Teixeira é o homem-bomba. Ele sabe mais do que ninguém se os cartolas receberam propina para vender os direitos de transmissão com exclusividade. Será que o Teixeira levou dinheiro de alguma emissora? É curioso. Aconteceram muitas vezes: a empresa que fazia propostas maiores não ganhava. Alguma coisa tem aí. No Brasil, a Record já fez proposta melhor que a da Globo e perdeu. Tanto para a Copa do Mundo como para o Campeonato Brasileiro. Outras pessoas que também podem falar são o José Maria Marín e Marcelo Campos Pintos, do Globo Esporte”, esclarece Azenha em entrevista exclusiva a Paulo Henrique Amorim na noite de ontem.

Na quarta-feira (27), José Maria Marin, que antecedeu o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e outros seis dirigentes da Fifa foram presos pela polícia suíça em uma operação surpresa. Eles estavam no país para eleição do novo presidente da entidade internacional de futebol.

Na entrevista à TV Afiada, ao falar sobre o possível indiciamento de Teixeira também nos Estados Unidos, o jornalista do Viomundo e da Rede Record citou o processo de compra, pela Globo, dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002. O grupo da família Marinho é acusado, pela Receita Federal, de montar um esquema para mascarar a compra dos direitos. O objetivo seria burlar o pagamento de impostos que deveriam ser recolhidos à União pela aquisição.

“O indiciamento [nos EUA] tem quatro colaboradores que estão entregando tudo, especialmente o J. Hawilla, que sabe tudo. Na investigação, tem que o presidente da CBF, em 1996, assinou um contrato com uma empresa de material esportivo dos EUA e mais o Hawilla. Neste ano, o Teixeira era o presidente e a empresa era a Nike”, lembrou Azenha.

“O J. Hawilla já entregou ao FBI que tinha uma carta dada pela CBF que ele poderia receber a propina diretamente da Nike na Suíça. Metade ele rachou com Ricardo Teixeira”, afirmou Azenha que leu as 300 páginas do indiciamento do FBI.


Abaixo, outros trechos da entrevista:


O que pode acontecer com a Globo

“O Marín e o Ricardo Teixeira, se colaborarem com a Justiça, podem falar sobre o esquema da Globo. Eles vão ter que explicar o porquê de uma emissora, mesmo com propostas inferiores, manteve um controle tão grande sobre o futebol por tanto tempo”


Como funciona o esquema

A ISL fez na Suíça o mesmo papel que o J. Hawilla faz nesse escândalo apurado pela FBI. Era intermediário.

O papel dos intermediários é esse: receber a bolada e fazer a distribuição da propina.

Se você analisar contratos da CBF, do nada, surgiam um intermediário.

O intermediário pega o direito de transmissão – em tese só para revender para emissora – recebe e parte desse dinheiro é desviado para pagar as propinas.

Por exemplo, o contrato da Nike com a CBF em 1996 de US$ 166 milhões ao todo. O FBI apurou que US$ 40 milhões eram propina. US$ 30 milhões foram pagos para a empresa do J. Hawilla na Suíça. Ele dividiu em dois e Us$ 15 milhões ficaram para ele e a outra metade para o Ricardo Teixeira.


CPI do Futebol

“Eu duvido que o Romário chame o Marcelo Campos Pinto para depor na CPI. Acho difícil.”

“Tivemos a CPI em 1999/2000. 15 anos se passaram, o contrato da Nike foi investigado, e não se descobriu nada”


O quem vem aí

“Por tudo que li do Ricardo Teixeira, não acredito que vá acontecer alguma coisa no Brasil”

“Porém, o que vai ocorrer nos Estados Unidos é que vai render muita coisa”


Alisson Matos, editor do Conversa Afiada



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