Fonte: Novo Jornal
A crise na economia já atinge a indústria de cerâmica do Rio Grande do Norte. O setor tem encontrado dificuldade no mercado em virtude da retração na construção civil e os empresários ainda não sabem ao certo como agir diante de um ambiente recessivo. Cortes internos começaram a ser feitos, inclusive demissões, e há registro de fechamento de uma ceramista de Apodi. Diante desta realidade, o Sindicato da Indústria de Cerâmica para Construção do RN (Sindicer) preparou um evento nesta semana, para apresentar alternativas aos construtores que possam evitar desperdício durante as obras. Além de buscar um alinhamento com a questão ambiental, a proposta pode também evitar dispêndios das empreiteiras com essas sobras. O presidente do Sindicer, Vargas Soliz, afirma que a situação ainda é vista de forma amena entre os empresários, contudo admite que medidas para conter gastos estão sendo tomadas. “As empresas ligadas diretamente à construção civil já sentem o impacto negativo. Algumas iniciaram ajustes de produção e isso leva a demissões ou afastamento de pessoal por férias. Então já começa a afetar a indústria”, declara Soliz. Ainda de acordo com o presidente do sindicato, este é o segundo momento recente de crise que o setor de construção, e consequentemente as cerâmicas, enfrenta. O primeiro, segundo Soliz, foi entre 2011 e 2012, quando o problema foi a demanda. “E as construtoras reduziram a construção de novos prédios devido à menor procura”, explica. Entretanto, neste contexto, conta Vargas Soliz, o programa Minha Casa Minha Vida compensava as perdas da indústria de cerâmica na construção de outros edifícios. “Naquele momento, o Minha Casa Minha Vida ganhou força, então foi compensando”, confirma. Só que agora a crise também chegou no MCMV, com o atraso nos repasses do Governo Federal às empresas que atuam no programa, as obras também começaram a parar. “Estamos com o MCMV agonizando. É um programa que está aí, presente, mas não tão vivo como ele estava antes”, fala Soliz. O empresário Pedro Terceiro, proprietário de uma cerâmica na região de Apodi, Oeste do Rio Grande do Norte, conta que já iniciou com alguns pequenos cortes dentro da empresa, inclusive de funcionários. “Aumentou a gasolina, a energia, o salário, e eu não tive como repassar isso para o produto”, justifica. Segundo ele, além da crise econômica, a seca que ataca o sertão também prejudica a produção das cerâmicas. “O agricultor está com dificuldades de produzir e não circula dinheiro nas cidades do interior. Algumas, inclusive, têm problema de abastecimento de água”, esclarece. Terceiro diz que a situação na região de Apodi é delicada em virtude desses dois complicadores. “Uma das cinco cerâmicas instaladas na região vai fechar no sábado (ontem)”, revela, preferindo não revelar o nome da empresa. O empresário diz que este momento econômico do Brasil não permite que as empresas projetem metas ou saibam como vão sair do momento de dificuldade. “A minha preocupação com relação à crise é que não estamos sabendo até onde ela vai, porque se a gente soubesse aonde ia, começava a direcionar o futuro”. Pedro Terceiro defende que primeiro é preciso que se vença a crise política e moral, que na opinião dele é maior que a econômica, para então determinar um foco. “Existem esses impasses que dificultam a solução econômica. Não sabemos sequer dimensionar onde a gente quer chegar”.
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